Esse era o truque. Se a maçaneta não se abriu antes, ela certamente se abriria depois. Se não se abrirá depois, com certeza se abriu antes. Todas as portas têm entradas, e tudo é uma porta, caso a maçaneta abra. Às vezes abrir coisas é mais difícil do que fechá-las, embora o contrário seja mais comum. Se não for, então em breve será. Tudo a seu tempo.
-isso não é uma porta - diz o homem de muitos rostos - uma porta tem maçanetas. Essa parede não tem nada.
- Tudo é uma porta - responde o menino - Por isso é mais fácil abrir coisas do que fechá-las
- É ao contrário.
- Só na maioria das vezes.
Passos. Alguém grita algo, em outra língua. Não estão em seu reino.
- Bem - diz o homem de muitos rostos, cujo cabelo dourado cai em uma trança - é sua deixa.
O truque - a deixa - era ter um martelo em cada mão. Os passos se aproximavam. O menino conta: menos de um minuto. Talvez não fosse suficiente.
- Era uma vez - ele diz baixinho - dois martelos gigantes, capazes de transformar uma parede em uma porta.
Os martelos em suas mãos crescem e crescem. Uma prática de magia formidável, mas uma vez que o formidável se torna o normal, é preciso procurar outro formidável melhor.
Por isso, o menino quebra a parede em um único golpe duplo. O barulho alerta as pessoas de fora: agora sabem pra onde correr.
-Rápido! - o homem diz, e eles entram no cômodo escondido, revestido em ouro e pontilhado de pérolas. E no meio, bem no meio, há uma única esfera à mostra em uma pequena cama de veludo. É do tamanho de uma bola de tênis, mas brilha com as cores do arco íris.
- É isso? - ele pergunta, confuso - É isso que viemos roubar?
O homem agarra a bola com uma mão e joga o menino no chão com outra. Uma bala passa raspando por seu sobretudo. Já sabem do menino e do homem.
- Dê um jeito de nos tirar daqui, e o prêmio será seu. Só você pode manuseá-lo, de qualquer jeito.
Os soldados do reino inimigo chegam vestidos de cores diferentes. Eles apontam as armas para o homem de muitos rostos. O homem de muitos rostos ergue seu cajado.
- Me faça um favor - ele diz, e o cajado começa a brilhar em um tom de vermelho.
O menino segura a bola de tênis com força, esperando o homem dizer, no exato momento em que as armas são disparadas.
- Não morra.
……
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