_Bem... Foi mais ou menos assim... Você qué eu comece por mim do começo ou da festa?
_Pode ser da festa mesmo.
_Ah que bom! Não estava querendo contar aquela parte mesmo. - Respirou aliviada.
_Diga logo!
_Tá!? Calma pessoa... – Depois de tomar mais um gole do vinho ela inicia a história. - Chegamos lá pela meia noite. Queríamos ficar até as quatro ou cinco da manhã pelo open-bar e por que escutamos de uns outros amigos que o DJ era bom. A gente só queria curtir.
_Por essa hora eu já tinha secado uma garrafa de vodca barata com algum desconhecido. - Falei.
_A você não tem amor pelo seu fígado. – Olhou pra mim com raiva. - Mas enfim, continuando... – Me entregando a garrafa de vinho. - Ele tava meio mal com algumas coisas e pensou que beber e dançar era o suficiente pra esquecer a chata da mãe dele.
_Insuportável eu diria. – Dei mais um gole.
_Comigo nem tanto, a gente era amigo de infância. A dona Lurdina sempre achou que iriamos namorar uma hora ou outra antes de você sequer aparecer.
_Lurdina é o nome da chata?
_Pera?! Você não sabia o nome da mãe do Mathias?
_Eu me referia a ela como “aquela mulher lá...”.
_E eu de tia L.
_Hunf... Continue, por favor, sobre a festa.
_Tá acabando já. – Ergueu a mão em direção ao meu vinho.
_O vinho ou a história?
_ Ave Maria Gael, tá na metade e tu acha que tá acabando? Vê se se controla.
_Bebe logo e continua a história, preciso lembrar do jeito certo.
_Tá bom. – Disse tomando mais um gole. – Depois de uma hora de festa o Mathias foi ao banheiro, e depois de um tempo de demora e eu no bar, fui procurar, e achei vocês dois flertando, e eu até achei engraçado, por que naquele momento eu achava que ele ainda era hétero, e corri pra brigar, por que ele tinha dessas de dar em cima de brincadeira em gays emocionadas achando que ele era também, mas depois que eu vi ele beijar um cara pela primeira vez eu me assustei e meu mundo caiu. – Devaneou olhando pra cima. – Enfim... O que você fez pra ele cair na lábia sua?
_Eu basicamente fiquei olhando direta/indiretamente pra ele, e no banheiro eu perguntei se tu eras a namorada dele. – Me estendi pra pegar a garrafa. - Ele disse que era amiga e eu já soquei um “quer me beijar se não tens compromisso?” e o que você viu aconteceu. É do que me lembro.
_Foi aí que ele começou a gostar de ti. Ele sempre gostou de atitude. Eu nunca tive. Por isso no início eu tinha raiva de você também.
_Foi aí pra mim que a merda começou. – Dei um golão. - Pegar gente não assumida sempre dá problema.
_Ele sempre foi de ser reciproco até um certo ponto, depois que ele decidia se queria ou não. Isso machucou eu mais do que machucou você.
_Não é hora de vítimas. Assim como falastes, ele tem responsabilidade de tudo o que aconteceu.
_Mas você não acha que a gente começou algo pra tudo isso. – Ela se virou para a foto de novo.
_Mas nós fizemos sim algo pra tudo isso acontecer. – Falei eu me levantando.
_O que? – Disse quase chorando.
_Vivemos.
Estendi minha mão pra levantar ela dali. Ela enxugou suas lágrimas e se levantou da tumba pegando a tarrafa da minha mão e a terminando de bebê-la. Fomos andando em direção à saída do cemitério, andando como um casal apaixonado em um passeio de outono.
_Quem é o alcóolatra agora?
_Ainda é você que gasta e consome mais do que eu.
_Meu poder aquisitivo é maior, é questão de proporção.
_Não arranje desculpas, arranje um psiquiatra. Você consegue pagar por um.
_Você não tem que ir embora com sua mãe?
_Dona Benta se vira sem mim, depois eu ligo pra ela.
_Benta é o nome da sua mãe? – Perguntei curioso.
_Eu só chamo ela assim pela padaria que ela quer construir.
_Então nunca faltou pão na sua casa e você quer reclamar da minha bebida?
_Prioridades amor. A sua é morrer lentamente, a minha é ter sucesso com o meu curso de confeitaria.
_Passamos um ano juntos e eu descubro isso tudo agora?
_Agora você está sóbrio pra me escutar.
_O que vamos fazer agora? Quer que eu te leve pra casa?
_Não quero ver minha chorosa por muito tempo.
Paramos em pé perto do carro e nos encaramos pensativos por um tempo. Eu queria um bar, mas não poderia sugerir pelo sermão que eu ganharia de graça sobre já ter bebido. Ela estava com cara de fome enquanto eu a encaro. “... resolvemos no caminho...” eu penso e quando me viro pra pegar minhas chaves no bolso da frente., ..., ela me beija.
Foi calmo, foi lento, foi até nostálgico. Mas eu só estava confuso. Por que ela me beijou? Por que agora e não antes? Será que ela ainda gosta de mim? Ela quer transar? Podemos ir para um motel? Estou excitado agora? O que fazer?
Comments (0)
See all