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Diário dos Sonhos

Tudo tem um preço a se pagar.

Tudo tem um preço a se pagar.

Apr 29, 2021

Eu tinha acabado de sair da minha cidade, meu pai  tinha morrido aos 49 anos há alguns dias atrás. Eu dirigi para aquela cidadezinha para procurar um conto, um mito que nem sei se é real mas eu não tenho nenhuma escolha, nenhuma perspectiva de outra maneira de traze-lo de volta. Tudo o que eu tenho é um mito maluco que minha avó contava quando eu era criança. Um conto de um poço que realizava um desejo. O preço? Ninguém sabia. Pessoas de diversas regiões vinham de cidades diferentes para buscar aquele milagre, vinham com fortunas, com seu ouros e suas suplicas. O poço se alimentava e ficava sempre satisfeito, realizando os desejos mais fantasiosos e impossiveis, mas aos poucos todos foram se esquecendo daquele poço, como velhos deuses mortos pelo esquecimento. Eu sempre disse que eu ia encotrar esse poço quando crescesse e aqui eu estou, na entrada da cidade. Esperando que esse mito faça um milagre.

Quando chego tem um aviso bem grande. "Não vá ao poço, tudo tem um preço. O unico que faz milagre é Deus, o poço não é algo divino...". O resto esta borrado. Não posso desistir agora, vim de longe. Chego numa lojinha de comida, onde á uma senhora muito velha na caixa registradora, ela me olha e dá um sorrisinho gentil e me pergunta o que eu estou procurando. A loja é velha e bem empoirada, o teto tem infiltração e o chão é de barro, tem um aspecto sujo como aquela cidade interiorana. Uma loja fantasma numa cidade fantasma. Quando digo do poço eu vi o rosto dela se transformar num espanto, ela diz bruscamente para eu não ir.

Ignoro ela e pergunto aonde ele fica. Ela não fala e então eu saio de loja velha e empoirada e vou para o bar, lá eles me dão a informação com um aviso no final "Não vá para o poço, você não vai conseguir pagar o preço". Digo que tenho dinheiro e vou embora, eles me olham com os olhos tristes e as expressão cabisbaixa. 

Ao chegar no local do poço, não ouço nada. Nem passaros, nem animais, nem insetos esculto ali.  A unica coisa que tem é somente o um poço. Atrás do poço há algumas árvores escuras e altas, a floresta parece sombria e fria. Quando me aproximo do poço, uma voz rouca e morbita pergunta em alto e bom som.  

-Quanto vale seu desejo?

Me aproximo mais do poço até ver o que há dentro do poço, a água escura e podre reflete meu rosto palido. Eu estou com medo, mas é tarde demais para voltar. E antes que eu pudesse conter minhas palavras elas escapam de minha boca, eu sabia o preço o tempo todo. Desde que eu cheguei na cidade.

-Vale a minha vida.

Sinto a voz ficar mais suave, como se ela tivesse gostado do que tinha ouvido. A água fica mais turva e se remexendo e de lá vejo o rosto meu pai, refletindo no fundo daquela água podre. Ele sorri para mim. Meu pai sabe do meu desejo. Aos poucos, o meu pai vai escalando com um sorriso e os olhos vidrados em mim. Sua pele está cinza e ele está subindo cada vez mais rapido. Quando ele sai, o poço diz feliz: 

-Aqui está o que você pediu, agora pode voltar. Eu irei te cobrar quando for a hora.

Quando estou voltando o meu pai mal fala. Parece que sua pele é feita de argila, seu sorriso forçado me assusta aos poucos, mas seus olhos são o que me aterroriza, aparece tão mortos como eu vi na ultima vez. Sua voz não é mais a mesma, é fria e tremida. Quando saio dali, sinto como se fosse vigiado. Olho para trás, para aquelas árvores escuras e vejo uma coisa estranha. Um olho flutuando. Fecho os meus olhos e abro rapidamente e não a nada. 

Continuo dirigindo para o carro e voltando para casa. O meu pai só me olha e ainda tem aquele sorriso estranho no rosto. Atrás do meu banco, sinto a mesma sensação a viagem inteira para casa. Cada retrovisor que eu olho, cada canto que eu olho sempre tem a mesma coisa. Um olho, que me olha vaziamente.Um olho com a iris branca,mal parece que tem algo ali. A unica coisa que denuncia é a pupila negra como um buraco negro, parecendo que suga cada vez a minha sanidade.

Quando chego em casa, minha mãe olha aterrozida e minha vó me abraça. Agora, ela sorri como meu pai. Um sorriso tão estranho e tão desconfortavel. Todos estão me olhando, todos sabem que eu vou morrer, mas eu não ligo. Eu trouxe meu pai para casa. Eu salvei da morte. O jantar é desconfortavel, todos comem em silêncio. Minha mãe agora sorri igual a minha vó, ela não para de olhar para mim. Todos da mesa olham para mim com aquele sorriso. A casa olha para mim, cada canto que eu olho, olho esta ali. Ele não vai me matar ainda. Só me olha com ternura para mim.

Quando vou para meu quarto, minha avó beija meu rosto e continua olhando para meus olhos. Seus olhos que eram azuis, agora estão brancos. O mesmo com a da minha mãe. Seus sorrisos mais largos e mais brilhantes, seus rostos estão esperançosos, eu sou o salvador. Eu salvei toda minha familia. Todo mundo sabe disso.

Ao me deitar, um sorriso aparece ao fundo do meu quarto, numa fresta do quarto. Depois vêm os tais olhos, eles enchem cada vez mais a silhueta, olhos diferentes de cores diferentes. Cada espaço que eu vejo daquela silhueta tem um olho. Quando a silhueta, chega na minha cama, eu grito o mais alto que dá. Grito ao ponto das minhas cordas vocais se partiram, eu vou morrer, não tem escapatoria. Minha vida passa devagar e escorregadia pelas minhas mãos, o desespero aflora. Então vejo minha mãe, meu pai e minha avó juntos na cama. Primeiro, eles cuidasamente enfiam os dedos nos meus olhos, fazendo uma pinça e arrancando devagar, ouço meus olhos estourando entre os dedos deles, ouço a respiração profunda e as gargalhadas. Eu sou o salvador não sou? A dor me consome e então percebo que minhas pernas estão sendo arrancadas.



No dia seguinte a noticia da primeira pagina do jornal é marcada por uma tragedia. Uma familia é todo morta, seus olhos são arrancados e estão sumidos, a policia tão incompetente não foi encontraram as pernas do filho do casal e partes do corpo dos familiares. O filho do casal foi encontrado morto e sua boca foi arrancada. Tudo que acharam é uma água podre e parada nas panelas de comida e no chão do quarto que está misturado com o sangue da familia. Na parede está escrito com sangue dos cadaveres.

 "Tudo tem um preço a se pagar".
jujubetmadalecio
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Sonhos, pesadelos e alguns contos estranhos. Aqui será anotado sonhos levemente modificados que eu tive e que dariam um belo conto.
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