Takeshi corria pelas ruas estreitas da cidade, com a chuva caindo forte e o vento cortante, quase como se quisesse derrubá-lo a cada passo. Ele olhava para o relógio na torre: 23:58. Estava quase chegando em casa. A virada de ano estava próxima, e uma memória distante surgiu em sua mente. Durante o último Réveillon, ele havia lido algo curioso em uma folha amassada, algo sobre um mito antigo que ninguém mais sabia. Mas ele também perdeu a folha, depois que um cachorro a comeu.
"Na noite de virada de ano, quando o relógio bater à meia-noite, os deuses de todos os lugares do mundo olham para a Terra, observando as festas e as celebrações. Se você levantar a voz e pedir algo com o coração, talvez eles possam escutar você."
A chuva se intensificou, e Takeshi, sem perceber, olhou para o céu e, sem pensar, gritou:
— Por favor! Eu desejo um novo mundo, onde não exista tanta maldade! —
Ele parou de correr por um momento, sentindo o peso da realidade. Era só um mito, nada mais do que uma história inventada para dar esperança. Nada disso aconteceria, e ele sabia disso. O vazio tomou conta de sua mente, e ele baixou a cabeça, começando a andar novamente, cansado e desapontado. Seus passos ficaram mais lentos, como se cada movimento fosse um lembrete da inutilidade de seus desejos.
Enquanto caminhava, um som de algo se rasgando em sua mente o interrompeu por um instante. Mas não era nada, apenas mais uma ilusão. No entanto, no céu, sem que ele percebesse, cinco estrelas brilharam com intensidade, refletindo uma luz que nunca antes tinham mostrado.
Quatro meses se passaram desde aquela noite chuvosa. Takeshi havia esquecido o mito, e a virada de ano parecia apenas uma lembrança distante.
19 anos sendo um nada. Trabalhando feito um escravo em uma empresa que me tratava como lixo. Me esforcei, me humilhei, tentei subir... Mas, no final, eu era só um peão descartável.
Foi então que desejei algo novo. Um mundo onde eu tivesse poder, dinheiro, respeito. Onde ninguém pudesse me pisar.
E, de alguma forma, meu desejo foi atendido.
Mas não do jeito que eu imaginava.
Agora, estou em um mundo onde a sobrevivência é um jogo brutal e as regras nunca são justas. Guerras invisíveis, traições a cada esquina, sangue manchando as mãos daqueles que hesitam. Se eu quiser viver, vou ter que aprender rápido.
E o pior de tudo? Parece que, mais uma vez, alguém quer me usar.
Eu pensei que tudo o que queria era liberdade. Mas, a cada escolha, a cada ato de vingança, começo a questionar: estou me tornando um monstro... ou sempre fui um?
Neste novo mundo, a única certeza que tenho é que, para sobreviver, vou precisar perder mais do que jamais pensei ser possível. Cada sacrifício me devora
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