Entre todas as coisas que a vida humana já apresentou, as lendas são algo supérfluo para uns e para outros é algo que vêm como um grande presságio, mostrando o que a tanto tempo havia sido escondido dos nossos olhos humanos e perdidos. Entrelaçados nas almas humanas haviam os Guardiões. Os Guardiões só podiam ser vistos pelos olhos de um julgador errante ou pelo mais inocente mortal. Eles eram seres que apenas poderiam ser vistos a noite, escondiam o rosto por debaixo de seu capuz, tinham um par de chifres e uma aureola que camuflava sob o céu negro. Peregrinos, eles caminham entre os homens como um velho e às vezes como um homem comum, dedicando a vida para a proteção do céu e da terra.
Há muito tempo um guardião desceu a terra na forma de um peregrino, estava desconfiado, pois fazia dias que as noites estavam mais escuras e as ruas do vilarejo mais desertas, porém, alguns homens ainda ofereciam um pouco de bebida para os que passavam. O Guardião então entrou e ocupou a primeira cadeira do bar, perto do que antes era uma porta. E por aquele vão ele observava os homens e mulheres que passavam. No outro lado do vilarejo havia um casa sendo consumida pelas violentas chamas, e os gritos vinham como um nada entre o estalar das chamas em cada canto da casa.
A mulher e suas filhas que estavam entre as chamas gritavam incansavelmente por socorro, mas a casa era isolada e quase ninguém ouvia. Então entre as chamas se formava um rosto distorcido com maquiavélico sorriso que tratava de rasgar ainda mais o rosto desfigurado. E como um sussurro ele falou.
- O Guardião, onde está o Guardião! Ele irá pagar por tudo que eu passei naquele maldito lugar, ele não é Juiz, e muito menos o executor!
E as chamas se sobressaíram no telhado o Guardião logo pressentiu algo estranho e se levantou indo em direção a fumaça, atrás dele tinham curiosos que o seguiam guiados pelas luzes caseiras que se apagavam, como um grande corredor indicando isolamento. Quando chegou o fogo ainda se alimentava e os gritos não paravam, apenas ficavam mais distintos. Então quando estava em direção a casa, um homem entrou sem pestanejar no fogo, o Guardião o perseguiu e entrou junto com ele. Quando entraram encontraram a mulher totalmente diferente, com os olhos negros como a noite sendo devorada pelas chamas, enquanto ela os observava friamente.
- Asuna! Não!
No primeiro passo, Asuna desapareceu por completo diante dos olhos do homem que lhe amava, ele caiu de joelhos diante do fogo, sem acreditar no destino horrível de sua esposa. Logo eles ouviram uma risada, e uma figura se formar entre as chamas que naquele momento se tornaram um grande lençol inflamável azul com um olhar frio e escuro. O Guardião se revelou através do corpo mortal e avançou com rapidez para cima do Demônio quebrando a parede da casa, mas o Demônio desapareceu entre os fragmentos da parede, desaparecendo no ar.
O homem, acolhido pelas filhas, olhava para o vazio dos destroços incendiados, como se tudo aquilo fosse um pesadelo, um pesadelo que arde, fere, machuca e rouba aquilo que não lhe pertence. Ele observava a figura a sua frente e eles se entreolham, mas o homem diz.
- Ela se foi... Até agora não me parece verdade. Ainda quero acreditar que quando eu fechar os meus olhos, ela estará presente em um novo dia. Mas ela se foi.
O Guardião que olhava para ele se virou e observou a lua.
- Creio que seja sua culpa. Você é igual as lendas que minha mãe dizia, te chamavam de Guardião. Mas você não é nada, deixando coisas assim acontecerem.
- Isso é apenas luto, vai passar.
- Não, não é luto! É a revolta de saber que vocês ainda são considerados lendas, protetores.
O Guardião revoltado com o que o homem dissera chegou perto dele mostrando imponência.
- Cala a boca, você não sabe o que diz.
- Eu sei. Sei o bastante para te desafiar e provar o quanto eles estavam errados sobre você.
- Então, você sabe onde me encontrar quando cometer o seu erro!
Como o vento, o Guardião se dissipou e deixou-se levar pela despedida. O homem não entrou em desespero por enfrentar um Guardião apenas olhou para suas filhas e entrou no seu quarto. Por dias, o homem treinou duro, deixando marcas da sua força espalhadas nas paredes do quarto, os espirros de sangue marcavam a sua sobrecarga sempre visando a vontade de se livrar do Guardião. Todas as noites o demônio, agora chamado de Azazel, observava o homem em seu árduo treinamento, até que um dia ele parou de observar e desceu como um homem para lhe oferecer uma proposta para torná-lo mais forte para o Guardião.
Mas um sacrifício teria que ser feito: Teria que abandonar a suas filhas, abraçando o remorso e a solidão. E assim ele fez uma noite depois, deixando em uma floresta perto do vilarejo dando-lhes apenas dois apenas dois amuletos, presentes de sua falecida esposa. Logo abraçando os poderes que Azazel lhe dera e indo de imediato ao encontro com o Guardião e o ameaçando.
Então como uma divindade, o Guardião desceu com a sua lança e uma batalha foi travada. Dizem que o homem conseguiu derrotar o Guardião, não se sabe. Sabe-se apenas que todas as noites, um leve eclipse para sobre a vila, dizendo aos migrantes e veteranos que o Guardião jamais voltará.
Mas é o que eu digo: Nunca confie nas palavras de uma lenda...
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