Womanizer, uma palavra do meu tempo que não significa merda nenhuma aqui.
Ainda assim me vejo aqui, sentada sozinha em meu quarto, encarando o nada e pensando nesse termo.
Womanizer.
Meu marido é um womanizer…
Que sorte a minha, não é mesmo?
Só bastaram meu pai, o dito cujo Womanizer, duas procurações e um bando de clérigos corruptos para me casar com a merda desse idiota!
E Eu nem ao menos fiquei sabendo disso antes.
Meus pais apenas me chamarem depois de tudo resolvido e boom! "Parabéns Sabrin, você está casada!”.
Casada e pronta pra me mudar para uma linda e belíssima residência em uma terra que todos os nobres desprezam.
Por quê desprezam? Simples. É uma terra cheia de monstros!
Graças as minas de Enerclon, os monstros se amontoam lá como formigas em volta de um formigueiro.
E vou me mudar para lá, para a terra de monstros!
Junto com meu marido, que é um Womanizer.
Claro, ele teve escolha, eu que não tive.
O Womanizer é filho ilegítimo do Rei e foi adotado por seu tio, o Grão Duque de Arterrus e sempre foi tratado com muito carinho e dedicação por ele... E claro, bastante mimado.
Ao contrário de seus meios irmãos, os Príncipes Legítimos, ele tinha talento para magia. Muito talento para magia. Bastante!
O suficiente para que ele nem precisasse se preocupar em saber como brandir uma espada ou se comportar devidamente.
Quem iria contra a pessoa que virou o Arquimago mais jovem do império? De todos os tempos? E, provavelmente, o mais poderoso entre todos que já existiram.
Uma pessoa que podia até virar rei se construísse suas relações corretamente, ou manipulasse bem o perigoso jogo dos nobre, mas...
…
O merda era um Womanizer que começou sua fama com apenas 14 anos!
E que a construiu cada vez mais nesses últimos 6 anos. Construiu tanto que até essa sociedade machista simplesmente não conseguiu ignorar a situação e começou a isolá-lo!
As casas nobres não podiam mais ignorar um cara que simplesmente passava o rodo em suas filhas e até as faziam perder sua "castidade".
Que merda de ser humano era aquele?
Uma merda tão grande que precisou fazer o rei se intrometer e prometer um casamento para ele.
Ganhou o título de Duque, um ducado independente e promissor, uma mulher e boom! Tudo o que ele tinha que fazer era negar que havia interesse na coroa e deixar seu meio irmão mais velho assumir o trono em paz.
E eu iria conhecê-lo em alguns minutos. Em uma pequena cerimônia para oficializar o que já estava aceito e escrito.
…
Por quê isso tinha que acontecer comigo?
…
- Milady, esse vestido foi entregue logo ao amanhecer.
Esty, minha única e adorável criada disse, segurando um vestido vermelho real e branco. Ele era incrustado com rubis e uma safira de um bom tamanho no centro do decote.
Era uma peça que minha família jamais poderia comprar ou tivesse interesse em me dar.
- Obrigada, Esty. - Eu disse enquanto me levantava para que ela me ajudasse a me vestir.
- A Baronesa disse que esse parece ser o gosto do seu marido.
- Pélo visto, além de mulherengo ele tem uma mão muito leve para gastar dinheiro.
Esty riu.
- A senhorita é sempre tão gentil com as palavras…
Nós duas rimos.
- A senhorita não vai precisar se preocupar com dinheiro, pelo menos.
- Somente com todo o resto, não é mesmo?
- Bom... Ele é forte, não? Então invasões no seu território também não serão um problema.
Apenas os monstros.
- Sorte a minha.
Esty riu.
- Você está deslumbrante, minha Lady.
Me olhei no espelho.
Meu cabelo, cor de cobre, está preso em um coque simples, enfeitado com duas tranças complexas. Eu usava um pouco de maquiagem em meus lábios, o que os deixavam vermelhos e com impressão de serem ainda maiores.
O vestido havia caído bem em mim, combinando com minha pele morena. Mas as jóias da vestimenta não combinavam com os brincos baratos que eu usava.
- É, eu estou. Pena que é para aquele pedaço de merda.
- Você consegue, Milady! - Esty disse em um tom nada animador.
Eu ri. Estava na hora de ir.
- Por favor, prepare as minhas coisas. Soube que teremos que sair depois que a cerimônia for finalizada.
- Tão cedo?
Respirei fundo.
- O Rei e os príncipes morrem de medo dessa Coisa. Eles só querem assegurar que o casamento é válido e fazer com que o idiota saía do Reino logo.
- Que família amorosa, não é, Milady?
Eu ri mais uma vez.
Ainda que eu estivesse rindo, eu estava nervosa.
Eu sabia como ele era, tanto na aparência quanto na personalidade. Minha irmã mais velha parecia ter uma pequena fixação por ele e não havia parado de falar sobre o Womanizer nem sequer por um momento durante um mês.
Mas o que mais me chateava era que a Cerimônia consistia na benção do Clérigo, troca de votos dos recém casados, união dos desejos e então...
Esse era um mundo de magia, então era claro que haveria magia em uma cerimônia tão importante quanto um casamento.
Depois da "União dos Desejos", um Clérigo colocava um bracelete no pulso dos noivos e os abençoava.
O bracelete só sairia do pulso somente depois que o casal consumassem o casamento definitivamente, ou seja, transassem.
Então a jóia ficaria dourada e o bracelete caia de seus braços.
Ótimo.
Sistema perfeito e maravilhoso... Só que não.
Era claro que eu não era virgem.
Nem aqui e nem na minha outra vida. Mas eu também não havia passado a noite com alguém aleatório que eu não conhecia... Ah, é, teve aquela vez…
Bom, a questão é que fazer com um Womanizer de carteirinha não me pareciam a melhor coisa do mundo.
- Força Milady! Pense pelo lado positivo…
Parei em frente a porta e olhei em direção a Esty.
- Lado positivo?
A criada riu maliciosamente.
- Dizem que é um ÓTIMO amante…
Corei mais do que deveria, enquanto Esty ria no fundo.
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