O primeiro de abril. O dia perfeito para pregar peças, contar mentirinhas inofensivas e… se declarar para a garota que você gosta sem medo da rejeição?
Yamada encarava seu reflexo no espelho do banheiro da escola, as mãos suando frio.
— Beleza… Só chegar nela e falar: "Mami, eu gosto de você. Quer namorar comigo?" Se ela rir e recusar, eu falo que é só uma brincadeira. Se… se por algum milagre ela aceitar… aí… aí eu…
Ele não sabia o que aconteceria se ela aceitasse. Não tinha pensado tão longe.
Respirou fundo, estalou os dedos e saiu da escola em direção ao portão, onde Mami sempre esperava as amigas antes de ir embora. Lá estava ela, encostada na grade, mexendo no celular, o cabelo castanho balançando suavemente com o vento.
— Ah… Merda, ela tá bonita demais hoje…
Mas já tinha ido longe demais para desistir. Ele caminhou até ela, cada passo parecendo pesar toneladas.
— Oi, Mami.
Ela ergueu os olhos do celular.
— Oi, Yamada. Alguma coisa?
Ele engoliu em seco. Era agora ou nunca.
— É que… eu queria te falar uma coisa importante.
— Hm?
— Eu… eu gosto de você! Quer namorar comigo?!
Silêncio.
O coração de Yamada batia tão forte que ele achou que ia desmaiar. Ele já estava preparando a desculpa, pronto para falar um "haha, pegadinha de primeiro de abril!" e fugir dali o mais rápido possível. Mas então…
— Ahahah, essa foi boa, Yamada. — Mami sorriu. — Tá bom, vamos namorar.
— Hã?
Ele piscou várias vezes, sem entender.
— O que foi? Você que veio zoar, agora aguenta, né?
Yamada percebeu. Ela achou que ele estava brincando.
Ou seja… ela aceitou o namoro porque achou que era mentira.
— Ah… aham! É isso aí! Então agora a gente tá namorando!
Ele riu nervosamente, e Mami fez o mesmo.
— Beleza, então. — Ela se inclinou um pouco para ele. — Agora como meu namorado, você tem que me levar até o metrô.
— C-Claro!
Os dois começaram a caminhar lado a lado, um silêncio estranho se instalando entre eles.
"Tá… E agora? A gente tá namorando? Mas ela acha que é brincadeira… Mas se eu disser que é sério, ela vai perceber que eu me declarei de verdade…"
Yamada sentiu o rosto queimar. Ele estava namorando Mami. Mas era um namoro de mentira. Ou talvez não?
Enquanto caminhavam, Mami olhou de canto de olho para Yamada e sorriu de leve.
— Você tá tão quieto, namorado. — Ela enfatizou a última palavra com um tom provocador. — Tá nervoso?
— N-Não! Claro que não! — Yamada respondeu rápido demais, o que só fez Mami rir.
— Poxa, que pena. — Ela suspirou, fingindo decepção. — Pensei que você ia segurar minha mão…
— O-O quê?!
— Ahaha, olha essa cara! — Mami cutucou o braço dele. — Relaxa, Yamada, tô só brincando.
Ele soltou um suspiro aliviado, mas seu coração ainda estava acelerado.
"Essa garota vai me matar do coração antes de chegar no metrô…"
— Mas pensando bem… — Mami continuou, inclinando um pouco a cabeça. — Se a gente tá namorando, isso significa que posso te chamar de "Yamada-kun", né?
— A-Ah… pode, eu acho…
— Ou melhor… "Querido"?
— QUÊ?!
Yamada tropeçou no próprio pé e quase caiu, mas Mami segurou seu braço, rindo mais ainda.
— Ahahah, sua reação foi muito boa! Eu devia ter gravado!
— Para de brincar com isso… — Ele murmurou, desviando o olhar.
Mami ficou alguns segundos em silêncio, observando-o. Então, sorriu de um jeito mais suave.
— Hmm… Querido.
Dessa vez, ela falou baixo, mas com um tom tão doce que Yamada sentiu o rosto ferver.
— M-Mami…
— Oho? Tá ficando vermelho. Você não aguenta uma brincadeirinha, hein, Yamada-kun?
Ela parecia estar se divertindo muito com aquilo. Mas, por trás da provocação, Yamada notou algo nos olhos dela…
"Será que… ela tá gostando disso de verdade?"
Esse pensamento fez seu coração disparar ainda mais.
— Bom, chegamos. — Mami parou na frente da entrada do metrô e se virou para ele. — Valeu por me acompanhar, namorado.
Ela piscou para ele antes de se virar para ir embora.
— E-Ei!
Ela parou e olhou para ele com curiosidade.
— O que foi? Tá com saudades já?
Yamada apertou os punhos. Ele sabia que deveria apenas rir e deixar a brincadeira morrer ali… mas por algum motivo, não queria que terminasse assim.
— A gente… vai se ver amanhã, né?
Mami piscou, surpresa, mas logo sorriu.
— Claro. Meu namorado precisa continuar me mimando, né?
Ela acenou e entrou no metrô.
"Isso é um namoro de mentira… certo?"
Mas então… por que ele estava sorrindo como um idiota?
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