PARA CASSIA! MUITOS COMEÇOS E QUASE NENHUM FIM.
- Amor!
- Hum? - sorrio.
- Eu sei que já conversamos sobre isso - você dá de ombros - Mas... Um dia eu ainda vou saber a verdade? - seus olhos são tão bonitos, eu tenho vontade de te dizer isso o tempo todo.
- A verdade? Meu bem!
- Do porquê me beijou naquele dia.
- Huuum... - penso - Você tem certeza que quer saber sobre isso? - você confirma com a cabeça, eu temia essa resposta - É uma história meio longa e... Meio doida também.
- Você sabe que não é isso que vai me impedir de querer saber, não sabe? - aaah, esse sorriso, o que esse sorriso não me pede rindo que eu não faça me lamentando?
- Vamos nos sentar então, vou te contar toda a história, a verdadeira dessa vez - nos sentamos coladinhos no sofá, só que não é o suficiente, nunca é, você me abraça pela cintura, me fazendo sentar em seu colo, rio, posso ver em seus olhos a sua ansiedade e a curiosidade que lhe toma - Antes... Vai ter que me prometer uma coisa... Uma não, duas - você concorda com a cabeça quando mostro dois dedos a sua frente - A primeira, é que não importa o quanto minha história seja insana e/ou maluca, você não pode, em hipótese alguma, me jogar em um sanatório e nem me largar por causa disso - risadas, seriedade aqui, meu amor - Promete...
- Kkkkkk. Prometo!
- Promete o que?
- Kkkkk, que eu não vou te jogar num sanatório e nem vou te largar, kkkkkk - cruza o mindinho com o meu que quase enfiei em sua cara, mais uma imposição que uma promessa - E a outra coisa? - eu respiro fundo antes de te responder.
- Vai ter que se esforçar um pouco para tentar entender o que tava acontecendo, não só entender a história, tem que tentar entender tudo do meu ponto de vista, tá bem?
- Tá bem! - balança a cabeça concordando. Você está bem mais sério agora, acho que eu preferia quando você estava sorrindo, talvez fosse mais fácil assim.
Estou nervoso, não vai ser nada fácil explicar tudo, te dou um selinho e respiro fundo.
- Essa história começa num sábado de manhã. O despertador, o mesmo vermelho, modelo vintage, que ainda guardamos na escrivaninha, toca.
TIIIIIIRIIIIIM TIIIIIRIIIIIIIM CARALHO (é assim que eu escuto esse despertador tocar, principalmente, quando eu demoro acordar).
Ah! O velho despertador, tão chato… Mantenho-o por perto para me recordar das coisas boas que vivi, só que como naquela época eu ainda estava vivendo e não sabia o quanto aquilo seria importante para o meu futuro, apenas dei um soco com todas as forças que o meu sono me permitiu dar naquela MISÉRIA DE DESPERTADOR ENCAPETADO QUE TEM MANIA DE ME ACORDAR NA MELHOR PARTE DO MEU SONO. FI DE RAPARIGA DOS INFERNO.
Ok, acalmei! Pasmem-se, o despertador não quebrou, tão pouco parou de apitar. Era impressionante, teria que levantar para atacar aquela porra pela janela eu mesmo. Não se preocupe, hoje em dia não meto mais a porrada no despertador, como eu mesmo disse, eu já consegui entender sua importância.
Eu me levanto, puto, cato o despertador do chão, aperto, delicada e debochadamente, o botãozinho para o fazer calar a boca e volto para cama. Eu tenho escola, eu sei que eu tenho ou eu acho que eu tenho, por que existia a mínima chance de ser sábado. Independente de ser ou não sábado, eu ia voltar para cama e ia dormir por mais uma meia hora, pelo menos.
Quando eu me aconchego, de novo, debaixo das cobertas, sinto alguma coisa que não estava ali antes. Começo a tatear para ver o que é, isso é... Pele? Isso é um CORPO? Isso é um HOMEM? Tem o corpo de um homem na minha cama? Na minha cama, o corpo de um homem? Um homem com corpo na cama que é minha? MEU DEUS! Abro os olhos o máximo que posso, meu sono ainda é muito pesado, eu mal consigo enxergar. Aquele corpo se remexe e me abraça cintura.
Isso é um sonho, é óbvio, só pode ser um sonho, com certeza, só em um sonho que eu teria alguém na cama comigo. Isso É um sonho, um sonho muito carente, mas ainda assim um sonho, e tudo bem, sonhos são malucos mesmo, tá tudo certo, nada de errado, não vou surtar, eu não preciso disso.
- Volta a dormir amor, hoje é sábado - o sonho fala com a voz rouca, parece tão cansado e sonolento quanto eu.
Bem, se isso é um sonho, e é óbvio que é um sonho, eu devo voltar a dormir para acordar de verdade e, como o sonho mesmo disse, é sábado. Relaxo o corpo, deixo o sonho me abraçar e adormeço.
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