Um ano depois do “resgate” de Catrina, ela já estava se sentindo praticamente em casa. Mas, continuava conversando sozinha, quer dizer, “com seus pais”.
- Diamante, pode levar a comida da Catrina?
- Sabe que ela não precisa mais disso, né?
- Sim. Mas ela não sabe.
- Como desejar, minha Cosmos...
Diamante vai até à C-7, onde Catrina está e bate na densa porta de metal.
- Catrina... Comida! - chama Diamante enquanto abre uma pequena portinha na porta.
- Miau, miau. Eu sou um gatinho! Eu quero carinho! :3
- Ah é? Mas é claro... – Diamante coça o queixo de Catrina - Só se for uma gata LOUCA! – ele dá um “peteleco” no nariz dela.
- Ai! Eu não sou louca... Sua realidade só é diferente da min... – Ela viaja em seus pensamentos até que Diamante cutuca sua cabeça com sua lança, lhe chamando a atenção.
- Para de viajar aí e come!
- Tá bom...
Diamante volta pro seu lugar ao lado de Cosmos.
- Cosmos... O que você vê nessas pessoas pra tratá-las desse jeito?
- Acredito que toda forma de vida tem seu valor... Acho que por pior que a pessoa seja, ela ainda tem jeito de se arrepender e voltar atrás...
- Sei não, Cosmos... Acho que é você que não tem jeito...
Cosmos “tenta dar” um carinho na cabeça de Diamante enquanto dá uma risada serena e calma.
Enquanto isso, na cela de Catrina...
- Mãe... Pai... Por que eles acham que eu sou louca?... É... Eu sei... Mesmo assim, por favor não me deixem... Vocês são os únicos que me entendem... – diz Catrina enquanto chora agachada.
3 anos no futuro. Cosmos consulta o Olho do Tempo e vê que o próximo Element será herdeiro da realeza do Ar, em que só a rainha era a Elemental do Ar. E ela vai no mesmo esquema: vai ao reino, anuncia, pede preparo, dá a responsabilidade e vai embora. Sem clímax. Foi bem simples.
Ainda faltam 5, e só 4 tinham (ou vão ter) herdeiros... Era algo realmente complicado de se administrar. (lembrando que são 8 no total)
2 anos no futuro. O comunicador entre Cosmos e Diamante toca.
- Cosmos, se lembra da “Poção da Vida”?
- Sim... Quê que tem?
- ELA TÁ PRONTA!
- Oh! Chuchu beleza! Justo quando estava precisando! Por favor, teletransporte pra cá! E... Você poderia vir também? Vou precisar de ajuda...
- Tô indo!
Diamante chega e junto a ele, um pequeno vidro com um líquido azulado.
- Vamos! Temos alguns Elements a criar! – diz Cosmos com entusiasmo.
Primeiro eles vão para o povo da Eletricidade. O Elemental da Eletricidade não tinha herdeiros biológicos (porque ele se casou com outro homem), mas tinha 3 filhos e 2 sobrinhos adotivos. A nova Elemental, Jaynny, seria mais uma dessa família antes formada só por homens. Ela foi criada já com 2 anos de idade para evitar cuidados maiores. Agora estão em 4.
Dali, Cosmos e Diamante vão para o Povo do Fogo. Já que a Elemental do Fogo já tinha sua herdeira, seria necessário criar um novo.
Pra sair um pouco do padrãozinho repetente de só haver meninas, Cosmos decide criar um garoto.
O Povo do Fogo é conhecido como uma das terras mais violentas de Elementia (ficando atrás somente do Reino da Escuridão) então isso deixou Cosmos aflita. Ela achou um lugar que era mais afastado da cidade e, consequentemente, mais seguro. Um vulcão (é a casa das pessoas de lá) simples, porém confortável. Era um lugar legal...
Escondida, ela o criou já com 5 anos, pra que pudesse se cuidar sozinho mais facilmente (já que morava totalmente sozinho). Depois de “existir”, simplesmente deitou e dormiu.
- É nas mãos desse cara que tá o futuro desse planeta? – pergunta Diamante.
- É... Deixa ver aqui... – ela consulta o Olho do Tempo e tudo o que vê é destruição, gritos e explosões – Socorro... Bem... Acho melhor deixar isso pra outra pessoa...
A partir daí, ela cria outra criança (que essa é a Elemental do Fogo agora), Fire (a pronúncia é “Fiuri”), também criada com 2 anos para evitar cuidados maiores. Cosmos olha novamente no Olho do Tempo e vê que a situação foi amenizada.
Ela segue viagem para sua próxima parada: o Povo da Água.
Mas enquanto isso, na casa dos Foguíneos...
- É... Oi. – Holt tenta bater papo com a nova irmã, mas falha. Ela ainda não sabe falar.
- Bem... Você consegue fazer isso? – Holt faz uma pequena chama sair de seu dedo. Fire tenta, se esforça, mas não consegue.
- Own... Tenta fazer outra coisa. – ela tenta de novo e não consegue.
- Você não tem poderes? É isso? – Fire responde com gesto de dúvida (algo como: ˉ,(•¬•),/ˉ).
- Você é importante demais pra ficar assim... Já sei... - Holt abraça a irmã – Pega meus poderes... Quantos você quiser...
Fire abraça o irmão com mais força e pega “alguns poderes” dele. Como perdeu a maioria de seus poderes, ao tentar se levantar, fraqueja e cai.
- Acho que vou me acostumar com isso... E... Aliás, tenho que achar uma roupa pra você... – diz Holt enquanto tenta levantar e percebe que sua irmã estava peladinha.
Holt veste Fire com sua camisa, que nela mais parecia um vestido. Ele também nota que o cabelo dela ficava caindo sobre seu rosto e que isso a incomodava. Com isso em mente, faz duas marias-chiquinhas desajeitadas, tudo torto nela.
Sabendo de sua importância, ele deixa Fire em casa enquanto sai pra procurar comida. Como disse antes, esse povo é o segundo mais perigoso de Elementia, então isso era o melhor a se fazer.
Ele vai parar no centro da cidade, onde é o único lugar onde há comércio. Ao chegar lá, se dá conta que não tem dinheiro algum e tenta achar um jeito de achar comida.
- É... Licença... - Holt chega pra uma cidadã da cidade – Você poderia me ajudar aqui rapidinho?
- Sim. Em que posso te ajudar?
- Você não teria algumas roupas pra me dar... A única blusa que eu tinha eu dei pra minha irmã...
- Hmm... Vem comigo. Deve ter alguma coisa dos meus filhos que eu possa pegar pra você.
- Também tem minha irmã.
- Oh, sim pra vocês, então. Aliás, qual seu nome?
- Acho que é Holt.
- Ok, Holt! Vem comigo!
Ele acompanha a moça até uma grande casa. Aparentemente a maior daquela rua. Crianças, nunca façam isso.
Lá tinha vários porta-retratos com fotos de família. Holt fica lá parado observando.
- Lindas, não?
- Amnn... É. São... Legais. – Holt fala meio sem graça.
- Meu filho, filha e marido morreram durante a guerra... Essas fotos me ajudam a lembrar de como era bom ter eles ao meu lado... Agora estou sozinha aqui nessa casa enorme...
- Legal. E as roupas? – Holt interrompe a moça friamente, talvez porque ele nasceu naquele dia e nunca viu a morte. Não sabia nem quem ele era direito.
- Ah... É mesmo... Vem aqui no quarto.
A mulher tira umas caixas do guarda-roupa e as põe em cima da cama. Eram as roupas de seus filhos.
- Pegue quantas precisar!
- São meio grandes, não?
- Bem... você poderia pegar algumas e esperar crescer! E... espera! Porque você esta me pedindo roupas? Por que não pede aos seus pais?
- O que é isso?
- O que?
- “pais”?
- Ai, nossa... É... Pais são quem nos deu a vida ou pode ser alguém que cuida de nós!
- Então eu sou um pais da minha irmã?
- Errr... Não. Não é isso... É complicado demais pra explicar! Então... Me diga: você mora sozinho com sua irmã?
- Sim.
- Olha que coincidência! Eu também! O que acha de você e sua irmã virem morar aqui comigo?
- Não.
- Ok... Então pode pegar essas caixas e...
- Tchau! Valeu pelas roupas!
- ...volta pra cá um dia...
Holt vai embora e no meio do caminho para, olha para a moça e volta correndo em sua direção.
- Oh! Eu sabia que mudaria de idé...
- Se importa de me dar dinheiro pra comprar comida também?! – interrompe Holt gritando com entusiasmo.
- Não. Quer dizer, sim. Eu me importo. Adeus! – a mulher fecha a porta na cara do garoto.
Holt senta no meio-fio da calçada e vasculha uma das caixas que ganhou. De lá tira uma camisa e um par de tênis vermelhos. Estavam um pouco grandes... Mas davam pro gasto.
Na volta pra casa, o estômago de Holt começa a roncar (até porque não come desde que nasceu). Não tinha dinheiro pra comprar comida. Teria que achar um jeito.
Ele percebe que as caixas eram difíceis de carregar. Com isso, Holt vai até às barracas e, escondido, pega um saco, (vulgar “sacola de supermercado”) e coloca as roupas dento. Aproveitando o momento, “pega emprestado” algumas frutas da barraca e coloca na sacola junto com as roupas. O furto é bem sucedido. Holt sai rápido dali para que ninguém percebesse o que ocorreu.
Acontece que ele sAIU RÁPIDO DEMAIS! Os guardas (tipo polícia) - obviamente - acharam suspeito. Durante a fuga, um dos guardas segura Holt pela gola da camisa e o segura como um gato.
- Aê muleque. Porque tu tava correndo tão rápido? Tem a ver com essa sacola aí? – Holt acena com a cabeça negativamente – Jão! Pega essa sacola e vê o que tem aí dentro.
Outro guarda puxa a sacola de Holt e abre.
- Só tem roupa aqui.
- E de onde tu arranjou essas roupa aí, hein, muleque?
- Uma mulher me deu! Eu não roubei nada!
- Ah, então tá bele...
- Aê! Achei umas fruta aqui também escondida no fundo!
- Como cê explica isso, muleque?
- É... Achei?
- Seguinte... Nois vamo ter que conversar com seus pais. Leva a gente pra tua casa e tudo vai voltar ao normal aqui, beleza?
- Eu moro sozinho com minha irmã...
- Aê Jão! Cê acredita nele?
- Eu acredito...
- Quê?!
- Depois da guerra, essa cidade ficou infestada de órfão...
-... Belê. Então muleque, vou deixar você ir... Mas não sem um aviso! – O guarda dá um belo de um soco no olho do menino.
Já no meio do caminho, Holt pensa um pouco e chega a uma conclusão:
- Anotado. Ser mais furtivo na próxima vez... (olha a audácia da criança).
SPOILER: com o tempo, ele aperfeiçoa sua furtividade, a dádiva dos ninjas e a arte do paranauê nos seus furtos. E não. Ele não para de furtar pra conseguir comida. Aliás, ele já tá no quadro de “procurados” dos guardas. Voltando pra história...
Holt chega em casa, joga a sacola no chão e senta agachado com a cara enfiada nos braços cruzados apoiados nos joelhos. Fire chega, olha pro irmão, olha pra sacola e a abre pegando um graveto pra comer (lembrando que pessoas do fogo podem comer qualquer coisa. Qualquer coisa).
Ela percebe que o irmão não está bem e oferece o graveto.
- Não, Fire... Pode ficar...
Ela insiste.
- Não! Eu não... – a barriga de Holt ronca, o entregando – Ah... Valeu... – Ele deixa de ser babaca e come o graveto.
- Holt...
- Fire! Você sabe falar!
- Não... Aprendi agora... – Fire responde ironicamente. Ela realmente não sabia falar antes. Ela tava só de zoas.
- Já vi que você vai dar trabalho...
Comments (0)
See all