Mabel acorda sentindo uma dor absurdamente forte e gritando muito alto. Sua mãe acorda com os gritos de dor da filha e vai correndo para o quarto dela.
- Mabel! O quê que tá acontecendo?
- Mãe! Me ajuda! – a menina pedia socorro enquanto chorava e se contorcia no chão, pondo a mão na costela (mais ou menos) – O que estão fazendo com ela?
- Meu deus... Eu não sei... Ela já tá sumida há uma semana... Vou perguntar pro seu pai.
Fran vai até o quarto, onde encontra Notrus ainda deitado na cama.
- Notrus! Pra onde tua filha foi?
- Sei lá. A última vez que eu a vi, ela tava treinando “tiro ao alvo” – Notrus dá um sorrisinho.
Fran estreita os olhos suspeitosamente e pega seu transportador que a leva para o Reino de Cristal. Chegando lá, vê Cosmos com a cabeça apoiada em sua mão e com um olhar vazio e aparentemente triste.
- Senhora Cosmos?
- Oh, Fran... – ela acorda de seus pensamentos – O que te traz aqui?...
- Você sabe onde Maybe está?
Cosmos desvia o olhar e volta pra posição anterior, meio nervosa e triste.
- Cosmos...
- É melhor que você não saiba...
- Como assim? Explica melhor isso!
- *suspiro* Ela tá condenada... - Cosmos fala sussurrando.
- Quê?
- Ela tá condenada... - ela aumenta um pouco a voz.
- Cosmos, eu não tô entendendo...
- A MAYBE TÁ CONDENADA, FRAN!
A voz de Cosmos ecoou na sala gigantesca e – estranhamente – vazia, num silêncio perturbador.
- M-mas como que isso foi acontecer? Eu sei que ela já teve várias passagens por aqui, mas... Como?! Tipo, como que Maybe foi chegar ao ponto de ter que ser... Executada...
- Das outras vezes, a prisão foi como um castigo por crimes considerados pequenos. Nós a liberávamos quando achávamos que ela teria aprendido e se arrependido. Eu sempre acho que toda espécie de vida merece uma segunda chance... Independente do que ela fez, sabe?
- Concordo plenamente.
- Mas dessa vez, infelizmente, eu não posso fazer nada... Ela cometeu o pior dos crimes e a única pena equivalente é... A morte...
- E por acaso posso saber o que ela fez?
- Homicídio em massa contra o Povo da Terra; inocentes e totalmente despreparados...
Enquanto Cosmos explicava, Fran congelou. E quanto mais ela explicava, mais o seu rosto começava a ficar com uma expressão raivosa e com uma respiração pesada.
- Eu não acredito! Isso só pode ser coisa do Notrus! Arrgh! QUE RAIVA! Diz que vai treinar “tiro ao alvo”, e agora me vem a noticia de que os “alvos” eram pessoas inocentes? Se ele não fosse imortal, já estaria morto!
- Desculpa interromper, mas... Era só isso mesmo que você queria falar comigo?
- Ãn?... *suspiro* Não... Mabel e Maybe têm uma relação muito forte. As duas são praticamente um corpo só, mas separadas. E... Eu não faço ideia do que estão fazendo pra Maybe; mas Mabel tá sentindo isso também. E ela ama a irmã dela incondicionalmente, enquanto a outra simplesmente não dá a mínima.
- Me desculpe, mas... Não tenho ideia do que fazer no momento... Mas eu juro que quando tiver, será a primeira a saber!
- Obrigada... Bem, eu tenho que amparar uma, e... Detonar outro.
- Vá em frente!
Fran se teletransporta de volta para a casa dela. Enquanto isso, Diamante chega aparentemente feliz.
- Cosmos!... Tava chorando?
- Não, não... – ela limpa os olhos lacrimejantes com o antebraço – Continue!
- Lembra daquela poção da vida que você fez logo depois que a outra acabou?
- Sim, claro.
- Pois é. Ela ficou pronta só agora.
- Bem... Ela é praticamente inútil agora.
- Na verdade, quando estava revisando a sala das celas, não pude deixar de ouvir a conversa das meninas da C-7 e C-1. Parecia algo como “Pra conseguir o controle total desse planetinha, vou ter que derrubar a líder disso tudo”; que por acaso, é você. Então...
-Agora que eu reparei... Como você consegue ouvir se você não tem orelhas?
- Isso não vem ao caso. Agora voltando ao assunto...
- Você respira pela boca já que também não tem nariz? Nossa, eu te fiz todo bugado...
- Só por que eu não tenho orelhas, não significa que eu não ouço, minha Cosmos... Agora a gente pode vOLTAR AO ASSUNTO?
- Podemos sim... Prossiga.
- Ok. Já que o alvo principal da Maybe é você, não acha melhor criar uma herdeira pra você também?
- Hmm... Parece convincente... Acho que é uma boa ideia. Também seria bom mais uma companhia nesse... Lugar enorme e estranhamente vazio.
Cosmos se levanta e vai para o laboratório. Ela puxa um dos fios de seu cabelo e o põem em cima da mesa; pinga uma gota da poção. A mistura começa a brilhar e de lá, surge uma menina de aparentemente oito anos – se não fosse o fato dela ter 5 metros.
Ela era um clone versão mais jovem de Cosmos. Era idêntica a ela, só um pouco menor. Foi chamada de Crystal. Ela tem as memórias, conhecimentos e praticamente tudo que Cosmos tinha até aquele momento, implantados nela.
- Olá, Crystal! Você sabe por que está aqui? – pergunta Cosmos.
- É pra... Te substituir?
- É... Quase isso! Se alguma coisa acontecer a mim e Elementia, é você que vai tomar conta disso tudo!
- Parece importante.
- E é! Oh! Estava quase me esquecendo!
Cosmos usa a poção e cria uma “pequena” coroa pra Crystal. Uma princesa recém-nascida também precisa de uma.
- Eu vou te proteger, e não vou deixar que nada de ruim aconteça com você! Você é extremamente importante pra mim, e pro mundo todo.
- A responsabilidade tá me deixando com medo...
- Aham. Ok. Desculpa. Mas... Você entendeu?
- Sim, mamãe!
- Mamãe? Acho que posso me acostumar com isso...
- Posso te chamar de “mamãe” também, minha Cosmos? – pergunta Diamante.
- Acho que... “minha Cosmos” fica melhor pra você...
- Tá bom... – Diamante abaixa a cabeça e fica tristim.
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