Reino da Escuridão, alguns anos no passado.
- Papai, eu tô com sono... – diz Mabel enquanto esfrega os olhos (os dois da esquerda).
- Eu avisei que a gente ia acordar cedo, então se você não quis me escutar, aí é problema seu.
- Notrus, já falei pra parar de falar assim com ela... – retruca Fran.
- Mas ela não me ouve!
- Aí! – chama Maybe – Depois sou eu que causo discórdia... – diz ela enquanto seus pais discutiam. Mabel baixa a cabeça, ciente que aquilo era por causa dela.
- Tá! – Notrus chama a atenção – Como vocês já deveriam saber, todo mundo do nosso povo – Notrus olha para Fran confirmando que na verdade era o povo dele – já nasce com uma arma e habilidades diversas. Mas... Essas habilidades só são “desbloqueadas” com treino, ou seja, quanto mais treinarem, mais armas vão ter. Entendido?
- Sim! – respondem as gêmeas, uma mais animada que a outra.
- Vamos começar por você, Maybe. Saca a sua arma.
A menina fecha os olhos e de um pequeno esforço, surge uma pequena, porém potente, “pistolinha”. Notrus parece estar orgulhoso, ao contrário de Maybe, que estava visivelmente decepcionada.
- Quando eu vou ganhar minha bazuca...?
- Calma lá, mia fia. Qual parte de “quanto mais treino, mais armas” você não entendeu?
Maybe fecha a cara e tenta se contentar com sua arma.
- Papai! E eu?!
- Ah é... Tenta fazer a mesma coisa.
Mabel fecha os olhos e, ao contrário de Maybe, faz muita força que parecia ser inútil. Notrus fica observando ela com cara de tédio, como se estivesse – e está sendo – obrigado a ajudá-la.
- Eu... Não consigo...? – diz Mabel ofegante.
- É, fazer o quê? Senta lá do lado da sua mãe e... Sei lá, assiste sua irmã.
Mabel abaixa a cabeça e vai toda jururu pro banco onde Fran estava sentada.
- Mãe... Por que eu não consegui invocar uma arma que nem ela – perguntava enquanto apontava para Maybe com a cabeça.
- Não precisa se preocupar com isso... Afinal, nem eu tenho armas!
Mabel olha para Fran surpresa.
- Lutei na guerra só com minhas habilidades e uma lança que Cosmos me deu (aliás, fica no quarto dela, de enfeite).
Quanto mais ela contava como fez na guerra, mais a menina parecia encantada. Depois de uma longa historia e de treino, Notrus chega às meninas com um sorriso orgulhoso.
- Então... Vocês progrediram? Porque essa garota aqui já tá no nível cinco! – ele fala esfregando a mão na cabeça de Maybe igual a um cachorro – Mostra pra elas!
Maybe fecha os olhos e de um pequeno vórtice, surge uma arma BEM melhor que a anterior (quando eles “desbloqueiam” uma nova arma, ela não é substituída, só acrescentada). Mabel fica boquiaberta e Fran, preocupada.
- Ah! Ela também já consegue abrir portais! – Maybe estala os dedos e um pequeno portal se abre. Ela põe a mão lá dentro e de lá tira uma lata de cerveja, que dá a Notrus – Não é muito, mas já é o começo.
- E como pretendem usar isso? – diz Fran, encarando a arma nas mãos da filha.
- Sei lá. Nunca se sabe. E... – Notrus chega perto de Fran, sussurrando - Não sei se isso serviu de impulso, mas disse que era melhor ela se esforçar e treinar bastante, porque senão, ia ficar baixinha pra sempre.
- Há! Falou o que tinha 1,60 m até dez anos atrás... (há dez anos, ele tinha uns 40 anos. É... Eles não crescem muito rápido.)
- Eu me usei de exemplo também.
- Hu-hum...
- Papai... Por que eu não consegui?
- Talvez seja porque você não tem nenhuma vocação pra ser líder de uma coisa. Nem dos seus... Gatos.
- Não fala assim dos meus gatos... (cinco, pra ser mais exato).
- Fica assim não, querida... – diz Fran se aconchegando em seus ombros - Vai que amanhã você consegue?
- É... Pode ser...
Segundo dia de treino, mesmo horário que o anterior:
- Maybe! Começa o tiro ao alvo!
- Sim, senhor.
- Mabel! Chega mais.
Ela se levanta do mesmo banco que estava no dia anterior e chega meio tímida, no local onde seu pai estava.
- Sim...?
- Olha... Tenta fazer aquilo que você fez ontem. Acho que tava dando certo.
Mabel concorda com a cabeça. Ela fecha os olhos novamente e, de novo, tenta fazer uma força que acaba sendo em vão. Ela quase desmaia de tanta força. Se apóia nos próprios joelhos e olha para seu pai com o rosto vermelho e com a respiração ofegante.
- É. Foi só impressão minha mesmo. – Notrus se vira e volta ao treinamento com a “filha favorita”.
- Eu... Eu não entendo... – Mabel se lamenta.
- Não conseguiu de novo?
- Não...
- Só... Não desista, ok?
- Ok...
Algumas horas depois...
- Ufa... Hoje o treino foi produtivo! Que nível que cê tá, mesmo?
- Dezessete.
Mabel e Fran arregalam os olhos.
- Aê, maninha. Fica assim, não. Que tal um abraço? - diz Maybe.
- Ãn...! É claro! – Ela não esta acostumada com gestos de carinho vindos de sua irmã.
Quando elas se abraçam, Mabel sente uma pequena dor. Ela se incomoda, mas não comenta nada. Só sorri.
Comments (0)
See all