[Maria] Mas de novo? O que ta acontecendo?
[Bortoluzzo] Olha, vai ter que se acostumar com isso.
[Maria] Esse corte é um pouco... irritante.
[Bortoluzzo] Não tem o que fazer, apenas "divirta-se, mas jogue pelas regras".
Os estagiários ficaram um pouco apreensivos com a reação de Carlos. Eles já estavam preparados para lutar, mas imaginaram que poderiam apenas levá-lo sem problema algum.
— Desculpe — disse Carlos lamentando sua próxima ação.
O Crescente deu um pequeno olhar melancólico e agarrou a mão do estagiário que estava em seu ombro, repentinamente a mão de seu inimigo começou a ser congelada. Fez força e estilhaçou a mão do inimigo.
— O… o que? — O estagiário se afastou e gemeu de dor.
Após ver a mão daquela pessoa decepada, uma mulher começou a gritar, sua histeria deu lugar ao caos naquela rua. Pessoas começaram a correr, isso desencadeou uma histeria coletiva fazendo com que outras pessoas começassem a correr. Os moradores de rua se esconderam, a rua ficou um deserto silencioso.
Imediatamente, os outros estagiários que estavam presentes reagiram. Os que estavam na rua correram para atacar Carlos, os que estavam no teto permaneceram observando. Cada inimigo carregava em suas mãos um artefato diferente. Eles repentinamente esticaram seus braços e fecharam suas mãos, uma energia emanou de seus punhos.
Dois estagiários possuíam artefatos semelhantes, tinham a forma de um triângulo e se estendiam por toda a mão; eram alocadas por uma manopla que fazia com que o artefato não caísse. O artefato desses dois foram transformados em espadas longas que possuíam um design peculiar. Era uma tecnologia muito avançada que não estava presente naquela cidade.
Outros dois estagiários possuíam artefatos com apetrechos semelhantes aos outros, só o que mudava era o formato deles, sendo um deles em formato com duas arestas finas e de formato convexas, o outro tinha o formato de uma flecha. Um artefato foi transformado em machado e o outro em uma lança respectivamente, eles possuíam o mesmo aparato tecnológico dos outros artefatos.
O último estagiário que o estava cercando no chão — pelo menos o último que não havia perdido uma mão — segurava um artefato esférico. Esse foi transformado em um tipo de escudo tecnológico.
— Armas? — Carlos não esperava por aquilo, aquelas armas pareciam intimidadoras e poderosas. — Isso vai ser com…
Seu comentário foi interrompido pelo o estagiário que parecia ser o líder.
— Ataquem, agora! — gritou ele.
Os estagiários investiram em Carlos rapidamente. Eles estavam em um frenesi que não permitia nenhum tipo de conversa. O Crescente teve que pensar rápido; colocou a mão no chão, sua energia foi passada de seu corpo para as mãos, e utilizando suas habilidades de gelo, um enorme pilar foi criado jogando-o no ar. Esse foi um modo rápido e inteligente de se reposicionar na batalha, mas cometeu um erro. Havia se esquecido dos dois membros da organização que estavam no telhado de dois prédios paralelos.
Os artefatos dessas duas estagiárias eram no formato de um cilindro longo que foram transformados em dois rifles de alta precisão.
A mulher que estava no prédio do lado direito da rua disparou uma bala de energia, que foi mirado na cabeça de Carlos enquanto ele estava no alto. Por reflexo, ele colocou a mão direita em seu rosto e criou uma proteção de gelo parando a perfuração da bala, mas o impacto machucou sua mão, fazendo com que seu corpo fosse jogado para trás. Com ele ainda no ar, a atiradora do prédio esquerdo fez um disparo que perfurou seu braço esquerdo. Carlos caiu no lado direito da calçada, longe dos estagiários. Por um momento os atiradores começaram a carregar outro disparo, enquanto os inimigos que estavam na rua foram direto para cima dele.
Carlos estava ofegante por conta da dor que a bala de energia havia feito em seu braço. Sangue escorria por toda a manga de sua camisa e casaco. Ele iria conseguir bloquear alguns disparos, mas não teria reflexo o suficiente para bloquear tudo enquanto lidava com os outros estagiários.
O primeiro inimigo a chegar perto de Carlos foi o estagiário com uma espada. Ele investiu contra Carlos com um golpe cortante na horizontal. O Crescente usou sua mão direita para criar uma barreira de gelo e bloquear o golpe. Foi um sucesso, mas o impacto forçou ainda mais sua mão direita que já estava doendo. Carlos deslizou para trás. O inimigo começou a desferir mais golpes de espadas tentando quebrar sua defesa. Ele mal teve tempo de se recuperar dos golpes.
Uma das atiradoras disparou novamente, por reflexo ele colocou a mão no rosto e fez uma proteção de gelo, mas o ataque o surpreendeu; o projétil foi em direção ao escudo de um deles, a bala de energia ricocheteou acertando a perna direita de Carlos que recuou com um grito de dor. Sangue começou a jorrar.
Os inimigos não deram tempo para ele se recuperar, partiram novamente para o ataque, dessa o cercaram para atacar. Mesmo com a perna e o braço feridos, estava conseguindo bloquear os ataques. Por um deslize do estagiário com o machado, ele conseguiu segurar seu braço direito, congelá-lo e estilhaçá-lo. Isso tirou um deles de combate.
Os estagiários da FMU eram novatos treinados por Alessandra. Eles possuíam a mesma experiência de combate real que Carlos, “nenhuma”. Mesmo sendo um Crescente e possuindo mais energia que eles individualmente, seus inimigos eram maiores em número, possuíam uma tática de combate sólida, com ataque, defesa e suporte.
Carlos continuou lutando. Com dois inimigos fora de combate; com sua perna e braços machucados, a luta havia ficado mais intensa. A mulher que estava no prédio acima dele fez um disparo. Já contava com isso, colocou sua mão esquerda para o alto bloqueando o tiro com o gelo. Isso fez com que sua defesa ficasse fraca, permitindo que o estagiário com a lança desferisse um golpe perfurante nele. Conseguiu desviar, fazendo com que sua manga fosse rasgada e seu ferimento se tornasse leve.
Nesse momento notou que seria impossível vencer. Imediatamente avistou a outra atiradora com o tiro quase carregado, Carlos tentou algo que nunca havia feito. Estendeu seu braço em direção a atiradora, como se estivesse mirando. Sua mão emanou energia, uma estaca de gelo se formou e foi disparada em direção à atiradora. Ela não esperava um ataque à distância, subestimou seu inimigo achando que estava segura em sua formação. Como eu disse: experiência de combate zero. O ataque perfurou sua barriga. Não a matou, mas a tirou de combate.
O ataque à distância de Carlos surpreendeu os inimigos, fazendo com que eles se distraíssem por alguns segundos olhando para sua aliada derrotada. O Crescente aproveitou e adentrou em um beco que estava próximo. Esgotou boa parte de sua energia para criar uma parede de gelo que bloqueou o caminho de seus inimigos. Tentaram escalar a parede para persegui-lo, mas ela era alta demais e escorregadia. Tentaram quebrá-la com seus artefatos, mas a defesa era forte demais. Havia acabado para eles, mas ainda restava uma atiradora no telhado. Ela era a esperança de sua equipe. Carlos teria que lutar contra ela. Era uma batalha de um contra um.
— Vou atrás dele — gritou a atiradora enquanto corria em cima dos prédios.
— Dony, não devemos ir atrás dela? — perguntou Heni, o estagiário que utilizava um escudo, ele redirecionara a pergunta para o líder da equipe.
— Sim, mas também devemos cuidar dos nossos companheiros feridos. Vá você e Eliot dar suporte para ela. Drake e eu ficaremos aqui para cuidar dos outros.
— Ok. Partiremos pela rua até chegar ao final do beco. De acordo com o mapa da cidade esse beco é um pouco extenso, podemos demorar um pouco para chegar até lá. Ela ficará bem?
Dony estava prestando os primeiro-socorros em um de seus companheiros que havia perdido a mão. Ao ouvir a pergunta de Heni ele olhou para o alto, encarando o céu acinzentado. Ele poderia dar apenas uma resposta.
— Nós temos que confiar em Julia.
— Tudo bem…
— Ei. Ela ficará bem. É a mais responsável de nós, se as coisas ficarem feias, ela vai se retirar da batalha.
— Acho que você tem razão.
Heni se virou e chamou Eliot para ir atrás de Carlos. Os dois partiram através da rua com o máximo de velocidade que conseguiriam.
— Ei Julia, estamos indo pela rua, vamos chegar até o final e lutaremos juntos contra ele. — Henri estava se comunicando com ela através de um transmissor que foi fabricado na FMU para ajudar na comunicação entre equipes.
— Certo. Vou persegui-lo e o levarei até o final do beco, me encontre lá. — Ela desligou o transmissor e se concentrou em perseguir Carlos.
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