É escuro e silencioso, minha cabeça doí. Acordei em um sofá verde e velho, ao levantar eu vejo um cachorro me encarando, era daquele tipo pequeno e peludinho, ele me encarava e isso me deixou extremamente desconfortável.
O lugar está vazio, a única luz que vi vinha de um poste na rua, olhando para o lado de fora percebi que era no mesmo prédio em que eu morava. Tentei sair, porta trancada, resolvi então comer algo, fazia tempo que não comia, nem me lembro como se mastiga. Falando em mastigar agora tenho um hematoma gigante no meu rosto. Alem de ovos não encontrei algo mais apetitoso.
Tirando uma calcinha que tava no chão o lugar não estava muito organizado. Tive que lavar uma frigideira, eu não pego em uma bucha há bastante tempo, tem uma grossa camada de um negocio preto, essa merda não sai. A pia ta cheia de panelas, eu acho que estão aqui a uns três dias.
“Para fazer a fina arte do omelete é necessário alguns ovos, cebolas, sal e um pedaço bem robusto de manteiga, não na verdade é margarina. Eu nunca imaginei ficar tão feliz cortando uma cebola. Na verdade eu estou assutado pa caralho com isso que merda é que aconteceu ontem!?”
O cachorro me seguia a onde quer que eu fosse, isso é incomodo.
Sentei na sala com um prato de omelete, liguei a televisão, como sempre só tinha programas de ótima qualidade, fui obrigado a assistir o jornal da noite.
Devolvi o prato para a pia, na cozinha tinha um relógio de ponteiro, coisa que não via á tempo, marcava 22:30.
Voltei para a sala, na porta pude ouvir barulhos de chaves, a pessoa que estava abrindo a porta estava com dificuldades. A porta se abre lentamente, e a luz se apaga, nesse momento quase que sem pensar eu me jogo para de traz do sofá e pego um vazo de flores de cima de uma mezinha. O cachorro começa a latir e as luzes se acendem. Ouço passos lento vindo em minha direção. Vejo por debaixo do sofá dois all stars vermelhos.
Me ergo, rápido e certeiro, nesse momento já estava com uma mão no colarinho da pessoa e a outa em posição para desferi o golpe. Um segundo de hesitação cabelos alaranjados, olhar de medo, seus olhos estavam arregalado, seu corpo paralisado, e seu cachorro latindo sem parar.
"Meu Deus, quem é você?" Ela fica em silencio como se algo a impedisse de falar. Abaixo minha mão, e tiro-a do colarinho, o cachorro se cala. Uma lagrima escorre, o corpo dela se treme todo, dali se nasce um choro, com as mão no rosto ela se senta no sofá, o cachorro a consola bem a modo de um cachorro.
Eu continuo parado, com o vazo nas mãos, olho para ela, senti como se fosse um choro de pavor, me sinto como um monstro, fico sem reação. Coloco o vaso no mesmo lugar que eu peguei e saio vagarosamente para o corredor do prédio.
A porta faz um ruido muito característico, dou uma ultima olhada e ela do mesmo jeito. O mais estranho é que eu não faço a minima ideia do que aconteceu nos últimos meses.
Uma senhora, eu ,samba canção branca, 22:39, saindo da casa de uma jovem, escuto um ‘he he he’ de fundo.
Volto para o meu apertamento que era coincidentemente de frente.
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