Acordo as 6:00, pego meu celular na verdade são 6:03. Tenho que por meu plano em ação, passo por passo é revisado. Saio de casa. No corredor esbarro com a vizinha, ela estava meio bêbada tendo dificuldades de abrir a porta. Ela sempre tem dificuldades de abrir a porta acho que o seu inimigo natural.
“Me dá aqui, deixa eu abrir.” Pego e abro a porta facilmente.
“Obrigado jonjon, eu estouuu meio tonta, e nem sei como chegar, aqui eu, nem sei.” Escorada perto da porta com os saltos-altos nas mãos, ela olha para mim com cara de cão sem dono. Seus olhos começam a lacrimejar.
“Ele é um cretino, sabia desgraçado.” Diz jogando seus saltos em minha direção.
Depois dessa cena patética pego-a no colo e levo ate o sofá, onde o cachorro age como se não à via fazia séculos. Ela me mira com seu olhar embriagado e desolado pega em meu rosto. “Você é o meu herói.” Seus lábios tentam tocar no meu. Ela está fazendo isso porque ela quer, mas mesmo assim não me sinto confortável. Coloco no sofá aquela carcaça desorientada, seu cachorro começa a cruzar com seu braço, que sena deplorável sendo abusada por seu próprio animal de estimação. Me dirijo ao ponto onde pego me condução.
6:37 já estava esperando no ponto. Só queria saber que migue daria para me passar por uma mulher e ruiva. Começa aparecer uns gatos pingados, tinha uns moleques espinhundos até mesmo tiozões careca. O ônibus se atrasa como de costume, falta dez minutos para ele sair. Um cara lê os documentos lá pelo quarto ele só confere os números do CPF se batem. Como é a primeira parada é a mais cheia provavelmente, há cerca de 30 pessoas esperando entrar. Nesse ritmo nos vamos provavelmente perder a hora.
“Bora aê, nós vamos perder tempo.” encho o máximo a fogueira de lenha, todos os outros começam a reclamar. O pobre do cara que começa a suar e conferir. Dou mais um grito. Parece que vai andar de vez. Chega minha vez.
“Qual seu nome?” entrego o documento. Depois de umas duas viradas ele me pergunta se meu nome é mesmo Amora. Me aproximo do rosto dele com o olhar fixo e fala bem baixinho no ouvido dele.
“Você não quer arranjar confusão querido?” Seus olhos tremem perplexo ele estava. “Imagina, vocezinho ser denunciado por homofobia. Hunm? Não seria algo muito legal.” O pobre moço fica ofegante e com um certo pavor me entrega o crachá. Pego e dou um beijinho no rosto dele, deu pra sentir que sua pele estava gelada. De alguma forma isso me deixou com um sentimento ruim.
O ônibus, cheio e eu apreensivo. Me sento nos bancos perto da porta. Não há lugar melhor para sair de forma discreta. O ônibus para mais algumas vezes, cada vez mais cheio. Finalmente chega na parada que tinha que descer. Discretamente tiro minha jaqueta laranja e escondo na mochila. Desço, aparente ninguém reparou na minha descida. O plano pode continuar tranquilamente.
A uns 100 metros estava o taxi. Branco com alguns detalhes em vermelho rubro. O senhor taxista com sua camisa polo rosa me encara de dentro do carro.
“Opa confrade!!! Então é você o cara da gasolina? Eu contei isso no bar e eles racharam o bico.” uma risada debochadamente sarcástica. “Achei meio estranho mais olhando agora pra você nem me assusta mais.”
“Chega de papo furado. Temos que ir rápido.” Eu me sito meio zonzo, meu pulmão parece não estar fazendo seu trabalho direito. Minhas mãos tremulam enquanto seguro na porta.
“Cadê meu 200? Nada é de graça sabia?” começo a suar. Uma variável que não previa. Motorista sacana. Ele estende seu braço para fora da janela esperando seu dinheiro.
Saco minhas notas do bolso, tenho pouco menos de 135. Ele pega tudo sem sequer conferir. Entro no carro.
“Trouxe minha gasolina?”
“Claro está do seu lado.” Virando-se e tirando o olho da pista aponta para um galão de gasolina que de alguma forma não tinha percebido. “Por algum acaso você não é um daqueles caras famosos com gostos estranhos?”
“Não cara. Cala boca e dirige.” Meus nervos transbordam e minha paciência some.
Logo a frente vejo meu alvo. O carro para e saio o mais rápido possível.
“Boa sorte Poul Mccartney.”
O ônibus não chegou ainda. Tudo como planejado. Entro pelo beco dos fundos jogo o galão no contêiner de lixo para que sem câmeras não me vejam.
Ao longe vem, devagar virando a esquina. Tinha que fingir sair do ônibus com toda a turma da excursão. Vou andando e visto minha jaqueta, o vento forte faz com que ela tremule. Me apresso. Chego perto do ônibus, o cara do crachá começa a falar algumas coisas lá de dentro. Portas se abrem, a multidão sai, sem dificuldades eu me misturo com o grupo.
Na entrada é pedido que qualquer coisa grande seja deixada na entrado, os celulares são confisca para não ter nenhum vazamento de informações. A excursão prossegue normalmente. Se passaram meia hora desde o início. Estamos no quinto andar, a segurança não é tão forte quanto pensava. Talvez nem todos saibam dessa tal conspiração, se for verdade é claro.
Preciso chegar nos últimos andares. Jogo minha jaqueta em uma lata de lixo. Ponho o capuz do meu moletom verde musgo. Chego no oitavo andar sem problemas, estava fácil demais pro meu gosto. Tem uma porta que só pode se acessada com um código. Nenhum guarda ali. Minhas mãos estão soando. Olho para baixo nas grandes janelas de vidro, o carro do CEO está parado no pátio.
Entro em um quartinho para poder espera o momento certo. O quartinho cheio de papeis, escuro e abafado, tudo está com uma camada grossa de poeira, podia esta ali minhas respostas. Olho, olho e olho, papei sobre finanças e projetos cancelados. Todas essas datas são de antes da construção da cede. Tem algumas patentes, e o mais incrível, uma lista de centenas de contribuições de alguns anos antes do anuncio do jogo. Eram umas quinze folhas, as primeiras doações eram de pouco mais de dois mil, até chegar na sétima com um bum de cem mil doado por um homem que desconheço, porem o nome não me é estranho. Passo mais paginas e sempre tem uma doação grande desse homem, cada vez maior cem, duzentos trezentos, um milhão. Porem o mais assustador vem na última folha, perto do fim da lista. Vinte e cinco milhões de uma tal de ICPH.
Barulho de elevador. Minha calma se esvai conforme as folhas caem no chão, cato as folhas e guardo no bolso, provavelmente isso será de grande ajuda. Os passos de sapato batendo no chão de mármore a passos lentos, vejo as sombras passando por de baixo da porta. Suor frio feito gelo escorre da face branca, um estranho medo percorre cada centímetro do meu corpo.
Meu maior medo não é ser pego e sim toda essa teoria ser verdade. Se aquilo foi uma tentativa frustrada de controle mental eu provavelmente sou um dos poucos que percebeu. Se eles me usarem como cobaia para testes.
Os passos param. Recoloco meu capuz. Abro delicadamente a porta. O homem, parado e resmungando alguma coisa enquanto tenta passar o crachá no leitor. Me aproximo cautelosamente. Mãos tremem, adrenalina é liberada no meu corpo. Finalmente ele abre a porta.
Perna e braços se mexem sozinhos. Escuto uma linda sinfonia crescente na minha cabeça. Tic,toc o tempo parece que desacelera. Porta fecha. Sinfonia aumenta, parece que há um maestro orquestrando uma sinfonia no meu cérebro. Tic,toc. Calmamente ele se senta na cadeira, coloca sua pasta no chão. Me sinto capas de fazer qualquer coisa nesse momento. Tic,toc. Meus braços se esticam tentando alcançar seu pescoço. Ele se vira com o olhar assustado.
TIC TOC.
Grudo em sua gravata e a uso como forca, ele a segura tentando evitar se se sufocar. Puxo e puxo, cada vez mais forte ate ele cair no chão. Suas pernas dançam ao som da sinfonia. Finalmente ele reage, tenta me dar socos, que em vão acetam meus braços, ele não para cada vez mais desesperado. Pego e aperto a gravata que fica mais e mais apertada. Seu corpo da uns pequenos espasmos ater ficar quase que imóvel. Seu rosto toma uma estranha cor avermelhada.
Avanço para o computador, sua tela acende. Senha. “Droga!”, tiro a gravata do homem quase desacordado, jogo ele de forma bastante agressiva na frente do computador. Bato com meu dedo bem forte na tela. Recuperando o folego ele digita a senha.
“Seu desgraçado, eu vou descobrir quem você é e vais pagar por isso ...” pega o peso de papeis de cima da mesa, tenta me acertar. Eu vi o movimento e pude reagir dessa vez. Um soco bem dado no meio da cara, de novo no chão, se levanta e tenta sair desesperado, o pego pela gola o arrasto até um quartinho. Dentro estranhamente tem uma garota amarado chorando com sua maquiagem toda borra e nua, ela chora e grita com a mordaça na boca gritando e se arrastando até mim dá pra ver diversos hematomas no corpo dela. Tranco os dois dentro.
Pego meu pen-drive. O computador como previsto tem acesso a todos os arquivos do servidor. A maioria guarda informações sobre o jogo. Três dos dezessete servem para guardar informações do prédio, um das câmeras outro dos arquivos jurídico e contratos e toda essa parte mais burocrática da empresa e o ultimo com informações de todos os funcionários. Tive que fazer uma cópia dos últimos dois.
Saio da sala correndo, o desafio é descer e conseguir subi com um galão de gasolina. Pegos as escadas de emergência.
“Por que motivos tem uma menina presa dentro de um quartinho, que tipo de masoquista aquele cara é?” De elevador seria muito mais rápido e muito menos cansativo. Falta 43 minutos para o fim da excursão. Finalmente chego no segundo andar daqui dá pra ver todo o saguão. Meu maior problema é ter que chegar nos fundos.
Meu sangue esfria, falta de ar volta, me sento com a mão no peito tentando recuperar o fôlego. O som da bela sinfonia vai diminuindo, meus ouvidos podem novamente escutar o som ambiente, passo, murmurinhos, vento e pássaros. O sol bate no vidro me dando literalmente uma luz.
Me levanto e pego um março garfo de metal. O refeitório tem bastante coisa. Como uma azeitona, tem o mesmo gosto ruim de sempre. Uma pessoa aparece, escondo-me de trás da mesa do buffet, parecia ser algumas das pessoas que estavam visitando. Espreito. Tem três moleques comendo as coisas. Levanto e ando na direção de um deles, eles vão atrapalhar os meus planos. De primeira eles se assustam e começam a pedir desculpas.
“desculpa senhor é que a gente só queria experimentar as comidas daqui.” Nego com a cabeça de forma que eles entendem que não tem problema.
“ufa, obrig...” pego a bandeja de sushi que eles estavam comendo e bato na cara do que estava falando comigo. Depois de cair no chão os outros dois vem correndo. Corro em direção da saída de ar onde teria que jogar os garfos. Eles vêm e me pegam enquanto eu tento arrancar a grade de proteção. Me puxam e eu arranco a grade de proteção. Com a grade ataco o magricelo que segurava minha perna, o outro levanta e é derrubado com na rasteira. Me levanto e jogo todos os garfos dentro do duto de ar.
Corro em direção da saída de emergência. Os garfos batem na hélice e fazem um barulho enorme. Os moleques vêm em minha direção, em cinco segundos aprecem três guardas, me escondo na saia de emergência, antes de fechar a porta deu pra ver sete guarda imobilizando-os no chão.
O saguão está vazio sem ninguém, atravesso ate sair nos fundos. Abro a porta bruscamente, olhos para os lados caçado o contêiner de lixo. Eu o acho junto com uma cena bizarra. Tinha um segurança comendo uma mulher vestida de empregada, ele estava com a mão na boca dela, com a caça arriada ate na canela. Eles me olham assustados, ponho minha mão com o dedo indicador fazendo sinal de silencio. Corro para pegar o que vim buscar e como se nada tivesse acontecido eles voltam ao ‘trabalho’.
Quando entro não saguão vejo um aglomerado de segurança em torno dos moleques e sirene de polícia ao fundo. Subo as escadas, até chegar nos servidores.
A porta está trancada, e não tem outra forma de abrir a não ser com a chave. Falta 22 minutos. Aparece um guarda acendendo seu cigarro tranquilamente, ele demora 2 pra perceber que algo ali não estava certo, aponta a arma em minha direção enquanto fala no rádio comunicador.
“Solta isso aí e põem a mão de traz da cabeça seu maluco” A resposta vem e reforços estão vindo. Tudo agora pode dar errado.
“Merda!”
Jogo o galão na direção dele e sem querer ele aceta a lâmpada com um tiro. Escuro e silencioso. Me guio pelo fraco brilho da brasa do cigarro, agora sei a sua localização. Dou um soco, não sei onde pega mais vejo que ele está caído no chão. Pego seu corpo desacordado e ponho no elevado para o térreo.
Um tiro é a melhor chave dizia um cara na TV, disparo na fechadura com a arma do guarda. Localizo os três servidores já que a gasolina não é o suficiente para tudo. Saio derramando.
Ó bela sinfonia que volta a tocar com vigor, agora parece mais bela. Danço e derramo. Uma felicidade me toma conta. Tic,toc. A chama vermelha do isqueiro se contrasta com a luz baixa da sala. O fogo se alastra vagarosamente. É belo.
Jogo meu casaco verde nas chamas e corro o mais rápido possível. Missão comprida. Nenhum vestígio foi deixado para trás. Sou como um maldito fantasma. Volto para o quinto andar para pegar minha jaqueta laranja. Os alarmes de incêndio soam, todos saem correndo passando um por cima do outro, aproveito a onda e acompanho o grupo.
Todos saem, os bombeiros chegam, tenho certeza que toda uma investigação vai acontecer, e os maiores suspeitos são três garotos. Depois de 40 minutos todos são liberados, pegamos nossas coisas e entramos no ônibus. Me sento lá no fundo fecho os olhos e ponho meus fones.
Nada melhor que esse sentimento de trabalho bem feito. Se tiver algo de errado isso vai ser descoberto agora. Essas pessoas nunca mais entraram na cabeça de mais ninguém.
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