‘Pessoas procuram o sentido da vida, talvez eu o encontrei nem que seja momentâneo.’ Tableman Jonathan
Desde pequeno sofria, era o inferno não parava, era incessante tic,toc,tic,toc,tic,toc.
Isso se repetia todos os segundo de todos os minutos de todas as horas de todos os dias. Meus agir como uma criança normal, não falava e não andava. Eles me levaram para um médico especialista, e foram longos anos de tratamento. Esses métodos faziam meu cérebro ficar mais lento. Eu era uma criança lerda, mais do tipo que mal conseguia formular frases. Por ter essa condição não pude conviver com outras crianças, mais foi um pequeno preço a se pagar. Os tics soavam como uma pessoa gritando dentro de uma sala fechada.
A os seis anos por não poder ir à escola meu pai contratou um professor particular. Ele era esguio e alto, usava óculos redondo que tampavam a pouca parte visível de seu rosto, que era tampado por um bigode desgrenhado e espalhafatoso, isso lhe dava alguns anos mais duvido que ele passasse do trinta. Ele chegava todos os dias as oito em ponto, até parecia um inglês, sempre estava vestido com um terno verde musgo e sua maleta. As matérias eram diversas, mas eu tinha um gosto especial pela matemática. Eu era bom não havia um cálculo que eu não resolvesse e foi nessa mesma época que descobri que eu conseguia dar nomes a os tics, uns se chamavam Claudio e outros 3048, e além de dar nomes eu podia fazer varais camadas de tics e tocs, eles ficavam lá flutuando na minha mente, isso era meio que automático e por isso que o meu tratamento foi encerrado, e como passar do tempo eles voltaram. Altos e vigorosos, mas desta vez eu estava sobre o controle, desta vez havia centena de os números flutuando e se chocando a cada segundo em minha mente. Esse foi meu auge, até que.
No fim das férias de verão enquanto eu estava fazendo cálculos empolgadamente na mesa da sala, minha mãe veio me avisar que eu professor havia falecido. Com aquelas palavras o inferno voltou novamente, enquanto os números que flutuavam em minha mente despencavam o som dos tics e tocs aumentavam, era ensurdecedor. Imagina esse baque para uma criança. Tive um ataque, apaguei ali mesmo, no chão da sala. Acordei só três dias depois.
Um certo dia meu pai aparece com o meu primeiro videogame. Passava várias horas jogando. Era meu santuário, o lugar onde eu podia só existir. E nessa mesma época que descobri que os malditos tocs podiam me dar o poder do time, a arma perfeita para se vencer a maioria dos jogos.
A os nove, meu pai foi encontrado morto, era de madrugada o dia estava chuvoso e seu carro tinha batido perto de um viaduto. Carro estava irreconhecível, seu corpo estava encima do capô. Os legistas afirmaram que ele estava embriagado. O corpo foi velado no dia seguinte entre nuvens e sol. Poucos dos parentes apareceram, parece que ele não se dava bem com a família. Meu tio estava lá, creio que ele era o único, ele segurava minha mão enquanto minha mãe se debruçava e chorava inconsolável encima do caixão.
Pela tarde à campainha toca, era meu tio com uma fita de em suas mãos. O jogo em si era de luta, bem violento, daqueles que as mães repudiam. A violência fazia os olhos daquela criança brilharem, meu tio não teve a menor chance contra mim. Um outro dia ele me levou para um fliperama, era a primeira vez que fui a um lugar com tantas pessoas, no começo eu estava meio confuso e desnorteado. Aquela máquina grande me atraia de tal forma, vendo o jeito que estava encantado me deu um tapinha nas costas e disse, “Vai lá” me entregando um punhado de fixas. Depois de gastar algumas eu tinha entendido a mecânica do jogo. E não perdia foi uma sequência incrível de vitorias. Depois de ganhar várias seguidas algumas pessoas se aglomeram atrás de mim para ver a partida. Vitória, vitória, vitória. Sai de lá feliz, creio que foi o dia mais feliz da minha vida. Isso virou uma rotina, nos dias de folga ele sempre me levava, mais isso se foi desgastando ao longo do tempo, nem me lembro quando foi a última vez.
Minha mãe coitada não lidou muito bem com a morte do meu pai. Ela ficava em casa o dia todo. Via sempre ela andando de cabeça abaixa o rosto plácido e triste algumas vezes até chorando. Aquela tristeza a estava destruindo tanto por fora quanto por dentro. Sua beleza que irradiava com uma tarde de verão agora parecia uma triste manhã de inverno.
Meu pai tinha um bom cargo em uma boa empresa, graças a isso deu para segurar a barra durante um tempo. Mas em algum momento tudo começou desandar e minha mãe acabou tendo de me colocando em uma escola pública, o dinheiro não dava mais pra ficar pagando professores particulares. O baque teria sido muito maior se eu não tivesse me acostumado com as pessoas diferentes.
Com quinze anos eu pisei a primeira vez em uma escola. Passei esses três anos no meu canto isolado o máximo possível. Nesse período não fiz muitos amigos, pra falar a verdade quase nenhum, a não se os dois que compartilhava gostos em comuns, jogávamos todos os dias. Quando jogávamos me davam um sentimento que só faziam isso para poder ganhar um ranking melhor nos jogos. Um dele se mudou no final do segundo ano, e minha amizade com o outro foi se desgastando até que nem conversávamos mais.
Durante esses anos a condição da minha mãe piorou muito, cada vez mais debilitada. Primeiro ela parou de comer e depois de andar. Ela sempre olhava para o céu, aquele olhar vazio de como tenta-se encontrar algo esquecido a muito tempo. Eu sentia pena dela, todos os dias ela ficava vendo o céu, por horas.
Eu vendi a nossa casa a conselho do meu tio e nos mudamos para um apartamento que era do meu pai o lugar era no subúrbio um lugar triste, vazio e esquecido. Parece uma grande piada do destino. Com o dinheiro pude cuidar bem da minha mãe. Cuidei dela até o seu último dia.
A os dezenove vi minha mãe morrer.
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