It should have been good
It should have been great
But the timing was a disgrace
It may have been mine,
it may have been your mistake
Does it matter who is to blame?
- Corvus & Draco, Blame
— Steve. — Jack disse, tirando o loiro de seus pensamentos. — Temos que conversar.
E Steve temia por aquele momento, ficou se torturando à noite, imaginando quando seria que Jack falaria sobre o assunto. Ele não era do tipo que dava voltas, porém, sempre ia direto ao assunto. Steve quis que ele tivesse um pouco de senso pelo menos uma vez.
— Ok. — Ele disse, como se não fosse nada demais, mas seu coração batia rápida e fortemente dentro de seu peito.
Ele seguiu Jack pelos corredores da escola. Era hora do intervalo e ele sabia exatamente para onde eles iam.
A árvore que ficava atrás da escola deles, marcando os limites da quadra e da área preservada, era uma grande macieira. Os dois costumavam se sentar ali durante o almoço, jogando conversa fora. Às vezes, Jack traria sua câmera fotográfica e ele tiraria fotos das flores e dos insetos que encontrasse naquele dia. Verdade seja dita, haviam mais fotos de Steve tiradas nesses dias do que da natureza, mas isso não vem ao caso.
Jack parou embaixo da macieira e checou se não havia ninguém por perto. Ele se virou para Steve, sério. — Eu… Eu não posso aceitar os seus sentimentos por mim, Steve. — Ele disse, logo desviando os olhos. Steve já sabia a resposta, honestamente. Ele não esperou, por momento nenhum, que a resposta fosse positiva, então por que doía tanto?
— Ok. — Ele disse, desviando os olhos de Jack.
— O problema não é que você tem sentimentos por mim. — Disse Jack. — É só que… Eu estou confuso. Eu preciso de tempo e…
— Você não precisa tirar a desculpa de “não é você, sou eu”. — Disse Steve. — Eu entendo, você não quer mais andar comigo. Eu não te culpo.
— Você ouviu alguma palavra do que eu disse?
— Ouvi, em alto e bom som. — Disse Steve. — E eu estou te dizendo que eu entendo, não precisa criar nenhuma desculpa.
— Por que você sempre tem que aceitar que o pior vai acontecer? Por que você nunca tenta olhar pelo lado positivo?
— Que bosta de lado positivo? Qual é o lado positivo dessa situação? Eu perdi o meu melhor amigo por causa dos meus sentimentos estúpidos, eu fui rejeitado, eu estou sozinho agora.
— Deixa de ser dramático, Steve. Até parece que você não tem outros amigos. — Disse Jack. — Você sempre foi desse jeito, sendo dramático por qualquer coisinha. Você realmente espera que eu seja bonzinho depois do que você fez comigo ontem?
O que ele havia feito? Steve não sabia dizer. Teria sido a confissão?
— Você me beijou, Steve. Você me beijou sem perguntar se estava tudo bem, e adivinha só: Não estava. — Jack disse, lágrimas brotando em seus olhos. — Você sempre assume que a situação que apareceu na sua cabeça está certa, você sempre se preocupa tanto consigo mesmo que acaba esquecendo que os outros também têm sentimentos.
Ah. O beijo. Havia algo realmente de errado? Quer dizer, havia sido muito importante para Steve, sim, mas ainda assim, era só um beijo. Por que Jack estava com tanta raiva?
— Foi só um beijo.
— Não foi só um beijo! Deus, como você pode ser tão idiota? — Jack disse, levantando a voz. — Como você se sentiria se alguém aparecesse do nada e te beijasse? Como você se sentiria se um de seus outros amigos só chegasse e te beijasse sem explicação nenhuma? Aquilo não foi legal, Steve.
— Você está sendo dramático.
— Você não entende! — Jack disse, as lágrimas finalmente caindo. — Quer saber? Eu não vou tentar ser delicado agora, eu vou contar a verdade para você: eu não poderia, de maneira nenhuma, aceitar os seus sentimentos porque você só sabe ter pena de você mesmo! E também, porque você ainda não entende.
Jack saiu daquele lugar, esbarrando fortemente em Steve ao fazê-lo. Quando ele já estava bem longe, Steve só sentia um vazio desgostoso em seu peito. Ouviu um assovio.
— Uau, isso foi rude. — Disse uma voz familiar. Virando-se, Steve encontrou Molly, sua colega de turma e amiga desde a terceira série. Ela tinha a pele negra, os cabelos cacheados curtos e coloridos de azul e verde, os olhos castanhos. — Não que não seja verdade, mas foi rude. — Disse ela. Brutamente honesta, também.
Steve não conseguiu nem sentir raiva por ela estar escutando a conversa deles. Ainda estava processando o que havia acabado de acontecer com Jack. Molly aproximou-se. — Sabe. — Disse ela, erguendo as sobrancelhas. — Não é legal roubar beijos dos outros.
Steve sabia daquilo. Ele sabia muito bem que não era legal, sabia que não era algo bonito de se fazer. Na verdade, ele fizera aquilo por completo impulso, não fora de propósito. Ele sabia daquelas coisas, mas, como Jack havia dito, ele não compreendia totalmente porque ele estava daquela maneira. Sim, não fora algo legal. É, fora o primeiro beijo dele. Fora o primeiro de Steve, também. Será que esse era o problema? Será que era isso?
Molly encarou-o, sua expressão limpa de qualquer emoção. Ela era como Jack, nunca lhe mostrava seus sentimentos, seus pensamentos. Steve já estava cansado disso. Estava cansado de sempre ter que adivinhar as coisas.
Ele se separou de Molly, seguindo para a área preservada da escola. Ele não queria ter que olhar para ninguém, não naquele momento. Ele precisava de um pouco de tempo para avaliar sua vida, no momento.
E talvez ele faria uma ligação, também.
Comments (0)
See all