Era inverno, mas as chamas que saiam daquela igreja davam a sensação de, não só um verão dos mais quentes, mas um inferno que teria subido para a superfície. Contudo, talvez fosse isso que estivesse acontecendo.
Na frente desta igreja, estavam aqueles que iriam acabar com o caos que se espalhou pelo local, os chamados exorcistas, os que tem o trabalho de acabar com os males dos outros mundos, impedindo-os de devastar as criações de Deus; o universo e todos os seres que o habitam. Prontos para invadir o solo que já não era mais sagrado, puseram-se a frente a comandante e seu vice comandante, um casal de exorcistas.
Ele, Hyde, com seu 1,83 metro de altura, vestia roupas que deixavam clara a sua patente, que era uma das mais altas do esquadrão de exorcistas, possuía um cabelo grande no topo da cabeça, mas deixava amarrado nas missões para não atrapalhar sua visão. Sua arma era uma espada longa, no estilo das antigas espadas do exército europeu na idade média.
Ao lado de Hyde estava Flaire, uma mulher de 1,68 metro de altura, que usava roupas que tinham o mesmo design das roupas de Hyde, pois ambos estavam lado a lado em suas patentes. Ela era uma mulher muito bela, seus cabelos lembravam brasas ardentes, também amarrado para não atrapalhar suas lutas. Todos a chamavam de Espada Flamejante e sua arma era uma katana longa.
Talvez seu marido ficasse ofuscado devido ao brilho que Flaire possuía, mas ninguém poderia culpá-la, mesmo sendo de patentes iguais, Flaire fazia parte dos maiores exorcistas da época, sua força e destreza eram incomparáveis, mas Hyde não se importava, na verdade, sempre ficava determinado para ficar ao lado de sua esposa e usava ela como inspiração para ficar mais forte.
Com suas armas em mãos, arrombaram as portas da igreja.
Estava tudo coberto por chamas, pilares caídos, corpos sem vida no chão e sangue espalhado até mesmo pelas paredes. No centro de tudo, havia uma criatura de aproximadamente dois metros e meio, com chifres curvados, asas que poderiam cobrir seu corpo inteiro, olhos negros e veias saltadas em volta dos olhos. Sua presença era esmagadora, e a maioria dos soldados hesitaram ao ver a criatura monstruosa. Aquela criatura era um demônio, e com base no cenário que criou, não estava para brincadeira, mas isso não botou medo no casal que estava na linha de frente.
Flaire se colocou numa postura de líder, levantou seu braço para o alto e o abaixou rapidamente, indicando aos soldados que deveriam atacar. Uma luta intensa de trinta soldados contra apenas um demônio começou, o que eles não tinham noção era da capacidade deste demônio. Para cada soldado que chegava perto, o demônio usava suas garras para fatiá-los em vários pedaços sem nenhuma dificuldade. Suas mãos cheias de sangue faziam a criatura criar uma feição de prazer no rosto, como se esquartejar corpos fosse uma diversão. Hyde, ao ver seus soldados sendo aniquilados, tomou partida para o ataque. Com sua espada em mãos, partiu em direção ao pescoço do demônio, esperando cortar sua cabeça de uma vez só, sua velocidade era impressionante, mas o demônio desviou com facilidade. Flaire, estava alguns metros longe do demônio, em sua posição de ataque, começou a preparar o seu.
—Que o sol permita que seu calor paire sobre minha espada, que minha lâmina seja banhada com suas chamas poderosas. Venha a mim, Morte Súbita!
Ao dizer estas palavras, Flaire saiu como um raio de luz flamejante em direção às pernas do demônio, o fogo em volta dela era como um espetáculo de fogos de artifício, a beleza e maestria em seu ataque eram de outro mundo.
O demônio ficou surpreso vendo uma mulher tão poderosa a ponto de arrancar uma de suas pernas, sua face medonha abriu um sorriso de orelha a orelha, finalmente alguém estava a sua altura. Abrindo suas asas, gerou uma pressão no ar tão forte que apagou todas as chamas dentro da Igreja, os poucos soldados que estavam vivos, ficaram paralisados com a risada macabra que o ser maligno soltava, mais e mais alta. Flaire esboçava uma feição de raiva, dava para perceber a sua vontade de cortar cada pedaço daquele servo das trevas.
Limpando o sangue de suas mãos, o demônio olhava para Flaire com uma expressão curiosa, ele parecia mais feliz do que o normal, dizendo com sua voz estridente:
—Curioso... Nunca vi uma mulher com uma criança em seu ventre, participar de exorcismos... Você, por acaso, se importa com essa criança?
Flaire ficou confusa, não entendia, seu marido, muito menos, ambos olharam um para o outro e não sabiam nem o que dizer. O demônio aproveitou a situação para atacar diretamente a Flaire, e utilizou uma de suas magias para aprisionar ela naquele espaço e poder atacá-la livremente, com isso, começou a dar socos e chutes na mulher, sabia que podia fatiá-la naquele momento, mas queria vê-la sofrer, gritar de dor, porque aquilo era o que lhe dava mais prazer. Hyde, vendo sua esposa sofrer daquela maneira, não podia ficar parado, pegou sua espada e foi gritando em direção ao demônio, sua velocidade estava cada vez mais rápida, até chegar ao ponto do demônio não conseguir acompanhar sua velocidade, com isso, Hyde começou a dar voltas muito velozes em ao redor do demônio, fazendo uma corrente de ar extremamente forte para prender o demônio. Hyde sabia que isso não duraria muito, mas seria o bastante para levar sua esposa para o canto do salão e falar com ela uma última vez:
—Eu sei que aquilo não vai conseguir segurá-lo, eu sei que você não tem muita força agora, mas só você tem o que é necessário para matá-lo de vez. Sei que demônios são manipuladores, mas eu já desconfiava que você estava esperando algo grandioso... Eu preciso que você viva, portanto, espero que entenda o que vou fazer agora. Eu te amo. - Hyde terminou o discurso dando um beijo em Flaire, que com lágrimas no rosto, mesmo não querendo aceitar aquilo, sabia que pelo bem dela e de seu filho, teria que deixá-lo.
Após este momento, Hyde colocou a espada em sua mão direita e cortou a palma de sua outra mão, deixando o sangue escorrer pela lâmina, gerando um brilho de cor lilás por onde escorria, criando também uma aura em volta de si. Se colocou em posição de ataque e correu em direção ao demônio novamente, sua velocidade aumentou ainda mais, fazendo-o praticamente teleportar de uma ponta a outra do salão, acertando o demônio em cheio no peito. Hyde, após isso, desceu a espada com toda a sua força, fazendo um corte certeiro no demônio; sangue começou a espirrar para todo o canto, a criatura fez uma expressão de dor e ódio ao Hyde, um ódio tão forte a ponto de abrir sua boca de uma forma irreal e assustadora, mordendo e arrancando a cabeça de Hyde, depois cuspindo para fora, com uma expressão de nojo, dizendo que aquele soldado não prestava nem para ter um sangue apetitoso. Flaire levantou na hora, seus olhos estavam completamente tomados por uma luz amarelada e poderosa, sua aura tinha mudado, possuía chamas por seu corpo todo, até mesmo seus cabelos estavam para cima e seus dentes cerrados de puro ódio e rancor, estava tão tomada pelo ódio que quando se movimentava, mal dava para vê-la, só era possível ver uma mancha ardente por todo o salão, de um lado para o outro, até chegar na frente do demônio sem ele notar. Flaire começou a cortá-lo em vários pedaços, parte por parte, e o sangue do monstro espirrava para todos os lados. Seus dedos, braços, pés, pedaços das pernas, todos estavam sendo espalhados para vários cantos da sala e queimados logo após. Era uma cena tão violenta, que nem o demônio, servo de satanás, podia acreditar que um terrestre seria capaz de fazer isso.
Então com seus últimos resquícios de consciência, caído no chão, começou a dizer umas palavras que soavam estranho para Flaire, mas não se importava com mais nada, só queria fincar a espada na cabeça do monstro, que não parava de murmurar.
-Eu rogo por ti, senhor das trevas, permita que as maldições caiam sobre esta criatura, que sua mente seja tomada pelo caos e que seu corpo se torne semelhante ao meu e de todos os seus súditos. Eu prezo por sua força, meu senhor, pai dos demônios, Lúcifer, filho caído de Deus.- Terminou de dizer, já sem membros e quase sem vida.
Flaire cansou de ouvir seus resmungos e fincou de vez sua katana na cabeça do demônio, dando um fim a criatura e finalmente dando paz ao local, mas não conseguia ficar satisfeita, sabendo que seu amor teria sido brutalmente assassinado, porém, ao mesmo tempo que estava frustrada, sabia que aquilo era necessário para o nascimento de sua criança.
Alguns meses após o incidente, estava Flaire em trabalho de parto, na casa de sua mãe que já havia sido enfermeira. Infelizmente Flaire havia perdido muito sangue, fazendo com que não tivesse mais forças para seguir, pois o hospital ficava muito longe daquela casa no campo e o parto tinha sido muito de repente, ela só teve tempo de ver a face de sua criança, que para a sua surpresa, havia nascido com os olhos negros.
O nome dela era Helena.
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