Reality sucks
Aren’t dreams always better
Than what is in front of us?
- I know, Corvus and Draco
Não demorou muito para que Steve encontrasse o contato que procurava. O nome exótico da deusa nórdica, Hel, aparecia em sua tela enquanto a chamada se iniciava.
Ele provavelmente cometera um erro, agindo daquela maneira com Jack, e ele precisava de alguém para escutá-lo. Ele estava com raiva, mas será que havia sido correto fazer aquilo com seu melhor amigo?
Não, o que ele estava dizendo? Jack não havia considerado os seus sentimentos por sequer um segundo. Por que ele sempre deveria se importar com os sentimentos dele se ele nunca tentava entender os de Steve?
Jack era sempre assim. Ele era uma pessoa fria, desapegada emocionalmente, o completo oposto de Steve. Era ele quem sempre que tinha que cuidar dos sentimentos de Jack, sempre tinha que tentar não irritá-lo, não machucá-lo, andando sempre na ponta de seus pés para não agredir suas emoções.
Aquela raiva não era de agora. Vinha se acumulando dentro dele, mais e mais a cada dia.
— Alô? — A mulher perguntou, do outro lado da linha.
— Oi, Hel. — Steve disse, sua voz trêmula. — É o Steve. — Você pode falar agora?
— Na verdade não, mas eu percebi que você precisa muito. — Ela disse, do outro lado da linha. — Pode falar.
Steve nunca fora muito bom com palavras. Ele preferia não dizer às pessoas o que estava acontecendo dentro de sua mente e de seu coração. Ele preferia deixar seus sentimentos sozinhos, trancados em um quarto sem luz. Era muito mais fácil as pessoas gostarem de você se você não mostrava o seu lado feio para elas.
Mas naquele momento, ele não se importou se ela estaria vendo o seu lado feio. Ela já havia o visto, não é mesmo? De que adianta tentar se esconder?
Ele contou tudo que havia acontecido até ali, até mesmo recontando algumas coisas que ela já sabia, para ter certeza que ela entenderia o que estava acontecendo.
— Olha, Steve. — Disse Hel, depois de tudo o que ele tinha dito. — Eu acho que você está errado nessa.
E era isso que ele temia escutar. Como ele agiria, agora que ele fora um bosta e discutira com Jack, defendendo um ponto de vista que estava errado, não importa o ângulo em que fosse visto.
— E agora, o que eu faço? — Disse Steve, fungando.
— Oras, peça desculpas. Embora eu ache que ele não vai querer te ver tão cedo assim. — Disse Hel.
Steve mordeu o lábio. E agora, o que faria?
— Dê um tempo ao garoto. — Hel suspirou. — Pense no que ele te disse. É verdade? — Ela perguntou. — Se for, como você pode melhorar isso? Seja sincero consigo mesmo e com ele, é o melhor a fazer. Agora, eu realmente preciso ir. Podemos conversar mais tarde.
— Ok, obrigado, Hel.
— De nada, Steve.
Steve desligou o celular, fungando. Já estava quinze minutos atrasado para a primeira aula do dia.
Bom, era melhor que não fosse. Não conseguiria assistir às aulas naquele estado, de qualquer maneira.
Abraçou suas pernas e deitou sua cabeça nos joelhos. Seria mais fácil se ele fosse… normal. Se ele não tivesse esses sentimentos estúpidos por um garoto. Seria mais fácil se ele pudesse simplesmente desaparecer da face da Terra, ou voltar no tempo e impedir que tudo aquilo houvesse acontecido.
A culpa era dele. A culpa era toda dele.
Ele desbloqueou o celular, escrevendo uma mensagem para Jack.
“Desculpa”
Tocou na tela para que a mensagem fosse enviada, e não demorou muito para que fosse recebida, mas não visualizada. Ele soltou um suspiro. Um simples pedido de desculpa não mudaria nada, ele sabia, mas era o primeiro passo. Se ele quisesse realmente voltar ao que os dois eram antes, tinha que seguir os conselhos de Hel, e de alguém mais.
Procurou o contato do irmão no celular. Ele e Jack eram parecidos; talvez ele conseguisse ajudá-lo.
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