— Café. Preto como minha alma — Camila disse para a atendente.

— Então você quer dizer rosa e brilhante como sua alma — disse Isabela, um sorriso nos lábios, e tentou beijar o rosto de Camila, mas sua namorada desviou.

— No momento, ela está negra e borbulhando de raiva — bufou, agradeceu a atendente e pegou seu troco, saindo da fila. Isabela a seguiu.

— É sério isso, Mila? Você ainda tá chateada com aquela bobeira?

— Aquela bobeira? Você tava dando em cima da menina!

— Não, não tava! Ela tava dando em cima de mim!

— E você tava deixando!

— Mas é claro! Eu não sabia que era flerte, pra mim ela só queria uma nova amizade!

— Sério? A gente tava num bar gay! Você acha que alguma mulher ali tá interessada em amizade?

— Ah, Mila. Você sabe como sou lerda. Não se lembro do dia em que nos conhecemos? Você literalmente teve que falar que tava flertando comigo depois de quê? Vinte, trinta minutos de conversa, quando você decidiu que precisava ser direta senão eu não perceberia?

— "Quão estúpida você é pra não perceber que estou dando em cima de você?" — Camila se lembrava da exata frase que dissera naquele dia. Sorriu.

— Quão estúpida você é pra não perceber que você é a única pra mim? — Isabela indagou.

Camila corou e sorriu. Pegou a mão de Isabela e acariciou-a. Sua namorada puxou-a para um beijo, ainda segurando suas mãos.

— Quão estúpida você é pra não perceber que estou te pedindo em casamento? — Isabela perguntou e levou seu olhar para a mão direita de Camila, onde uma aliança brilhante fora colocada enquanto estavam de mãos dadas. Camila seguiu o olhar de sua namorada e encontrou o anel. Sorriu enquanto lágrimas enchiam seus olhos. Camila estava boquiaberta, incapaz de pronunciar uma palavra.

— Você ainda não respondeu — disse Isabela, um quê de preocupação em sua voz.

— Quão estúpida você é pra não perceber que a resposta não seria diferente de um "sim"?

I sabela sorriu e puxou sua namorada para um beijo. O café de Camila chegou com um "parabéns" e um coração desenhado no copo.