A bolsa está ali, jogada na cama, aberta mas ainda vazia.
O sol mostra-se prestes a nascer e as preocupações mantêm-se revoltadas na mente de Ilídia. Como poderia fugir de casa?! Passa horas olhando para a janela, desejando que a lua nunca fosse embora. Por um momento, isso parece até ser possível – a festa de noivado tinha sido cancelada pela chuva que começou repentinamente. Não por ter molhado tudo – um feitiço qualquer daria um jeito nisso, mas aquela não era uma mudança de clima normal. Esgueirando-se por entre seus familiares, ouviu alguém xingando o oráculo e dizendo que a noite seria entediantemente longa.
Enquanto todos dormem, o céu logo exala calmaria e a tranquilidade lunar. Contudo, a medida em que lua desaparece, a criança fica cada vez mais apreensiva perante a tempestade que habita seu coração.
O sol floresce no horizonte no momento em que Ilídia coloca as primeiras peças de roupa na bolsa. Isso indica, claro, que se atrasaria. Assim que põe algum dinheiro roubado do pai em um bolso lateral e armazena um pouco de comida no espaço que sobra, sai de casa pela janela. O ar da madrugada refresca e dá ânimo a Ilídia, que tenta pensar em nada – para não acabar desistindo daquela loucura que está fazendo.
Nenhum Treze parece ter dormido, não que eles realmente precisem disso. Apenas o líder da manada permanece deitado no chão, aparentemente inconsciente. O resto, quando a menina chega, se levanta para recepcioná-la. Doze, extremamente menor comparado aos outros, aparece no centro do círculo que fizeram a volta dele ao mesmo tempo.
É a hora. Não tem mais como voltar atrás. Vá para Alter, lá encontrará algumas respostas. Boa sorte. uma voz soa em seus ouvidos, a princípio, do oráculo.
Como se os Trezes tivessem ouvido e entendido, o alfa do grupo acorda e se levanta. O chão estremece, igual a um terremoto. O gigante líder se aproxima de Doze e Ilídia e curva o Poço das Almas em sua direção. Amedrontada pela primeira vez perante a eles, ela não se mexe. Doze, pelo contrário, entra dentro da boca dele. Como se a criatura estivesse impaciente, a menina é sugada para o vazio. A última coisa que lembra de ter visto foi algumas pessoas aparecendo de dentro da floresta, correndo.
Alter, a capital de Karma, éimpressionante!
É possível descrevê-la como o sonho de um grande arquiteto concebido em mármore e ouro. Enquanto imponente Callun transparece rapidez, dinamicidade e um tanto de agressividade, Karma parece representar arrogância, fascínio e ostentação. Todas as edificações são enormes, robustas. As ruas são um labirinto organizado e cheio de ramificações, mas todas elas focalizam a localização do palácio. Árvores de pedra circunda toda a zona urbana, as mais fortes são utilizadas como torres de vigia.
Ornamentos arquitetônicos em ouro, prata, bronze ou latão obviamente indicam a classe social do lugar ou dos proprietários. As paredes frequentemente abrigam jardins orgânicos verticais, alguns anúncios mágicos com pessoas se mexendo e veios escuros no interior – tubos minúsculos dentro da estrutura, canais pelos quais os moradores pagam seus impostos com mana. Os karman, em geral, são capazes de pequenas proezas mágicas e as de grande impacto são relegadas aos mensageiros dos deuses Hor. Ilídia nunca ouviu falar de outros magos que não fossem eles, o que pessoalmente sempre achou estranho.
Que segredos aquelas ruas de pedra guardam sobre si?
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