03° Estrofe
A cidade da Academia de magia da costa na costa sudoeste, a três mil seiscentos e quarenta quilômetros do Teto do Fulguração tinha um dos maiores centros educacionais de Propasa. Nobres e ricos de Licorne e países vizinhos mandavam seus filhos para lá, por sua excelência.
O abundante fluxo mágico no mundo de Propasa proporcionava efeitos e elementos desconhecidos para nós, como as pedras de nuvens que formam as ilhas flutuantes. A ilha dos magos da costa flutuava a mais de um quilômetro de altura e era presa a sete diferentes ilhas e o continente por meio de gigantescas correntes com elos de quase dez toneladas de metal encantado com milhares de feitiços.
Uma dúzia de correntes menores prendiam pequenas outras ilhas flutuantes onde a magia peculiarmente abundante, produziu resultados curiosos como ilhas aonde é sempre verão e ao lado outras cobertas de neve em um inverno perpétuo. Por fim quatro largos rios alimentados pela lagoa quosa terminavam em belas cachoeiras em cada canto da ilha derramando água no mar. O que fazia da ilha uma das mais belas vistas da região.
Na ilha principal onde fica a cidade mágica vivia Safira Zorro de Auará . Uma simpática pajem, com olhos dourados, cabelo castanhos pelos ombros e pele cor de canela, ao seu lado vinha sua meia irmã marquesa, três meses mais nova e também chamada Safira Auará, era um pouco mais alta, tinha cabelo bem longo, e traços mais delicados, detalhes que só os mais íntimos percebiam, pois, a maioria era incapaz de diferenciá-las quando separadas. A Safira marquesa era carinhosamente chamada de Marquesinha pela família e amigos.
As duas irmãs eram filhas do arquiduque Turquesa de Auará, apesar de ser reconhecida oficialmente, a sociedade ainda as tratava como ilegítimas.
Um dos seus passatempos prediletos era pegar uma prancha flutuante a e apostar corrida por baixo da ilha, desviando dos pedregulhos flutuantes e raízes em alta velocidade. É uma atividade de grande habilidade, pois além de controlar o bote é necessário fazer feitiços e encantamentos rápidos para se evitar os fragmentos de rochas flutuantes em alta velocidade, ainda mais que muitas raízes e rochas mágicas reagiam imprevisivelmente. Podiam desde brilhar em clarões de luz a lançar raios elétricos e se atraírem pela magia. Isso sem falar nos ataques dos outros participantes, pois trapaça era permitida. Não era incomum que os alunos se ferissem e até mesmo morressem.
Era uma tradição se reunirem na última semana de aulas no mirante oeste onde os corredores saltariam com suas pranchas e voariam por toda a ilha principal até o mirante leste.
Claro que os administradores não gostavam nada daquilo, as famílias não economizavam vidas inteiras para pagar as altíssimas tarifas da academia para terem seus entes queridos devolvidos em caixões. Como muitos alunos vinham de famílias nobres e influentes, a academia passou a pagar indenizações astronômicas para o caso de óbito dos alunos e passou a ter políticas rigorosas em relação as corridas e outras brincadeiras perigosas dos alunos. Mesmo assim todas as medidas acabaram se mostrando ineficazes.
A administração finalmente jogou a toalha e hoje em dia quando se inscreve na academia, os pais ou responsáveis assinam um acordo liberando a instituição de qualquer responsabilidade em consequência oriunda de atividades extracurriculares não aprovadas e agora simplesmente lavam as mãos sobre a corrida.
Safira tinha uma meio irmã algumas semanas mais nova com o mesmo nome carinhosamente chamada de Marquesinha. Ela foi escolhida para erguer sua varinha de condão e lançar um rojão para o início da corrida.
“Vamos que vamos! Bazoom!” Safira gritou soltando um feitiço de vento para pular a cerca do mirante e se segurar com apenas dois dedos. “Discurso! Queremos discurso!”
Os outros alunos começaram a repetir. “Discurso! Discurso.”
Marquesinha olhou em volta com um sorriso bobo e limpou a garganta. “Hoje começa o primeiro dia de férias. Como eu, muitas chegaram a maioridade e este final de semana festejarão o bom fará e seremos legalmente adultas.”
“Vamos poder encher a cara! Shakalaka!” Safira gritou com um feitiço de gelo que explodiu uma bola de neve e a galera acompanhou com gritos, assovios e palmas.
“Alguns de nós estão se formando em um modulo e no próximo período começarão outros cursos em outros módulos e infelizmente não seremos colegas no próximo período. Temos até quem está se formando de vez e pode ser que nunca mais vamos nos ver de novo.” Ela ergueu a varinha, lançou um feitiço de relâmpago e gritou. “Por isso não estraguem a festa morrendo seus idiotas! Krakapow!”
Os participantes que esperavam segurando a cerca de segurança subiram em suas pranchas e deslizaram pelo barranco pegando velocidade.
Em vez de caírem puxados pela gravidade continuaram deslizando pela ilha até ficarem completamente de ponta cabeça.
Imediatamente os espectadores seguiram a segunda tradição da corrida. Correr por cima da ilha gritando e rindo até o mirante onde os corredores chegariam. Os alunos mais avançados usavam feitiços de transporte e quase imediatamente surgiam no mirante, enquanto os outros usavam o que tinham a sua disposição.
Eram feitiços de reforço para correrem rápido e saltarem por cima dos prédios da academia. Vassouras voadoras, tapetes, livros enormes e todo tipo de objeto absurdo apenas para serem engraçados.
Sem falar nos que convocavam criaturas mágicas ou se transformavam em animais para irem mais rápido. Era uma algazarra só.
Enquanto isso Safira e os outros voavam por baixo da ilha. O que não era nada seguro.
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