05° Estrofe
Tudo acontece por uma razão.
É nisso que os orgulhosos filhos de Yrkel acreditam.
A estrada é o seu lar. Assim como o vento não pode ser enfrentado, pois não para, para ser enfrentado, eles nunca param. Pois suas almas caminham ao seu lado como animais espirituais.
A magia do fluxo abundante no mundo de Propasa não proporcionou apenas dragões, ilhas voadoras e lagoas mágicas. Ela afetou profundamente os humanos que desenvolveram habilidades peculiares além de controlar magia.
Existem muito poucos como nós que não possuem poderes ou características mágicas e são chamados de xuraquianos. A maioria das pessoas possui habilidades como as dos antigos povos das lendas nativos americanos.
Alguns são teriantropos. Povo fera com a habilidade mágica de se transformarem em animais, assim como os lobisomens que se tornam lobos gigantes.
Outros nascem com animais espirituais que os acompanham por toda a vida ou ligados a elementals da natureza capazes de se transformar e cobrir seu corpo com pedra, gelo e até plantas.
Existem muitas peculiaridades para cada espécie, tanto físicas quanto culturais.
Por exemplo, os abangaras que se transformam em pássaros, estão entre os povos com mais habilidade mágica. Devido a sua afinidade com magia se dedicam a carreiras relacionadas à mágica, por isso é comum vê-los a frente de instituições como a associação de magos.
Consideram sua forma humana como fraca por isso raramente se encontra algum deles fora de sua forma de ave. São considerados arrogantes e convencidos por isso é muito raro se receber um elogio deles. Evitavam eventos que atraiam várias raças como o festival do bom fará.
Outras raças que compartilhavam essa mentalidade eram os cavalos voadores, os flazyas, os homens elefante, os ullars e os homens cobra, os btons . Não apenas evitavam sua aparência humana como se isolavam em comunidades só com seus pares.
Por outro lado, havia as raças que evitavam ser vistos em suas formas animais, principalmente entre os nobres de Licorne, como os tromoques que se transformavam em bovinaes como cabras, touros e antílopes. Os teriantropos são capazes de mudarem para três formas, a humana, a venna que é intermediaria entre humano e animal, e pôr fim a forma primus onde se tornam praticamente uma versão maior de um animal.
Ilha Bela era uma yrkeriana, uma das chamadas raças espirituais por terem parte de sua alma na forma de animais que os acompanham desde o nascimento a morte, chamados de atairus. Semelhante ao conceito mitológico nórdico do fylgja, o atairu é um espírito na forma sólida de um animal que reflete a personalidade e essência da pessoa, caçadores destemidos têm atairus na forma de predadores como lobos, ou aves de rapina, pessoas alegres e brincalhonas têm micos e papagaios, por ai vai.
Como a maioria dos descendentes dos povos antigos de Licorne ela se assemelhava entre os povos nativos americanos e polinésios. Era dos povos do norte com costumes e vestimentas que lembravam os das tribos norte-americanas.
Nasceu durante uma visita a uma ilha paradisíaca, por isso foi o nome de Ilha bela. Tinha olhos ferozes, cabelos negros e lisos, e a pele dourada. Sua primeira palavra foi “meu” e dela nasceu a atairu na forma de falcoa, Olhos de Águia, sua melhor amiga. Sua arma favorita foi o arco e seu desejo era de se tornar uma guerreira.
Curiosamente assim como as transformações dos povo fera, os animais espirituais se assemelham a fauna terrestre e não possuem contraparte equivalente em Propasa. Com a exceção de poucas espécies que acreditam ter sido trazidas por teranos. “Como cães e gatos.”
Tal afirmação não possui nenhuma base factual já que teranos que vem de um mundo sem mágica, trazendo avanços científicos, culturais, novas espécies de plantas e animais são puramente mitológicos.
Ilha Bela da tribo Tikucry , das planícies Tucandeiras nasceu durante uma viagem e sua família se hospedou em uma ilha paradisíaca. Era filha de Água Profunda que tinha uma macaquinha atairu chamada Salto Veloz e Corredeira que tinha como atairu, o urso preto Garra Afiada. Tinha dois irmãos, Espinho de rosa com a garça atairu Dourada e Fogueteiro com a onça atairu Gatita.
Um ano antes da idade mínima para o bom fará, o ritual da maioridade, pode se pode fazer os testes de maturidade. Poucos tentavam os testes nessa idade e menos ainda passaram na primeira vez.
Na noite em que as titânides Imeda e Alvorada atravessavam Licorne, acompanhadas de milhares de gotas de estrela, ela foi lançada no céu para pegar sua gota de estrela e cair no mar.
Ela colheu doze ovos de cocatrices, animais cujo olhar transformava em pedra e preparou um dificílimo suflê que triplicou suas habilidades.
Enfrentou um monstruoso aôni sozinha e passou em terríveis testes de matemática e outros assuntos.
Ilha Bela conseguiu o direito de se tornar uma adulta, teria seu bom fará e não dormiria mais nas cabanas das crianças. Finalmente seria uma guerreira.
A única coisa que faltava era ser apresentada aos deuses no templo de Mora e pela nova tradição as sacerdotisas só aceitavam a partir de dez anos. Mas isso não era nenhum problema já que ela podia trabalhar com os adultos.
Não podemos esquecer que o tempo passava diferente em Propasa, com dias mais longos e anos com quase o dobro dos nossos, dez anos por lá é equivalente a dezoito por aqui.
Em seu vestido cerimonial ela parecia uma indiozinha de pele dourada e olhos ferozes, toda arrumada para ocasião, com um vestido de algodão todo enfeitado com franjas, mocassins bordados e um penacho com longas contas enroladas nas tranças dela.
A caravana levou três semanas para chegar ao templo de Mora, a cada parada, mais um clã ou uma tribo se juntava. Na tribo asterisco todas as mulheres eram tanzeks , um similar de maga e curandeira, todas em sua tribo tinham gaivotas. Era estranho ver uma tribo onde todas tinham a mesma espécie de animal espiritual.
A primeira raça de fora, foram os esreques . Quando dizem que parecem ser gigantes de pedra não estão brincando. Eles são grandes, com pele escura e alguns tem rachaduras pelo corpo aonde se via uma cor um pouco brilhante.
Assim como yrkerianos tinham espíritos animais os esreques possuíam um vínculo com a natureza, e era fácil ver quem estava mais conectado com seu espírito Elemental, pois pareciam estátuas de pedra, os mais bonitos tinham sua forma humana normal, mas suas peles eram como puro mármore.
Ilha Bela costumava separá-los pela cor que se viam nas brechas em seus corpos, os elementals da terra ela chamava de verdes, possuíam uma pele parecida com granito.
Os vermelhos do fogo faziam Ilha Bela lembrar-se de lava vulcânica brilhando pelo mármore escuro.
Os azuis da água possuíam uma pele que parecia rocha do mar.
Os brancos do ar possuíam um constante vapor saindo de suas frestas.
Ilha Bela sentia uma sensação de segregação pela falta de variedade em sua tribo. As tribos só possuíam um único Elemental e se entrosavam mais com outras raças como tromoques e yrkeriano do que com esreques de outro elemento.
Ela ouviu histórias sobre tribos misteriosas de esreques, com elementals diferentes como relâmpago e trevas, mas não acreditou. Como as crianças esreques não tinham diferença das outras crianças gostava de pensar que os elementals esreques eram como os animais espirituais e se fundiam com eles para terem essa forma.
O comentário geral era que o teste esreques era rigoroso demais comparado às outras tribos.
Aquilo deixava Ilha Bela triste e zangada, pois queria se provar fazendo o que fosse mais difícil.
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