12° Estrofe
Assim as Safiras conheceram suas melhores amigas. A sexta princesa de Licorne Rubi Iómpampé e a Condessa Margarida de Calêndula. Ambas do grupo de isoladas da nobreza.
Rubi era completamente fora da linha de sucessão ao trono, sempre a lembravam que era uma peça para negociação política, tinha uma diferença de idade muito grande dos outros irmãos, o que fez dela a única criança e para piorar seu pai morreu quando era pequena e quando seu irmão mais velho que assumiu o trono teve filhos sua importância foi para o ralo.
Eles eram os legítimos os príncipes e princesas do reino e logo ela não passaria de apenas uma tia velha com um título pomposo sem o verdadeiro valor de uma princesa.
Margarida fazia parte dos nobres das “terras esquecidas.” Tinham terras em lugares distantes e desinteressantes. No caso dela era considerada a pior de todas, pois o condado de Calêndula era onde morava o dragão titânico Barriga Amarela e ninguém ia para lá.
Aliás pouca gente sabia que o condado sequer existia, pois, toda região era chamada de península Barriga Amarela, mesmo na maioria dos mapas.
Crianças nobres são instruídas pelos pais a sempre andarem com futuros potenciais parceiros de negócios e sem nem intenderem isso obedecem.
Uma curiosidade é que as quatro acabaram ficando juntas por terem posições sociais desfavoráveis. Nas festas e reuniões da nobreza elas sempre estavam no grupo dos isolados e acabaram ficando amicíssimas.
A autoproclamada alta classe e seus filhos mimados descontavam suas frustrações judiando dos outros. As quatro acabaram sendo alvos e mesmo que a maioria dos alunos plebeus não soubesse, que Marquesinha e Rubis eram nobres, acabaram se identificando com elas e as apoiando contra os alunos nobres e ricos.
Não demorou para perceberem que Arima era uma nugac. Infelizmente a maioria das pessoas não eram legais com nugacs, mas elas tinham um ótimo relacionamento com minorias, fracos e oprimidos.
Isso fez com que gostassem dela e o fato de que quase nunca saia da cidade no templo de Mora fazia com que se identificassem ainda mais com ela.
Ela gostou da atitude entusiasmada delas, mas duvidou um pouco sobre suas histórias de realeza.
“Incrível!” Arima falou. “Sua história se parece muito com a do príncipe valente que rouba dos ricos para dar aos pobres.”
“Ei sei. Shakalaka!” Safira pulou excitada. “Eu estou louca para encontrá-lo e contar isso para ele. Somos almas gêmeas. Eu mesma não gosto das injustiças do mundo.”
“Cuidado que o príncipe valente pode ser seu irmão.” Margarida deu um sorriso maldoso. “Sabe como o tio Turquesa tem namoradas em todo lugar.”
Safira ficou aflita. “Não fala isso!”
Rubi deu de ombros. “Não te enerves Safira. Sabes que a Margarida não acredita em nada publicado pelo Notícias populares de Licorne.”
Marquesinha concordou. “E papai não é o único nobre que sai pelo mundo tendo filhos bastardos.”
Margarida riu.
Arima contou que nasceu no templo de Mora, a deusa do amor e recebeu todo amor das sacerdotisas e moradores da cidadela.
O lugar era considerado um paraíso na terra por ser deslumbrante e pacífico. Mas não havia muitas crianças ou atividades para se fazer no templo além de limpar, cozinhar e ler. Arima devorou a enorme coleção de revistas e almanaques para magos e fazendeiros que havia na biblioteca.
Ela aprendeu a ler cedo e depois que achou um velho cetro jogado fora começou a fazer feitiços sozinha que aprendera em livros.
Por ter vivido toda sua vida no templo de Mora, Arima ansiava fervorosamente para conhecer o mundo. Não que lhe faltasse alguma coisa, o templo tinha uma cidade dentro dos seus muros e o constante tráfego de mercadores e viajantes providenciava uma variedade de artigos maior do que muitas cidades grandes.
A grande maioria das pessoas que iam morar na cidade templo eram viúvas, em sua maioria mulheres cujos filhos já haviam crescido e saído de casa. Era raro que viúvas jovens com filhos pequenos aparecessem. Quando não havia festivais e caravanas, a cidade era praticamente habitada por mulheres idosas e amorecos.
Os amorecos eram hucha s. Fiéis que após a morte assumiam a forma de uma criatura familiar a um deus, para servi-los para pagar por seus pecados e poderem reencarnar ou ir para Hanã Pacha, o paraíso. Faziam trabalhos estruturais e estavam por toda parte.
Às vezes Arima se escondia deles e tentava se infiltrar no meio dos viajantes se disfarçando com máscaras e fingia que era um deles, mas algumas vezes descobriram e foram bem ruins com ela. Principalmente as crianças.
Nunca contou para ninguém, pois não queria incomodar. Ela até começou a sentir uma emoção com o risco de ser pega e foi ficando cada vez mais atirada e falante.
Elas se identificaram ainda mais com Arima pois também não podiam sair muito, precisavam se disfarçar e foram judiadas por moleques idiotas.
Sua mãe era a sacerdotisa Angá. Uma das mais famosas sacerdotisas do amor do templo de Mora. Era uma amenani, chamados de fadas do gelo, pois não têm nenhum problema em morar no topo de uma montanha coberta de gelo. Não que a cordilheira tivesse gelo.
Angá tinha a pele branca, olhos azuis como safiras e cabelos negros que de acordo como refletia a luz, parecia ter um brilho azul.
Cabelo negro. Um dia Angá encontrou o homem mais lindo que já viu em sua vida. Sem dúvida era um tipo de malandro, uma criatura mágica que podia se transformar e pregar peças nas pessoas, pois mesmo com todas as precauções e medidas anticoncepcionais ela engravidou e quando Arima nasceu não era nenhuma gracinha.
Mas Angá, sua mãe achou que ela era linda.
Assim como seu tio Arrepio que estava sempre brincando e convidando Angá para sair com ele.
Quando Arima ficava doente, tio Arrepio passava o tempo todo do seu lado e quando precisava, ele saía correndo atrás de remédios. Não importa quão raro ou difícil de conseguir fosse.
Arima se sentia muito sortuda pelas pessoas que conhecia.
Comments (0)
See all