Intermissão
Mimi não parecia muito satisfeita.
“Não está gostando da história?”
“Só acho que tem muita gente.”
“Bem… Foi assim que aconteceu. Mas se quiser posso deixá-los de lado.”
“Não faz isso não.” Ela pediu. “Outra coisa. Tenho uma pergunta sobre os nobres.”
“O que te incomodou?”
“Eu pensei que pajem fosse um tipo de babá. Nos desenhos elas são, tipo empregadas das princesas, mas o Tiovô disse que são nobres.”
“A é! Na sua idade ainda não ensinaram o que são títulos nobiliários na escola.”
“Ensinam isso na escola?”
“Quando eu era professor eu ensinava.” Dei de ombros. “Vamos começar com pajem, que é uma palavra com vários significados.”
“Então é uma palavra polissêmica. Poli significa muitos em grego e sêmica eu não sei.”
“Mas já sabe muito. Sema significa sentido em grego. Polissemia é uma palavra com muitos sentidos. Você está com tudo hoje menina.”
Ela balançou a cabeça com uma expressão arrogante. “A Mimi aqui só tira nota dez.”
“Pois bem. Pajem realmente é tudo o que disse. Também é a criança que carrega as alianças no casamento, um funcionário que acompanha uma pessoa viajando a cavalo, o marinheiro responsável pela limpeza e no caso da Safira, a mais baixa posição da nobreza.”
“Então os empregados dos nobres eram outros nobres?”
“Sim. Não era raro que a pajens e damas de companhia das princesas fossem parentes próximas. No caso das Safiras, uma meia irmã.”
“E como funciona o ranque deles?”
“Geralmente se diz hierarquia e não ranque.” Expliquei. “O mais baixo era o título de pajem, ou escudeiro. Em seguida o título de cavaleiro, também chamado de lorde ou madame, que estão no mesmo patamar. Acima temos baronete, barão, visconde, conde, marquês, duque, grão-duque, arquiduque, em alguns casos infante, príncipe e rei. Em alguns países ou existem outros títulos como regente, conde barão e grão príncipe no caso de impérios pode existir um príncipe real, príncipe imperial e é claro o imperador.”
“Acho que eu preciso anotar isso. É muita coisa.”
“Eu demorei para decorar títulos nobiliárquicos e militares. Não se preocupe com isso. Eu te deixo a par durante a história.”
“E se alguém morre os outros sobem de cargo?”
“Isso!” Eu ri. “É uma hierarquia consanguínea. Quando o pai do visconde morre, ele vira o conde.”
“Mas então a corte real é uma grande família e só se entra dentro casando?”
“Não. Uma pessoa comum que realiza grandes feitos para nação pode receber o título de lorde ou cavaleiro e através de novos feitos subir de ranque e comandar terras.”
“Comandar terras, como assim?”
“Na maioria das monarquias, todas as terras eram propriedades nos nobres. O rei, o conselho imperial e coisas assim concediam uma vasta quantidade de terras para os nobres governarem. Esses eram os baronatos, condados, marquesados e etc. Mesmo após o fim da monarquia em muitos países, continuaram usando as delimitações de terra e até hoje chamam algumas regiões de condado, marquesado e etc, mesmo após deixarem de ser colônias e monarquias.”
“E agora o Tiovô sabe qual é a hierarquia?”
“Varia de lugar para lugar. Em Licorne a ordem da hierarquia dos títulos de nobreza era: Pajem, cavaleiro, baronete, barão, visconde, conde, marquês, duque, grão-duque, Arquiduque, príncipe, regente, rei que neste lugar também é o imperador.”
“Eles eram como prefeitos e governadores que em vez de serem votados ganhavam o cargo como herança?”
“Isso acontecia bastante. Em muitos casos prefeitos e governadores eram cargos hereditários concedidos aos nobres.”
“Então, toda essa gente tem que morrer pra que um pajem vire rei?”
“Não exatamente! Um Pajem que seja filho de um arquiduque pode assumir o lugar do arquiduque e depois se tornar rei. Dependa das circunstancias.”
“Então a duquesa é uma princesa?”
“De certa forma sim. Geralmente príncipes também possuem o título de duque.”
“E todos os nobres neste mundo eram povo fera? Digo, teriantropos?”
“Em Licorne eram a maioria. Em outros países haviam nobres de todos os grupos.”
“Entendi.” Ela deu um sorriso satisfeito. “Então continua com a estória.”
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