01° Estrofe
Ilha Bela observava cada grupo que se unia as caravanas ela observava as garotas que iam para o ritual da maioridade.
A maioria tinha entre dez a doze anos, muitas falharam várias vezes nos testes antes de se provarem merecedoras. Quando lhe diziam isso ela costumava pensar que estavam apenas sendo gentis, como um consolo prévio caso falhasse, mas elas realmente tinham falho.
Em Licorne o ritual da maioridade acontecia no em que completariam dez anos. Como Propasa é um planeta maior que o nosso, possui quatrocentos e noventa e dois dias por ano e cada dia tem trinta e seis horas, por isso essa idade era próxima a dezoito anos na terra.
Havia um ano entre a idade mínima para se fazer os testes e a idade mínima do bom fará, mesmo assim a maioria só terminava os testes após quatro anos.
As tribos de sédras eram famosas pelo fato de todos serem feiticeiros e terem uma protuberância na testa. Após a proibição do exercício das profissões de magos pela rainha parafina, eles começaram a abandonar Licorne e naquele ano, provavelmente não haveria nenhum mago no festival.
Os tromoques tinham a habilidade de se transformar em bovinos, assim como a maioria dos tsonomes se transformavam em canídeos e alguns poucos em felinos. A maioria deles não eram nômades nem tinham tribos, vinham de cidades grandes para prestarem homenagem a tradições antigas, mais por diversão do que por honra.
Esse tipo de gente deixava Ilha Bela Fula, por isso não gostava dos rekana s, não havia mais nenhum nas planícies Tucandeiras, nenhuma tribo, nenhum ritual ou prova, compravam as gotas de estrela sem nenhum esforço. Não gostava nem de olhá-los.
Chegando ao último ponto de parada antes do templo viu que não havia ninguém como Ilha Bela. Conseguir o bom fará antes de completar dez anos era um feito raro entre os tucandeiros.
“Eu deveria me sentir melhor do que todo mundo.” Disse para Olhos de Águia. “Não é mesmo?”
Durante a reunião a noite ela viu Doces Sonhos e seu tigre espiritual Garras de Aço. Até mesmo os maiores guerreiros esreques se sentiam intimidados. Doces Sonhos foi a mais jovem líder da união das tribos, indicada pela própria avatar da deusa Alvorada em pessoa.
Era a pessoa que Ilha bela mais admirava no mundo. Seu sonho era ser como ela. Mas era tímida demais para se aproximar e não sabia o que falar.
Aquela noite dormiu ansiosa e acordou bem tarde. Era a única na cabana. Em longas viagens, tucandeiros sempre levavam seus equipamentos para caçar e pescar carne fresca, sem falar na possibilidade de encontrar bandidos pelo caminho. Ela não esperava realmente encontrar problemas, mas era divertido se preparar.
Em uma praça a frente um grupo de pessoas estavam sentadas em frente a um homem falando. Ele era grande e forte o que chamou a atenção dela que se juntou a pequena multidão. Rapidamente ela mexeu em sua bolsa e começou a anotar em um papel o que ele dizia.
“A essência da magia é a própria essência do universo. O tempero do cosmos.” O homem falava teatralmente. “O fluxo da magia dos homens e o caos da magia dos dragões existem em toda matéria do universo. No ar que respiramos, nas roupas que usamos, na comida em que comemos e até em nossos sonhos e pensamentos. Usar magia é se unir com o cosmos.”
Ilha Bela se interessou e se sentou-se entre a multidão e ouviu a explicação.
O homem explicou que a magia vem do fluxo, que é dividido em cinco tipos de “especiarias” em sua forma física. Vermelho, verde, azul. Negro e branco. Toda magia vem de uma combinação disso.
Alguns magos acreditam que o fluxo não está em todas as coisas, mas que tudo é feito de uma combinação das cinco especiarias.
Ele mostrou um cartaz com vários pentagramas e explicou que assim como as cinco cores do fluxo, existem cinco manifestações de magia.
A magia do caos usada pelos dragões e alguns feiticeiros malucos.
Elemental utilizando os elementos alquímicos, agua, ar, terra, fogo e Éter.
Espiritual emprestando as forças dos espíritos e psionica utilizando as forças do próprio espirito.
Taumaturgica que utiliza poderes primais ou energia divina como alguns preferem dizer, na natureza ou emprestada dos deuses.
E a magia arcana que manipula diretamente o fluxo.
Independente da manifestação, magia é feita em cinco formas principais: Convocações, poções, objetos mágicos, encantamentos ou maldições e é claro, feitiços. Alguns colocam profecias, mas não são comuns o suficiente para dizer que são parte das principais.
Dizem que existem numerosas limitações que segrega determinados tipos de magia para um seleto grupo de pessoas. Que é necessário nascer com um dom especial que as pessoas normais não possuem para fazer magia,
No entanto existe uma classe de magos que permite que qualquer um possa fazer magia do mesmo modo que um arquimagos. Não importa quem seja, ou o tipo de magia que seja.
“O que?” Ilha bela levantou a mão atraindo a atenção de todos. “Quero dizer… Está dizendo que até eu, uma mulher, posso fazer magia de pajé?”
“Sim!” Ele afirmou com a cabeça. “Os feitiços são como receitas culinárias. Alguns grupos possuem suas comidas típicas, mas não quer dizer que você não possa fazer magias de abarangas , wroloques , btons e até abadaris .”
Ilha bela olhou desapontada. “Então um homem pode fazer magias de uma tanzek ou coisa assim?”
“Não! Mas só porque é contra a lei. Dizem que apenas mulheres podem fazer magias de tanzeks, mas isso é uma bobagem que veio de uma longa tradição que acabou se tornando em uma superstição sem sentido. A ideia que mulheres controlam melhor alguns feitiços por serem serenas e ponderadas não passa de uma ridícula imposição de gêneros. Todo mundo possui os mesmos estados da mente existem homens poéticos e sensíveis como existem mulheres violentas e rijas.”
“Está dizendo que qualquer um pode se tornar um mago abadari e mover montanhas com um aceno de mão.”
“Essa coisa de abadaris movendo montanhas é um tanto exagerado. Os mapas não costumam ser alterados com frequência. Mas com bastante estudo, esforço e dedicação, é possível se tornar um abadari.”
“Mas isso precisa de dedicação pra vida toda e existem perigos de se usar magia demais.” Ilha bela ficou decepcionada.
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