03° Estrofe
Caminhando pelas ruas do teto do Fulguração as meninas foram brincando em barraquinhas e experimentando comidas novas.
Rubi mostrou sua incrível habilidade com a besta ganhando dragõezinhos de pelúcia para todas em um jogo de tiro ao alvo.
As quatro garotas eram teriantropos, vulgarmente chamados de povo fera. Elas se transformaram e correram pelo parque em suas formas primus semelhantes a animais e se divertiam como nunca. Principalmente porque em pouco tempo seriam adultas e iam aproveitar seu tempo como crianças da forma mais divertida o possível.
Em clima de festa nico os levou até sua barraca na praça onde seus colegas estavam vendendo todo tipo de produto.
“Gente, quero que conheçam minhas colegas de banda Alda e Quena. Olha só quem está na barraca também.” Nico veio com um sorriso. “Cauã eu quero que você veja esses dois.”
“Arrepio! Montenegro!” Ele os abraçou com um sorriso de orelha a orelha. “Que surpresa maravilhosa! Mas o que fazem aqui neste fim de mundo?”
“Bancando a babá!” Montenegro riu. “Se lembra da minha afilhada Rubi? Você fez uma apresentação do seu show de marionetes no aniversário dela.”
Gavião esfregou os olhos. “Mas não é possível. Como cresceu. Virou uma mulher linda.”
“Obrigada!” Rubi riu.
“Cauã, gostaria de lhes apresentar uns amigos.” Está é a Acácia, esposa do arquiduque Turquesa de Auará. Lembra dele do caso da baleia voadora. Sua filha Safira, sua dama de companhia Ametista com a outra Safira e as acompanhando Arima a sobrinha do Arrepio e já conhece a Margarida é claro.”
“A família do Turquesa! Eu amo aquele sujeito. E não é que se parecessem com ele mesmo?” Ele deu uma risada e se voltou para as mães. “Caramba, mas o Turquesa tem bom gosto mesmo. Se beleza matasse, agora eu estaria indo para o túmulo com um sorriso.”
“Mas, você é amigo do Turquesa e do Nico mesmo.” Acácia riu. “Muito prazer em conhecê-lo.”
“Essas duas eu já conheço. Se não é a doçura da margarida e minha pequena mascarada.”
“Já se conhecem?” Arrepio se surpreendeu. “Arima é a dona do coração deste pobre servo e está a irmã do Arrepio. Índigo, sacerdotisa do Vento Azul!”
“Sua irmã?” Ele arregalou os olhos. “Você é adotado Prudente?”
“Não esculacha Cauã!” Arrepio bronqueou.
“Desculpa Arrepio, mas você é feio feito bater na mãe e sua irmã é muito gracinha.”
“Obrigada!” Índigo riu.
Arrepio se dirigiu a sobrinha. “Arima não contou como conheceu o Cauã pro tio.”
“Ah! Foi o mestre que vendeu a poção de cura com gosto gostoso.” Arima pegou um frasco da banca e mostrou.
“Gosto gostoso?” Safira abriu um dos frascos e deu uma cheirada. “Shibabau! Vocês realmente fizeram uma poção de cura que não tem gosto ruim?”
“Pode acreditar, minha linda.” Gavião deu uma piscada. “Temos uma coisa genial aqui.”
Safira deu um soquinho no braço dele. “Estávamos vendo a sua aula. O mestre é diferente de todos os magos que eu já vi. Bazoom!”
“Bazoom. A explosão de vento.” Ele reconheceu. “E você já viu muitos magos?”
“Shakalaka! Eu moro na academia de magos da costa, a coisa que mais vejo são magos. E eles vêm em duas variações: Chato insosso magricela e chato nauseante gorducho.”
“Esses são magos acadêmicos, que moram em torres e trabalham para condes, duques e reis. Eu sou um mago naturalista. Aprendi magia com meu bom amigo Sabek o Arara dourada enquanto corríamos o mundo com nosso bando de aventureiros.”
Os olhos dela brilharam. “Krakapow! Isso parece incrível.”
“Na verdade, é bem mais comum do que pensa. A maioria das pessoas aprende magia de magos andarilhos e muitos acabam se tornando magos andarilhos como eu.”
“O mestre é um mago poderoso?” Rubi perguntou.
“Poderoso?” Nico riu. “Esse é o grande Gavião Negro, nós caçávamos dragões. Quando escutavam falar sobre o Pica-pau Amarelo e do Gavião Negro os bandidos corriam de medo. Fomos grandes aventureiros.”
“Espere um minuto.” Ilha bela se intrometeu. “Você falou em Sabek o Arara dourada! Você, o Gavião negro e o Nico o pica-pau amarelo são os mesmos Gavião negro e o Pica-pau amarelo do bando do Carcará Branco?”
“Quantos pica-paus amarelos acha que existem por ai? Eu mesmo.” Ele deu uma risada. “E o correto é a ordem do Carcará Branco.”
“Então você conhece o condor azul, a arara dourada, a arapuã vermelha, o tucano…”
“Sim! Sim! Toda a bicharada. Eu era um deles.”
“Não se esqueçam de mim.” Nérius apontou pra si mesmo. “O Búteo de calda vermelha.”
O queixo da Safira e da Rubi quase caíram. “Eu sempre achei que você era O Pica-pau Amarelo por pura coincidência, mas é um membro da ordem do Carcará branco?”
Arima falou espantada. “E no manual diz que o Gavião Negro é um ladino, não um mago.”
“Mudei de profissão desde aquela época.” Gavião ergueu uma sobrancelha. “Que manual é esse?”
“O manual dos aventureiros.” Arima suspirou desapontada. “Justo hoje ficou em casa. Puxa tio. Têm que começar a contar pra Arima que conhece gente incrível.”
“Nérius também mudou de profissão.” Nico deu uma cotoveladinha. “Agora está em um cargo mais diplomático, longe das batalhas.”
“É mesmo?” Gavião se surpreendeu. “Quem diria. O que deu em você?”
“Depois que me deram um título de Barão, comecei a pensar em me acomodar um pouco. Até me ofereceram um casamento arranjado, para ter alguns filhos e entrar em um clã.”
Nico e Gavião trocarem olhares. “Você? Casar e ter filhos?”
“Ué?” Nérius encolheu os ombros. “Por que a admiração?”
“É que você sempre foi romanticamente interessado em homens. É meio estranho pensar em você casado.”
“O que uma coisa tem a ver com a outra? O povo vive fazendo casamentos por conveniência sem nenhum interesse romântico. E olha só vocês dois.”
“Nós dois?” Eles se entreolharam. “O Nico é viúvo, mas eu nunca me casei.”
“Eu quero dizer, que em todos esses anos, já vi os dois entrando e saindo de uma dúzia de relacionamentos com mulheres cada. Mas estão sempre juntos e nunca brigaram.”
“Como não? Brigamos o tempo todo.”
“Vocês não brigam. Ficam se bicando como um casal velho.”
Quena e Alda apontaram rindo. “É verdade!”
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