Uma garota de dezessete anos, com somente a perna esquerda e estatura baixa, chamada Índigo, acorda, dentro de seu quarto, nas profundezas. O quarto é bem simples, tem somente uma cama e alguns conjuntos de roupas, velhos e sujos. Ao acordar, Índigo começa a sua rotina de exercícios. A sua grande maioria são compostos por exercícios de braço, peito e costas.
Ao terminar, ela pega seu bastão e sai do quarto. A porta de seu quarto abre para um pequeno corredor, com cinco portas, de cada lado. O final desse corredor da para um salão, razoavelmente grande, com três sofás e uma mesa em seu centro. Das portas a frente de Índigo, saem duas garotas, Anil, uma garota de dezesseis anos, com algumas, pequenas, cicatrizes no rosto, e Violeta, uma garota de quatorze anos.
— Bom dia. — Diz Índigo.
Enquanto Índigo fala, Anil acena com uma de suas mãos, enquanto esfrega seu rosto, cansado, com a outra.
— Bom dia. — Diz Violeta, enquanto abraça Anil.
Índigo segue pelo corredor, apoiando-se em seu bastão, e ao chegar no salão senta-se no sofá. Ela é acompanhada por Anil e Violeta que sentam, ao seu lado, no sofá, com Violeta ao meio.
Índigo tira um papel, de seu bolso. O qual menciona um mapa, imundo e amassado, que será largado e esquecido no dia trinta e dois de despertar. O papel também menciona a dádiva dada aqueles de coração fraco. No canto do papel está escrito: “Ass. I.”.
Ao terminar de ler o seu conteúdo, Índigo amassa a folha e a aremessa em cima da mesa. neste momento, entra no comodo um homem de aperencia extremamente bonita, ele tem dezenove anos e possui uma cicatriz na testa, que é, em parte, coberta pelo seu cabelo.
— Hoje é o dia. Vou me encontrar com a peça que falta. — Diz índigo.
— Você deveria ter mais cuidado com as suas coisas. Coisas. — Diz o garoto, que queima o papel ao encostar seu dedo nele.
Percebe-se que enquanto ele não fala, seu rosto expressa muitas feições, o que ressalta mais a beleza do garoto, mas quando ele fala seu rosto forma um sorriso gentil e aconchegante.
— Amarelo, seu trabalho já não é fácil o suficiente?
Enquanto Índigo fala, Amarelo coça sua testa, de forma discreta, no local de sua cicatriz.
— Índigo. — Diz Violeta.
Índigo respira fundo, enquanto olha para Violeta. Em seguida, ela passa alguns segundos em silêncio e diz:
— Eu não vou fazer vocês esperarem mais. Será no dia trinta e oito. Avise os outros que amanhã teremos uma reunião.
Violeta senta no colo de Anil, que começa a escovar seu cabelo. Enquanto isso, Índigo prende seus olhos na grande porta de aço, que tranca o salão. Alguns segundos se passam e a grande porta, abre. Índigo levanta do sofá e, apoiada em seu bastão, ela caminha para fora da sala, enquanto Violeta fica para terminar de ter seu cabelo escovado.
Logo quando ela dá seus primeiros passos para fora, ela enxerga um grande salão, imundo, cheio de mesas, canos velhos e com um grande buraco no teto do ambiente que ainda está meio escuro por ser muito cedo. Atentando melhor a visão, ela enxerga um garoto, com um olhar vazio, e a multidão de pessoas que mora nas profundezas, se aglomeram ao seu redor. Conforme ela se aproxima, escuta-se as diversas apostas sobre quando ele iria se suicidar.
Índigo chega na mesa onde ele está sentado e senta frente a ele.
— Se você vai ficar se lamentando pelo resto dessa coisa, miserável, que você chama de vida. Me de ela! Vou fazer muito bom uso. — Diz Índigo.
Antes de Ciano conseguir entender o que está acontecendo, Violeta sai correndo de dentro da sala e senta-se ao lado de Índigo a abraçando com força.
— Índigo... Família? — Diz Violeta.
— É o que vamos ver.
Quando a multidão vê o grupo de Índigo se aproximando, eles começam aos poucos se afastar.
Ciano respira de forma profunda enquanto assisti Índigo acariciar a cabeça da garota.
Ele nem mesmo teve tempo para absorver o seu sofrimento, e já havia sido abordado por uma garota de personalidade forte.
— Eu gostaria de desfrutar do meu sofrimento, antes de passar o resto da minha vida apodrecendo aqui.
— Isso é um desperdício de toda a sua utilidade. Eu posso te mostrar como o mundo é de verdade. Eu tenho a capacidade e determinação para realizar seus desejos! Mas não trabalho de graça.
— O único desejo que eu tenho, agora, é o de morte… Perneta.
A expressão no rosto de Índigo enrijece e ela põe a mão em seu bastão. Com o balançar de seu bastão, nota-se os músculos definidos de seus braços, e com força ela acerta o rosto de Ciano, quebrando seu nariz e o deixando desnorteado.
Enquanto Ciano está caído, Índigo se levanta e anda com calma em direção a Ciano. Chegando ao lado dele, ela para e senta no peito de Ciano. Depois de se sentar, Violeta, que estava ao lado dela, corre, novamente, e se agacha ao lado de Índigo.
— Seu rosto não é tão bonito com a nariz quebrado... Bom, no final das contas, você nunca deve ter passado de lixo, para ser derrotado por uma dádiva. — Diz Índigo.
Quando Ela termina de falar, a garota ao lado dela estende a mão.
— Bate! — Ordena Índigo.
Ciano estende o braço, e dá um tapa fraco, na mão da garota. Logo em seguida, ela levanta, se prepara, e acerta um chute no maxilar de Ciano.
— Não machuca família! — Exclama a Violeta.
— Não precisa se preocupar, Violeta. — Diz Índigo, com um sorriso calmo e tranquilizante.
— Eu conto uma história depois. — Afirma Violeta.
— Obrigado.
Índigo levanta, apoiando-se em seu bastão e Violeta toma um pouco de distância. Enquanto as duas se movem de volta para o outro salão, Anil corre na direção de Ciano, entregando, para ele, uma carta. Ao ver Anil correndo, Violeta fica preocupada, e se bota ao lado dela.
A carta, que Ciano recebe, é bem bonita. Ela é perfeitamente dobrada e fechada com um cordão, que abraça todos os quatro lados do papel. No canto inferior esquerdo está escrito “Para: Ciano.”.
Ciano abre a carta, e em seu conteúdo está escrito: “Eu gostaria de me desculpar, pelo comportamento das duas. Se possível, considere com carinho a proposta de se juntar a nós. Prometo-lhe que esse tipo de coisa não ocorrerá com frequência. Ass: Anil.”.
Ciano observa, com um olhar confuso, o grupo de garotas, que se distancia. Ele fica extremamente confuso com o que aconteceu e a única coisa em seus pensamentos é “o quê?”.
As três, garotas, apresentam-se, novamente, no sofá do salão, de seu grupo. Violeta, novamente, se coloca entre Índigo e Anil, abraçando as duas, bem apertado, enquanto Índigo acaricia sua cabeça.
— Hora da história. — Diz Violeta.
— Qual vai ser a história?
— Dragão! — Afirma Violeta, com empolgação
Índigo sorri, e os olhos de Violeta se enchem de brilho. A garota começa a contar sua história, sobre um dragão, que mora em uma montanha, tão alta que rasga as nuvens. O dragão é sábio e bondoso. Julga as pessoas, somente, pelo seu coração puro e suas boas intenções. O dragão havia perdido um amigo, e ofereceu todo o seu tesouro para aquele que o encontraria. Muitas pessoas alegaram ter encontrado o seu amigo. Mentira traz de mentira, a confiança do dragão em humanos enfraqueceu. Cansado das mentiras, para ele contadas, o grande dragão devorou todos os mentirosos. Imerso em sua tristeza, ele pensou que ficaria sozinho. Porém, uma jovem adentra seus aposentos e proclama: “nobre dragão. Vim pelo seu tesouro, mas não poderei encontrar seu amigo.”. O dragão apontou, a ela, o seu olhar, desconfiado, e disse: “então, como tem a coragem de clamar pelo meu tesouro?”. A garota senta-se frente a ele e diz: “peço pelo mesmo tesouro, que um dia você deu a seu amigo... Temo lhe informar. Mas, sendo tal criatura, muitos amigos passarão pela sua vida. Você precisará seguir em frente e guardar as preciosas memórias que teve com eles.” O Dragão curva-se a garota e concede, a ela, seu desejo.
Enquanto Violeta conta a história, ela fica muito empolgada, mostrando seu sorriso, e com um brilho vívido nos olhos. Enquanto ela se entrem contando sua história, quase uma hora se passa, e Amarelo se aproxima, pelo corredor dos quartos.
— Violeta, o que é um dragão? Dragão. — Pergunta Amarelo.
Violeta olha para o queixo de Amarelo, fazendo uma cara pensativa e colocando sua mão no rosto. Depois de pensar por algum tempo, ela encontra a resposta e diz, enquanto aponta o dedo para seu rosto.
— Eu.
Amarelo coça, discretamente, a sua cicatriz, enquanto tenta entender exatamente o que Violeta quis dizer.
Enquanto isso, Azul, um garoto de dezesseis anos, com o lado direito do rosto, completamente, queimado, e cego do olho direito. entra na sala.
— Você não deveria se preocupar tanto com o que ela diz. — Diz Azul.
— Porque? — Pergunta Violeta.
— Você vê o mundo de uma forma diferente da nossa. Algumas das coisas que se aplicam a você não se aplicam a gente.
Violeta olha para o queixo de Azul, sem entender do que ele está falando. Em seguida, ela se lembra de alguma coisa, e dá um sorriso inocente, para mostrar que entendeu o que ele disse.
— Como vai o barulho? — Pergunta Índigo.
— Tem estado muito mais alto recentemente. Eu tive dificuldade para dormir, ontem.
Enquanto eles conversam, uma pessoa se aproxima, pela porta da sala. Enquanto observa a pessoa se aproximando, Índigo sorri, expressando um misto de felicidade e raiva. Quem entra na sala é Ciano, que ainda está com o nariz quebrado.
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