— Fazia tempo que não fazíamos algo empolgante. — Diz Azul.
O grupo de Índigo se move em direção a porta do salão principal. Dentre ele, Verde chama muita atenção, pois está carregando um saco, relativamente grande.
Quando eles se agrupam perto da porta Ciano pergunta:
— O que tem nesse saco?
— Meus livros. — Verde fala, de forma baixa e retraída. Agora bem mais audível.
Enquanto eles se agrupam na porta, Laranja anda pelos arredores da prisão a procura da espada da névoa.
Enquanto ela anda pelas passagens do complexo de prisões, ela se depara com um homem com uma espada bem chique na na cintura. Do outro lado do cinto dele um molho de chaves, com uma aparência muito bem cuidada, comparada com as chaves que se veem nas profundezas.
Laranja se aproxima, aos poucos, tendo cuidado, para que seus passos não façam barulho. Conforme ela se aproxima, ela escuta, com mais atenção, o barulho do molho de chaves balançando. Ao usar a sua magia, o molho de chaves, que já está próximo, acaba em sua mão e o barulho cessa, por alguns segundos. Nesse instante, o guarda para de andar e Laranja sai correndo, o mais silenciosa que ela consegue.
Ao virar o corredor, ela escapa do olhar do guarda, que vira o rosto em sua direção. Seu coração começa a bater mais forte, pois ela sabe, que pode morrer estando sozinha.
Ela corre pelo caminho que ela e Índigo traçaram, evitando o contato com guardas. No final do percurso, ela encontra a porta, que dá na sala do diretor da prisão.
Se aproximando da sala, ela pega o molho de chaves e usa a maior delas, que, por coincidência, abre a porta. Antes que o diretor consiga reagir, Laranja usa sua magia, tirando a manopla da mão do diretor. Ao pegar a manopla ela se vira, para fugir, em direção ao pátio principal. Quando ela se vira, passos começam a ser escutados, vindos do corredor.
Quando Laranja rouba a manopla da mão do diretor, Índigo dá o sinal e Amarelo começa a derreter a tranca da porta.
— Demorando muito. — Diz Violeta, enquanto dá um empurrão na porta.
Após o empurrão, com a fechadura parcialmente derretida, a porta se abre e todos os magos correm em direção a ela, em euforia.
Índigo se joga em Ciano, que a carrega. Neste momento, o grupo de Índigo corre em direção ao pátio principal, enquanto a grande massa de magos, se move sem direção. conforme eles seguem em frente, o movimento estranho, que Índigo enxergou, a incomoda, mas o grupo continua seguindo em frente.
Ao chegarem no pátio principal, o guarda, com a espada da pureza, bloqueia o portão da saída.
— Logo você, sendo responsável por essa fuga? — Diz o guarda.
Índigo dá uns tapas no ombro de Ciano, e ele a coloca no chão. Então, Índigo se arrasta, devagar, pelo pátio e entristece seu olhar.
— Não fui eu. Passe fome por tanto tempo e sou inútil ao ponto de precisar de um bastão para andar. Não aguentava mais ficar naquele lugar. Quando arrombaram a porta eu simplesmente fugi, pois não sabia mais o que fazer. — Diz Índigo, ao ponto de quase se pôr aos prantos.
O guarda segue em frente, se aproximando de Índigo, e sua armadura prateada reflete o sol, o que dificulta um pouco a visão.
— Eu posso cuidar de você. Da mesma forma que eu te ajudei, alguns anos atrás. Mas tudo tem um preço. — Diz ele com um sorriso, quase sadista.
Enquanto ele dá um passo, para se aproximar mais de Índigo, ela balança seu bastão e acerta o pé dele, com força, a ponto dele cair no chão. Quando o corpo dele acerta o chão, o olhar de Índigo troca e começa a transbordar ódio. Neste momento, Índigo acerta o bastão na cabeça dele, com tanta força que afunda, um pouco, a cabeça e o deixa desacordado.
Índigo leva a mão ao cinto dele, em seguida, e tira a espada da pureza, de sua posse.
— Eu estou pegando isso de volta. Imbecil! — Diz Índigo.
— Vocês não acham que Laranja está demorando muito? — Pergunta Amarelo.
Índigo, preocupada, vira seu rosto e começa a procurar Laranja pela estrutura. Rapidamente, ela se depara com Laranja encurralada no complexo superior da prisão.
Vendo o rosto preocupado de Índigo, Azul começa a correr em direção ao complexo superior e é seguido de Amarelo, Verde, Anil e Violeta. Logo atrás deles, Ciano pega Índigo nos braços e os segue, enquanto Vermelho atravessa o portão de saída.
Subindo as escadas, bem polidas, do complexo superior eles chamam a atenção de alguns poucos guardas, que, simplesmente, os ignoram. Quando eles chegam ao andar onde Índigo havia visto Laranja, eles se deparam com o dono da espada da névoa e o diretor da prisão, que cercam Laranja.
Ela está segurando a manopla e, no momento, quase desesperada para encontrar um meio de fugir.
O dono da espada da névoa, avista o grupo de magos, subindo as escadarias e, rapidamente, percebe o que aconteceu.
— A sede de poder de Coral o sega com muita facilidade. — Diz o Guarda.
— Ocre, para de conversa e pega a minha manopla — Diz o diretor.
— Você não é diferente Roxo. Sua soberba é igual a dele e por isso você foi roubado. — Diz Ocre.
Laranja, tenta aproveitar a oportunidade, para correr em direção a seus companheiros. Mas, uma névoa espessa começa a preencher o corredor. Enquanto Ocre discutia, a sua espada liberava a névoa, que agora cobre todo o local.
Laranja continua a correr, mas ela tropeça, em algo, e cai no chão. Caída no chão, ela sente algo arrancar a manopla de suas mãos. Em seguida, ela escuta uma pessoa sendo derrubada no chão e algo, de metal, caindo no chão.
— Cuidado Laranja. Laranja. — Diz Amarelo.
Laranja, no desespero, usa a sua magia em direção ao barulho metálico e a manopla volta a suas mãos. Então ela volta a correr na direção que seus amigos estavam.
Amarelo olha ao redor da névoa e não consegue enxergar, mais de um palmo na sua frente. Ao virar seu rosto, a névoa se movimenta em sua direção e uma espada se forma em sua visão. Amarelo vê o fio da lâmina e não tem tempo de reagir. Então, a lâmina para na frente do seu rosto. Azul, que está atrás de Amarelo, segura a lâmina e fixa os olhos para frente.
— Para trás Amarelo. — Diz Azul.
Amarelo leva um soco na costela e Ocre puxa a sua espada de volta, sumindo na névoa. Amarelo recua e Laranja se bate com Anil. quando isso acontece, Roxo segura Laranja pelo ombro e acerta um soco no maxilar dela, sumindo na névoa, logo em seguida.
Azul cobre o rosto com seus punhos, observando o movimento da névoa. Vendo a névoa se mexer, ele dá um soco, que acerta o rosto de Ocre.
— Como? — Diz Ocre.
Ao som de sua voz, Ciano chega por traz dele, o imobilizando.
— Eu agradeceria, se você deixar essa passar. — Diz Ciano.
Ocre reconhece Ciano, como um dos recrutas que ele encontrou, durante o treinamento.
— Você está do lado deles agora? — Pergunta Ocre.
— Não. Só quero poder decidir quem está certo ou errado, com meus próprios olhos.
Com as palavras de Ciano, a névoa se dissipa. Assim, mostrando a cena de Índigo sentada em cima de Roxo. Ela está ao lado de Laranja, que está com alguns hematomas no rosto, e Anil.
— Falei, era só ter números. — Diz Índigo.
Quando Índigo termina a fala, uma grande quantidade de guardas começa a subir as escadas.
— Índigo, guardas. — Diz Violeta.
— Hoje não parece ser meu dia de sorte. — Diz Índigo.
Índigo vira seu rosto na direção de Ciano, mas antes que ela possa vê-lo, Ocre finge um desmaio.
— Vamos para o telhado. — Afirma Índigo.
Ciano, então, solta Ocre e carrega Índigo. Em seguida, correndo para o telhado, com o resto do grupo lhe acompanhando. Chegando no telhado, Índigo começa a pensar e alguma forma de sair. Cada vez mais, ficando sem tempo.
— Pensa em alguma coisa! — Laranja exclama.
— Eu tô tentando.
Índigo olha ao redor e não enxerga, qualquer forma de escapar, em segurança. Nesse momento, ela tem uma ideia.
— Laranja, larga a manopla. Vocês vão pular naquela janela. — Diz Índigo.
Índigo aponta para uma janela, de uma grande casa, ao lado. Em seguida, ela joga seu bastão pelo telhado e entrega a espada da pureza, para Azul, que pula na janela, sendo seguido de: Laranja, Verde, Amarelo, Violeta e Anil.
— Se eu morrer, a culpa é sua. — Diz Ciano, enquanto corre para pular do telhado.
Quando eles atravessam a janela, para dentro da casa, encontram Anil dormindo e sendo carregado por Violeta.
— Mas não é possível. — Diz Índigo.
O grupo desse as escadas da casa, e saindo pela porta, eles entram nos becos da cidade. Enquanto Ciano guia o grupo pelos becos da cidade, Índigo diz:
— Faz um desvio naquela direção.
Andando pelo desvio que Índigo informou, o grupo se esbarra em Vermelho, que anda, calmamente, pelos becos.
Ao chegar perto de Vermelho, Índigo segura ele pela sua camisa, com raiva esvoaçando pela sua boca.
— Seu vagabundo! Você pode ir embora para onde você quiser. Depois! Depois de cumprir a sua parte do acordo.
Vermelho desvia o seu olhar, tristonho.
— Se você tivesse sido presa ou morrido, eu não teria de cumprir a minha parte do acordo. — Diz Vermelho.
Índigo acerta um soco no rosto de Vermelho, para esfriar a cabeça.
— Vá embora. mas se você for, saiba que terá abandonado a si mesmo… Sinta-se livre para se sentir inútil e miserável. — Diz Índigo.
Ciano continua a seguir pelos becos e os outros o acompanham, um a um, passando por Vermelho. Seus rostos, desentendidos, observam Vermelho, não com pena, mas com melancolia. O olhar de Laranja, especialmente, o abraça, fazendo com que ele, novamente, sinta a semelhança entre eles e as lágrimas correm pelo seu rosto.
As costas de seus companheiros, o lembra das costas de seus pais, enquanto ele estava sendo levado. entre os braços de seus pais, ele enxerga um saco um saco de moedas de bronze, que é sacudido, algumas vezes, antes deles fecharem a porta.
Seus colegas se distanciando do seu olhar, o fazendo lembrar dos magos refugiados, que o abrigaram, quando ele havia escapado do esquadrão de caça. Em uma noite, os refugiados se mudaram e o abandonaram para ser capturado.
Por final, ele se lembra do grupo de amigos, que o abandonou, para ser detido, fingindo que eles não o conheciam.
Com essas memórias em sua mente ele, aos poucos, segue seus companheiros. Sentindo o vazio, que preenche seu peito, ele corre atrás deles, com suas lágrimas voando e ficando para trás, no caminho que ele percorre.
O grupo, passa pelos becos da cidade, para fugirem de forma despercebida. Conforme eles andam pelos becos, Índigo vê o rosto de Ciano mudar de faceta, quando eles finalmente passam perto de sua casa. O rosto dele demonstra ódio e chega até a ser algo meio assustador.
Saindo da cidade, dentro da floresta, o grupo olha para a o labirinto, gravando essa imagem em suas memória. voltando a caminhar.
— Estamos saindo da nação de Cobre e entrando em Grená. A nação dos magos, aproveitem a nossa estadia. — Diz Índigo.
Na noite desse dia, Ocre se encontra com Marfim, um garota de vinte e dois anos, que veste uma armadura cinzenta, com botas de cores diferentes. Uma cinzenta, da cor da armadura, e outra branca, com detalhes prateados. Nesse encontro, Ocre está acompanhado de Roxo, o diretor da prisão, que possui vinte e sete anos, que foi convidado por Ocre.
— Agradeço que tenha comparecido, Ocre. — Diz Marfim.
— Eu não poderia recusar um convite seu.
— Soube que houve uma fuga essa manhã. Tenho certeza de que você sabe de alguma coisa.
— Lembro-me de um recruta que pensa da mesma forma que Cinza e seu esquadrão. Mas ele é de alguma forma… Diferente. Não sei se a senhora concorda com essa linha de pensamento. — Diz Ocre, com um rosto sério e sorriso sonso.
— Roxo…
— Só lembro que eles eram muito bem organizados. — Interrompe Roxo.
— Que bom que recuperou a sua manopla. Agora saia da sala. — Diz Marfim.
Roxo se levanta e retira-se da sala, logo após Marfim pegar a sua xícara de chá. Então, ela a leva a seus lábios, dando um curto gole.
— Nunca mais chame outra pessoa quando receber um convite meu… Não é educado. — Diz Marfim.
Ela coloca a sua xícara no pires. Então ela se levanta e começa a tirar sua armadura.
— Sobre Cinza, não é meu trabalho monitorar as atividades dos outros majores. Mesmo aqueles aos quais eu discordo… A única coisa que quero saber, é o que você achou. Eu sei que pesquisou sobre esse incidente.
Ela termina de tirar a sua armadura e volta a sentar na poltrona. Pegando novamente a xícara.
— Nesse incidente, só duas pessoas fugiram, além da equipe que arquitetou a fuga. Um deles foi encontrado, mas não temos notícias dos outros. A única posse roubada, foi a espada da pureza. Não sendo intrigante o suficiente, eu encontrei os arquivos dessa espada, ela foi roubada por sua própria matéria prima.
Marfim desvia seu olhar a uma das botas de sua armadura e retorna seu olhar a Ocre.
— Nunca achei que Coral fosse competente o suficiente para ter ela. Mas foi ardiloso o suficiente para consegui-la. Continue com o bom trabalho para o qual eu o designei. Irei aumentar o número de marechais, para que não haja outra fuga… Se eu souber que você deixou outro grupo escapar, propositalmente, você está acabado.
Marfim estende a mão para que Ocre saia da sala, continuando a tomar seu chá, sozinha. Enquanto ela se mobiliza para lidar com os problemas causados pelo grupo de magos, fugitivos. Que no momento, atravessa a fronteira com a nação de Grená.

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