Todos do grupo de Índigo pegam seus pertences do quarto e Azul anda até a recepção, para pagar a última diária. Antes de Azul conseguir pagar, Índigo percebe um saco estranho, amarrado na mochila de Laranja.
— O que é esse saco na sua mochila? — Pergunta Índigo.
— São anéis. O pessoal dessa nação, adora usar esse tipo de coisa. — Diz Laranja.
Índigo começa a bater a cabeça na parede, para aliviar a raiva.
— Ela, não, para. Não é possível.
Quando ela termina de bater a cabeça na parede, ela pega o saco da mochila de Laranja e entrega para Pera.
— Mil perdões, por esse acontecimento. Ela possui esse péssimo hábito, mas tenho certeza de que ela não faz por mal.
Essas são as palavras de despedida dadas a Pera. Logo em seguida o grupo segue de volta para a floresta e demoram um dia para fazer a travessia.
O grupo sai da floresta e se aproxima pela parte de trás do labirinto. Quando eles chegam perto a parede, eles param e Ciano se confunde com o comportamento do grupo.
— A entrada não é desse lado. — Afirma Ciano.
Índigo, no colo de Ciano, sorri. Ela pede para Ciano se aproximar e ele fica bem próximo a parede.
— O labirinto não nega a entrada daqueles com convicção. — Diz Índigo, enquanto bate a mão na parede externa do labirinto.
Quando Índigo bate a mão na parede externa, uma passagem se abre, para o primeiro andar do labirinto. Mas quando o grupo a atravessa, eles não entram no primeiro andar. O grupo se encontra separados em diversos cômodos distintos.
Índigo se encontra em um quarto, que possui somente uma grande cama com dossel. As cortinas do dossel são azuladas e elas balançam com uma brisa suave, que não faz sentido, pois o quarto não possui portas ou janelas.
Índigo se aproxima da cama e deita nela, delicadamente. Quando Índigo deita, as cortinas se fecham, ainda balançando com o vento, e ela escuta uma voz vindo de fora das cortinas.
— Não cobro a passagem daqueles que compreendem. Mas sugiro que você escute o que tenho a dizer. O que você procura não está aqui. Você não deve avançar, com esse objetivo.
Com essas palavras, Índigo sente-se sonolenta, na maciez da cama e aos poucos a sua consciência se esvai.
Quando a consciência de Índigo se esvai dentro do quarto, ela acorda em uma paisagem de chão rochoso que se estende pelas laterais de um rio, de extensão infinita. Perto de Índigo, estão todos os outros, que acabaram de acordar.
— Alguém sabe como esse lugar funciona? — Pergunta Amarelo.
— Por enquanto, devemos explorar o local. — Quando Ciano termina de falar, ele bate seu rosto, em uma parede invisível, enquanto anda na direção oposta do rio.
Todos observam ele se batendo, enquanto Laranja da risada do acontecido.
— Parece que o segredo para descer é o rio. — Diz Índigo.
Eles olham o rio, passam por ele, nadam nele, mas nada parece adiantar. Passado um certo tempo, eles sentam ao lado do rio, para conversar.
— O que vocês acham de ver onde esse rio termina? — Pergunta Amarelo.
— Não vai adiantar. Pare de dar ideias inúteis. — Diz Laranja.
Índigo olha para a briga deles e sente que algo está um pouco estranho. Ela olha ao redor procurando algo que esteja estranho, mas nada no ambiente parece errado. Isso martela a sua cabeça, então ela decide dar uma volta.
Andando pela paisagem, ela segue na mesma direção do rio. Ela anda, apoiada em seu bastão, e depois de algum tempo de caminhada, ela volta aos seus companheiros, o que a deixa intrigada, pois ela não mudou de direção durante toda a sua caminhada.
— Como você foi parar desse lado? — Pergunta Azul.
Índigo, olhando o grupo um pouco mais de longe, tem, novamente, o sentimento de que tem alguma coisa errada. Nesse momento ela percebe que Violeta não está mais com eles.
— Alguém viu Violeta? — Pergunta Índigo.
Todos se entreolham e percebem que Violeta não está mais entre eles. Alguns ficam meio desesperados e outros ficam curiosos. Como ela pode ter sumido?
Neste momento, Ciano sente uma dor de cabeça, e acaba por fechar os olhos, por alguns momentos. Depois de algum tempo com os olhos fechados, ele começa a ver algo, mas instintivamente ele abre os olhos e o objeto que estava em sua visão, some.
Ao abrir os olhos, Ciano dá de cara com Anil, que põe a mão sobre o rosto de Ciano, preocupada com ele.
— Vocês acham que ela pode ter ido para o próximo andar? — Pergunta Verde.
Índigo leva a mão a cabeça, pensando na possibilidade.
— Ela estava conosco o tempo inteiro, você realmente acha que ela pode estar no próximo andar? — Pergunta Índigo.
Enquanto as outras pessoas discutem, Ciano, acompanhado de Anil, vai ao rio para lavar o rosto. Quando ele enche as mãos de água e fecha os olhos, para enxaguar o rosto, ele novamente encontra um objeto luminoso, em sua frente. Quando a água toca seu rosto, ele desmaia e cai para dentro do rio. Preocupada com ele, Anil vai a seu amparo, mas no momento que suas mãos tocariam seu corpo, ela percebe que ele não está mais lá.
Anil volta a sua mochila e escreve uma carta para Índigo. Quando a carta chega às mãos de Índigo ela lê em voz alta.
— "Ciano sumiu na frente dos meus olhos, quando ele estava dentro do rio. Tem de ter algo a ver com isso.".
Quando Laranja escuta a fala de Índigo, ela salta no rio e bate a cabeça no fundo dele.
— Você não disse que isso tinha a ver com o rio?
— Ela não é culpada de você ter batido a cabeça. — Diz Azul.
Índigo passa algum tempo pensando e tira a carta de I de seu bolso.
— O que se vê em um mapa em branco? — Pergunta Índigo.
— Nada? Nada. — Pergunta Amarelo.
— Exatamente... Todo mundo fecha os olhos.
Quando eles fecham os olhos, passado um certo tempo, a visão deles é agraciada com um feixe de luz branca, que pinta o ambiente. O rio, que cruzava o chão de pedra, some e a paisagem se transforma em uma grande floresta, com uma enorme ravina, no local onde o rio deveria estar.
Quando eles se entreolham, eles enxergam silhuetas brancas, ao invés dos corpos que deveriam estar lá.
— Vamos procurar por Violeta e Ciano, dentro da ravina. Fiquem atentos a passagem do andar. — Diz Índigo.
O grupo de magos se agarra nos sulcos e protuberâncias, da parede de pedra. Eles descem devagar e com muito cuidado, para não cair.
Quando eles chegam ao fundo da ravina, eles observam ao seu redor, para tentar encontrar Ciano e Violeta, ou algo que indique algum caminho.
Enquanto seus amigos observam os arredores, Amarelo tenta abrir os olhos, tentado por sua curiosidade, já que esse lugar não existia quando ele estava de olhos abertos. Quando ele tenta abrir os olhos, ele não consegue. Independente do quanta força ele coloque, independente de usar as mãos para tentar abrir os olhos, ele não consegue abri-los.
— Pessoal, eu não consigo abrir os olhos.
Movidos pelas palavras de Amarelo, eles tentam abrir o seus olhos, falhando de todas as formas. Com as tentativas, falhas, de tentar abrir os olhos, alguns deles sentem pingos de desespero.
— Nós já não estamos na passagem desse andar? — Pergunta Laranja.
O questionamento de Laranja adentra a mente deles e com isso, a prioridade se torna encontrar a passagem desse andar.
— É melhor encontrarmos Ciano e Violeta antes ou depois de encontrarmos a passagem? — Pergunta Laranja.
— Precisamos encontrar eles primeiro. — Diz Azul.
— E se eles já estiverem no próximo andar? Vamos ficar aqui uma eternidade sem encontra-los. — Diz Laranja.
Enquanto eles discutem, Vermelho segue andando pela ravina, ignorando a discussão.
— Porque você está seguindo em frente sozinho? — Pergunta Amarelo.
— Nosso objetivo é avançar. se chegarmos na entrada do próximo andar eles estarão lá. Se eles não estiverem, é só esperar.
Todos se impressionam com a fala extremamente razoável de Vermelho e todos decidem seguir em frente.
Andando pelas profundezas da ravina, eles encontram uma porta, que leva para um grande salão, que é sustentado por grandes colunas e um chão que lembra a correnteza de um rio. Quando eles entram no salão, a primeira coisa que chama a atenção deles é uma grande escrita, que fica acima de uma porta, que está do outro lado do salão.
Na escrita, se lê: "Para ter ciência de seus pensamentos, sua mente você terá de limpar. A minha água você pode usar, mas não será bem vindo se me desrespeitar.".
Ao lerem o que está escrito na parede, eles se põem a pensar. Depois de algum tempo pensando, Laranja chega a uma conclusão.
— É só voltarmos para aquele rio e beber. — Diz ele enquanto dá as costas e anda em direção a saída.
— Espera! Você não acha que tem algo estranho nisso? Nós estávamos naquele rio e bebemos da água dele e a porta não está aberta. — Diz Índigo.
Laranja para de andar, antes de se retirar da sala, e se vira para Índigo.
— Nós ainda não tínhamos chegado aqui. — Diz Laranja.
— Se é só isso, me diz. O que é o último trecho? — Diz Índigo.
— Eu não faço ideia.
— Porque teriam o cuidado de colocar aquela última parte se era só beber do rio? Porque ter todo o trabalho de modificar a nossa visão, para que cheguemos aqui? — Índigo questiona.
Todos se colocam novamente a pensar e tentam ser cuidadosos, como Índigo, para tomar uma decisão sobre o que fazer em seguida.
— E se estivermos enxergando errado? — Diz Verde.
Amarelo olha surpreso para Verde.
— Como assim? — Diz Amarelo.
— Nós não estamos enxergando isso com os olhos! Com o que estamos enxergando, então? — Verde questiona.
Todos põem-se a pensar mas não conseguem chegar a uma conclusão, num primeiro momento.
— Com o olho da mente. — Diz Verde, enquanto ele se ajoelha.
Quando Verde se ajoelha, ele leva as suas mãos, formando uma concha, ao chão. Quando as mãos dele tocariam o chão, elas o atravessam e quando ele as levanta, elas estão cheias de água. Ele leva a água aos lábios e a bebe.
Ao consumir a água, a porta em sua frente se abre, somente para Verde.
— A porta se abriu. — Diz Verde.
— Não abriu não. Ela ainda está fechada. — Diz Laranja.
Verde, para provar a eles, atravessa a porta, que está fechada na visão dos outros. Quando eles veem essa cena, eles copiam as atitudes de Verde, alguns com um pouco mais de dificuldade, do que outros.
Quando todos os outros termina, eles cruzam a porta e encontram Ciano acariciando a cabeça de Violeta, que está deitada em seu colo.
Quando eles encontram Violeta deitada, eles veem a marca em suas costas emitindo um fraco brilho cinza. Enquanto eles observam Violeta, ela levanta e corre em direção de Anil, para abraçá-la.
— Demoraram. — Diz Violeta.
— Eu sei. Porque ainda estão aqui? — Diz Índigo.
— Não conseguimos passar dessa sala. Estávamos descansando enquanto pensamos. — Diz Ciano.
Quando Ciano diz isso, a atenção deles se volta para uma sala, cheia de portas. todas elas com um olho entalhado na porta.
— Nós já entramos em todas essas portas e não chegamos a lugar nenhum. — Diz Ciano.
Nessa situação, o grupo se divide em dois. Vermelho, Laranja, Verde e Azul, procuram dentro das portas, enquanto o resto pensa, se não a outra solução.
Azul abre uma porta e encontra um grande salão, com uma mesa enorme, e em cima dela, muita comida, de variados tipos. Eles vão seguindo pelas portas, sem voltar pelo caminho que vieram. Eles encontram, além do salão do banquete, um quarto com camas, um banheiro e alguns outros quartos, comuns em casas.
Depois de algum tempo adentrando salas, eles acabam voltando para a sala da qual eles vieram, o que chama a atenção de Amarelo.
— Como vocês chegaram aí? — Pergunta Amarelo.
— Explica aí, imbecil! — Diz Laranja.
— Vocês entraram por uma porta do outro lado. Lado. — Diz Amarelo.
As pessoas que ficaram pensando, escutam isso e reparam, que isso realmente aconteceu.
— Nós não demos uma volta, nem nada parecido. Como isso aconteceu? — Pergunta Azul.
— Ciano, Enquanto vocês estavam sozinhos, isso aconteceu? — Pergunta Índigo.
— Não. Eu só fiquei abrindo as portas e olhando o que tinha dentro.
— Vocês encontraram algo anormal nas salas que vocês entraram? — Pergunta Índigo.
— Eram só salas normais de uma casa. — Diz Verde.
— Pensem. Qual seria o motivo de vocês voltarem e qual o motivo de os outros cômodos, serem de uma casa? — Pergunta Índigo.
— Eu acho, que é para não sairmos. Lembram do cômodo anterior? — Diz Verde.
— Então as regras do cômodo anterior também se aplicam. — Diz Índigo.
— É possível. — Diz Ciano.
— E o fato de voltarmos para a sala na qual começamos? — Pergunta Amarelo.
— Deve ser porque já estamos onde precisamos chegar. Então, não tem motivo em procurar outro lugar. — Diz Ciano.
— Alguém lembra da frase exata, do cômodo anterior? — Pergunta Azul.
— Para ter ciência de seus pensamentos, sua mente você terá de limpar. A minha água você pode usar, mas não será bem vindo se me desrespeitar. — Diz Violeta.
Depois de falar a frase, Violeta senta com as pernas cruzadas e fica parada em silêncio, enquanto os outros estão pensando.
— Porque limpar a mente? — Diz Laranja.
— No que você está pensando? — Pergunta Índigo.
— Não estou pensando em nada.
— Então como você está vendo, de olhos fechados? — Pergunta Verde.
— Exatamente. — Diz Índigo.
— Então temos que deixar de pensar? — Pergunta Amarelo.
— Não. você só vai conseguir esse feito, quando estiver morto. Precisa estar com a mente no presente. Nós passamos a maior parte do tempo com o corpo no presente e a mente no passado ou futuro. Para entrar nesta sala nós colocamos nossa mente no futuro e nosso corpo respondeu. Para sair, precisamos colocar nossa mente no presente. — Diz Verde.
Verde começa a meditar e é seguido pelo resto. Conforme eles vão meditando, o branco que pinta o ambiente vai se esvaindo, ao ponto que tudo fica preto, novamente. Eles, aos poucos, vão sentindo a brisa, passando por seus rostos, e começam a ouvir as folhas, das plantas, se mexendo.
Depois de juntar coragem, Índigo abre seus olhos e observa o terceiro andar.
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