Apesar da imensa tristeza que corrompia ambos, eles estavam mais aliviados agora, pois sabiam que voltariam a se ver. Eles continuaram conversando, apesar do medo da solidão continuar a assombrá-los. Eles conversaram até onde suas vozes se alcançavam. Mesmo distante, o satélite continuou gritando para o cometa, até o ponto de quase perder sua voz. Seu coração estava pesado, mas a possibilidade de reencontrá-lo, conseguia, de alguma forma, acalmá-lo. O Ariel 8.6 continuou observando-o ao longe, o brilho que o acompanhava era incrível, e realmente combinava com ele.
Deveria ter dito isso a ele antes — Pensou o solitário satélite.
Em alguns minutos, o cometa alcançou o sol, ele seria puxado pela gravidade e daria a volta ao seu redor. Ele iria embora e voltaria em 60 milhões de anos, o satélite não sabia como o mundo estaria até lá. Os humanos poderiam ser extintos nesse período.
Que idiotas, acreditando nessa promessa, é possível que eu nem esteja aqui quando ele voltar — Ele pensou, desanimado.
Ao menos, estava voltando ao normal, ao seu jeito sério e indiferente, interessado apenas em observar as estrelas, mas mesmo agora com o cometa distante, o satélite mantinha seu interesse voltado apenas para ele. Porém, o Ariel 8.6 notou algo errado na trajetória do cometa. Algo muito errado. O cometa estava se aproximando cada vez mais daquela imensa bola de fogo. O satélite gritou para AnB-K se afastar, mas ele estava longe demais para sequer conseguir ouvi-lo, desse modo, ele continuou se aproximando cada vez mais.
Ariel 8.6 gritou desesperadamente, mesmo sabendo que era inútil. Ele odiava que o amor que sentia por aquele cometa o fizesse agir de maneira tão irracional, tão sentimental. Mas agora isso não importava. Ele faria o que fosse possível para salvá-lo. Ele usou tudo do que restou de sua voz, gritando o mais alto que pudesse... Em vão...
O cometa desapareceu aos poucos nas chamas do sol. Tudo que Ariel 8.6 pode fazer é observar ao longe seu amado se transformar em nada.
O satélite então enviou seu relatório, que pela primeira vez, estava incompleto.
Ele sabia que sofrer pelo cometa não o traria de volta, também, o que ele estava pensando ao se apaixonar por um ser feito de gelo com uma estrela tão perto?
"Ele já tinha passado por aqui antes, por que não conseguiu dessa vez?"
"É mais forte do que eu, é o que ele diria, provavelmente..."
"Deveria ter pensado que isso poderia acontecer..."
"Deveria ter me ensinado a ter esquecer..."
Ariel 8.6 lamentou sozinho durante um curto período, e depois, sofreu seu luto por um período um pouco mais longo, antes de voltar sua atenção novamente para as estrelas.
E lá ficou ele, fazendo o que mais amava, observar o universo.
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