Quando tudo voltar ao normal
Ou tão normal quanto possível,
Quando eu voltar à minha rotina
De colocar o despertador no “soneca”
Até quase me atrasar pra faculdade,
Quando eu puder encontrar meus amigos
Nos corredores,
Ônibus,
Nas filas do refeitório,
Quando eu puder sair...
Não
Quando nós pudermos sair
Sem máscara,
Sem nos preocuparmos
Se temos álcool em gel o suficiente,
Se tiramos os sapatos antes de entrar em casa,
Se devemos ou não lavar os cabelos
Quando chegarmos da rua.
Quando a quarentena acabar.
“Quando”, não “se”.
Quando a quarentena acabar,
Vou encher meus amigos de abraços,
Não vou reclamar tanto dos ônibus lotados,
Nem de ter que acordar cedo para ir pra faculdade,
Nem de ter que passear com meu cachorro,
Nem das filas quase quilométricas do RU,
Nem do pouco tempo para ir de um lugar do campus
Para outro no extremo oposto,
Nem das noites perdidas estudando.
Só pra relembrar: não vou reclamar tanto.
Quando a quarentena acabar
Vou aproveitar ainda mais
Cada momento com meus amigos
E minha família,
Desde as risadas que damos no chão da faculdade
Até as que damos numa festa na casa de alguém ou num bar.
Quem sabe eu até crie coragem para cantar
Num karaokê, nem que eu precise de um pouco de coragem líquida.
Quando a quarentena acabar,
Talvez eu crie coragem
Pra tomar banho no lago,
Pra beber um pouco,
Pra confessar meus sentimentos,
Pra ser menos tímida,
Menos autoconsciente,
E não ter medo de ser eu mesma.
Por enquanto, porém,
Tudo que posso fazer é fantasiar
E escrever poemas clichês
Sobre quando poderemos sair de casa
Sem nos preocuparmos
Com trazer um vírus pra casa.
Por enquanto, porém,
Tudo que podemos fazer
É usar máscara,
Evitar aglomerações,
Mantermos distância,
Abstermos dos beijos e abraços daqueles que amamos
Para que, no futuro, possamos abraçá-los de novo.
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