O terceiro andar é bem escuro. Sua única iluminação são as pedras luminosas que se encontram no primeiro andar, do labirinto, só que em uma quantidade muito menor. Do teto, caem várias gotas de água, como se estivesse sempre chovendo.
Esse andar é extremamente grande a por toda a sua extensão, se encontram diversos tipos de plantas. Algumas delas são, somente, encontradas em outros continente, enquanto outras, são comuns desse continente.
Quando Vermelho encontra um arbusto de uma planta, que parece ser morangueiro.
No momento em que ele come a fruta, um sabor muito mais doce do que o de um morango, preenche toda a sua boca. Alguns segundos depois de ele engolir a fruta, a sua garganta começa a arder e ele cai no chão, agonizando com o ardor que ele sente em sua garganta, enquanto uma espuma rosada, sai de sua boca. Ele leva as mãos ao pescoço e começa a coçar e esfregar, na esperança, desesperada, de que o ardor passe.
Vendo a cena desesperada de Vermelho, Verde abre a sua mochila e pega o livro sobre botânica, a procura de qual fruta que Vermelho consumiu. Verde procura, desesperadamente, em seu livro, enquanto assiste Vermelho sufocando.
Depois de alguns minutos, Verde finalmente encontra a planta. O culpado pelo estado de Vermelho é uma fruta chamada: “morango de fogo.”. Sabendo a causa e os efeitos, Vende consegue curar Vermelho e logo após ser curado, ele apaga.
O morango de fogo é uma fruta extremamente doce, que é venenosa para a maioria das espécies. Quando seu suco se mistura, com a amilase salivar, ele acaba criando uma espuma rosada. Essa fruta também é um dos principais alimentos para uma espécie de pássaro chamada fogo-fátuo.
Aproveitando o fato de Vermelho ter desmaiado, eles preparam um acampamento, pois já ficaram muito tempo acordados e precisam descansar.
Com as barracas armadas em um espaço escondido, Amarelo cozinha algumas coisas, com algumas frutas desse andar, que ele selecionou, com a ajuda de Verde. Enquanto Amarelo cozinha, Laranja acaba por puxar conversa.
— Não precisa fazer cozido, só por minha causa.
— Você não come nada, que seja preparado de qualquer outra forma. Forma. — Diz Amarelo.
— Eu vou continuar sem comer. Somente porque você ter feito.
— Não importa o quão eu seja gentil, não importa o quão eu seja compreensivo. Você continua a me tratar desse jeito. Eu não quero que você me adore, mas não precisa condenar a minha existência. O que você tem contra mim? Mim.
— Eu não respeito você o suficiente, para te contar qualquer coisa.
Amarelo se cala com a fala de Laranja e Ciano, que estava explorando o local, chega. Ele percebe a atmosfera pesada do local e, em silêncio, entra em sua barraca.
Durante a janta, quase todos se põe a comer, menos Anil e Vermelho, que estão dormindo, e Laranja, que assiste ao sono de Vermelho.
No dia seguinte, Azul acaba por ter um de seus lapsos de memória, e Amarelo ganha a aposta que fez com Índigo, por terem se passado dezoito dias. Nesse dia eles decidem duas coisas, parar de apostar, por não precisarem mais conservar comida, e descansar por uns dois dias, para esperar a recuperação de Azul.
Eles acabam por descansar até a manhã do dia sete verde. Azul recuperou um pouco de sua motivação e Ciano conseguiu mapear um pouco da área desse andar. Eles desarmam as barraca e seguem a procura da passagem do terceiro andar.
Conforme eles caminharem por algum tempo, Vermelho encontra outro arbusto de morangos de fogo, e estende a mão para pegar alguns. Porém, ele é parado por Índigo, no colo de Ciano, que segura o braço dele.
— O que você pensa que está fazendo? — Pergunta Índigo.
— Comendo. — Diz Vermelho.
— Você não lembra que quase morreu comendo essa droga de fruta? Você é suicida por acaso? — Diz Índigo.
— Você já comeu a fruta?
— Não! Não quero morrer.
— Se você não comeu então me deixa em paz.
O olhar de Índigo se enche de ódio, mas eles são interrompidos por um pequeno grupo de soldados, da nação de cobre, que Violeta encontra, a distância. Eles imediatamente se escondem e ficam a observá-los, da escuridão. Cada um do grupo de soldados está segurando uma cesta, e todos estão coletando as frutas e alguns brotos de certas plantas do andar, o que gera uma discussão dentro do grupo de magos.
— Porque eles estão colhendo essas frutas estranhas? — Pergunta Laranja.
— Algumas dessas frutas são extremamente raras e caras. Frutas como o “olho de basilisco” podem sustentar uma cidade, se vender elas em quantidade. — Diz Verde.
— O labirinto sempre foi a maior fonte de renda do reino de cobre. Agora que eu sei que ele foi feito por um mago, acaba por ser meio irônico. —Diz Ciano.
Eles dão a volta, para despistar os soldados e continuam a procura, pela passagem do terceiro andar. Eles procuram por símbolos na parede ou chão, coisas que se destaquem em demasiado, na paisagem.
Se passam algumas horas, na busca da passagem e eles não têm nenhuma pista sobre a sua localização.
— Qual é… Esse lugar é enorme. Como que alguém pode querer que encontremos a passagem nessa imensidão? — Laranja resmunga.
— Você achou que passaríamos um dia em cada andar? — Pergunta Índigo.
— Achei.
Ciano começa a se sentir dor de cabeça e um cansaço adentrar seu corpo. Percebendo o cansaço de Ciano, o grupo dá uma pausa em sua busca, parando logo a baixo de um "pomar sangrento", árvore de folhas e tronco avermelhados, o qual gera a fruta “rabo de antílope”. Ciano senta apoiado na árvore e Anil vai a seu amparo. O rosto de Ciano está vermelho e sua respiração começa a ficar ofegante.
Anil coloca a mão no braço de Ciano, que a segura, com o pouco de força que ele possui.
— Aconteceu algo com ele? — Pergunta Índigo.
Anil dá de ombros, indicando que ela não sabe. A situação de Ciano é muito incomum, ela se assemelha de certa forma a febre, mas isso seria muito estranho, pois ela só ataca em situações específicas.
— Verde. Pode dar uma olhada nele? — Pergunta Índigo.
Verde procura em alguns de seus livros, mas ele não encontra nada que se assemelha a situação de Ciano, o que deixa Verde, meio cabisbaixo.
— O que é que deu nele então? — Pergunta Laranja.
— Não sabemos, mas vai ser difícil continuar procurando a passagem, com ele desse jeito. — Diz Índigo.
Enquanto Índigo fala, Violeta puxa, suavemente, a camisa de Índigo. Índigo olha para violeta e acaricia sua cabeça.
— Mana. — Diz Violeta.
Com o apontamento de Violeta, Índigo, novamente, atenta a sua visão para Ciano. Prestando um pouco mais de atenção, Índigo consegue ver o corpo de Ciano, tentando manifestar magia, porém, como ele nunca foi ensinado e despertou para a magia, de forma tardia. O seu corpo parece estar com problemas em manifestá-la.
— Nunca tinha visto isso em nenhum outro lugar. — Diz Índigo.
— Do que você tá falando? Falando. — Pergunta Amarelo.
— Ele está desse jeito porque ele não consegue manifestar magia. Alguém aqui se acha bom professor?
Quando Índigo menciona ensinar, todos ficam meio acuados, para se proporem, pois o sentimento de manifestar magia é muito pessoal.
Apesar de acuada, Anil se propõe a ensiná-lo, o que foi surpreendente, pois a magia de Anil é involuntária.
Anil escreve para ele, uma carta e em seu conteúdo está escrito: “Para mim, é como algo que vem em meus sonhos e toma a minha consciência, me mostrando algumas poucas coisas que vão acontecer no dia seguinte.”.
Ciano não entende muito bem a explicação, mas ele tenta com todas as suas forças manifestar magia. Ele coloca tanto esforço nisso que quase perde a consciência. Depois de algum tempo, todos começam a ficar preocupados.
— Ele pode morrer com algo assim? — Pergunta Verde.
— Seja um pouco mais otimista. Ele ta ouvindo. — Diz Amarelo.
— Ninguém nunca esteve em uma situação como essa antes. É natural ele estar preocupado. — Diz Índigo.
A conversa deles só faz preocupar Ciano cada vez mais. O que deixa a saúde dele cada vez mai frágil. Ao ponto dele não conseguir mover os dedos de sua mão.
— Ele vai morrer, o que a gente faz? — Pergunta Verde, desesperado.
— Eu não faço ideia.
— Cala a boca Amarelo! — Laranja grita.
— Não é hora para gritar comigo. Comigo.
— Eu posso gritar com gente que eu não gosto, o quanto eu quiser.
— Cala a boca vocês. — Diz Índigo.
Enquanto eles discutem, Azul está abaixado em um canto. Apesar dele estar meio desmotivado ele ainda está melancólico e triste pela situação de Ciano.
Passados mais alguns segundos, as pálpebras de Ciano se fecham, fazendo seus companheiros lacrimejarem, seus lábios começam a perder sua cor, deixando os lábios, de seus companheiros, trêmulos, e sua respiração cessa, deixando seus amigos aos prantos. Ao verem essa cena, Verde e Anil estão choram na frente do corpo de Ciano. Amarelo e Laranja, que estavam discutindo, ficam em silêncio. Azul, Vermelho e Índigo, que estão um pouco mais afastados, observam o corpo dele, com melancolia em seu olhar. Enquanto isso, Violeta se aproxima da lateral esquerda do corpo de Ciano e aponta o dedo para o rosto dele.
— Bopp. — Diz ela, enquanto enquanto encosta o dedo na bochecha de Ciano, durante um segundo, tirando ele logo em seguida.
Nessa situação, Anil e Índigo explicariam para ela, que isso é desrespeito com o corpo de um morto, mas elas não estavam em condição de tal feito. Elas simples continuaram com seu momento de melancolia, por causa da morte de um companheiro.
Violeta olha, de forma confusa, para o rosto de Ciano e o cutuca mas duas vezes, o que faz Índigo perder a paciência.
— Violeta… — Índigo balbucia.
Índigo acaba por interromper a sua própria fala, pois a cena a sua frente a faz perder as palavras… Ciano dá um respiro profundo e abri os olhos, como se ele tivesse voltado a vida. Mas seus olhos estão diferentes, eles estão completamente cianos e estão brilhando. Ele também não parece ter recobrado a consciência, mas o alívio é muito maior, para eles, do que qualquer preocupação, nesse momento.
Quando Ciano, finalmente, termina de recobrar a consciência, Verde e Anil, que estão aos prantos, o abraçam, com força, secando suas lágrimas na camisa dele.
— Achamos que você ia morrer! — Verde balbucia.
Quando Ciano olha ao seu redor, ele vê que a grande maioria está chorando ou lacrimejando e todos parecem estar em luto. Enquanto Ciano está a olhar ao seu redor, Índigo se aproxima dele e agarra seus ombros.
— Eu sabia que você não ia morrer! Você não pode morrer não é?! Aquele imbecil, não me mandaria te buscar se fosse para você morrer desse jeito não é?!! — Diz Índigo, com seus olhos lacrimejando e com a voz trêmula.
Instintivamente, Ciano começa a chorar involuntariamente. Depois de se recompor, Ciano seca suas lágrimas.
— Eu sei onde fica a passagem para o próximo andar. — Diz Ciano.
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