Silenciosamente vocês seguem o caminho de plantas queimadas enquanto, a cada passo, um odor pútrido torna-se mais e mais acentuado. Alcançando uma estrada de terra, os rastros aparentemente tornam-se escassos, o que te causa a hesitar que tenham sido despistados, porém logo decide seguir rumo norte supondo que a fera buscaria se esconder longe de onde vocês a combateram.
A falta de nuvens permite que as estrelas iluminem o caminho à frente, dos altos troncos das árvores ecoam os cantos de cigarras e da vegetação às bordas da estrada é possível escutar os ruídos de pequenos animais, exceto isso, um silêncio perfurante ocupa o ar e a cada poucos momento você olha para trás para checar se Diana e Erwin ainda estão ali - dado que até mesmo o som de tua trabalhosa respiração é mais alto que os seus passos -. De fato isso não era surpresa, com uma de tuas mãos sobre o lado direito de teu tórax tentando segurar a dor que sentia, você percebe que algumas das tuas costelas estão quebradas e que a cada segundo fica mais e mais difícil de respirar. Perdido então em pensamentos, uma voz te traz de volta para a realidade:
- E agora?
Erwin aponta à frente, a estrada que seguiam termina agora à alguns metros à distância em uma parte parcialmente desmatada da floresta. Antes que teu cérebro possa analisar a situação adequadamente entretanto, um alto rugido ecoa de uma trilha escondida à direita.
A vegetação é alta e se não fosse por algumas árvores mortas e derrubadas, você jamais teria imaginado que esta realmente é uma trilha, algumas poças de sangue começam a aparecer e conforme seguem em frente, marcas e cortes agora apresentam-se em alguns dos troncos, porém, são muito profundos para terem sido feitos pela fera considerando a sua condição.
Distraído pela destruição e pela absurda quantidade de sangue espirrada por todos os lados, você pisa em algo estranho no chão. Abaixando-se e sinalizando para Erwin e Diana esperarem, você espeta a tua faca e ergue o objeto para melhor observá-lo: Ele parece estar coberto em sangue e exala o mesmo odor fúnebre que vem ocupando o ar; aproximando-o do lampião que Diana carregava, você cobre tua boca tentando não vomitar ao perceber o que tal “objeto” realmente é. Junto a tua faca você o joga para longe causando a Diana a perguntar:
- Isso é...
- Um pedaço de couro da fera. (você já a informa antes que possa terminar as suas palavras, sentindo náusea subir a tua garganta).
- Pera um pouco... O QUÊ?!
Erwin pergunta mas logo é interrompido por um grito, humano, vindo de algum lugar
muito próximo. Mas estranhamente, não é um grito de medo ou susto... Na verdade, é um de
raiva. Em estado de alerta vocês correm em direção a fonte do grito, ao alcançar uma clareira
você avista Brutus coberto em sangue da cabeça aos pés lutando contra a fera que agora
apresenta um grande ferimento em seu braço direito - que a causa-a a tremer periodicamente -
. Brutus lança um feroz golpe com seu machado mas a fera o arranca das suas mãos quase que
instantaneamente, como se pesasse nada, em seguida ela agarra o antebraço direito do Brutus
com uma das suas mãos quebrando-o e, em seguida estende as garras de sua outra mão para
atacar a jugular dele. Você, Diana e Erwin abrem fogo imediatamente surpreendendo-a,
fazendo com que corra para entre as árvores soltando altos grunhidos de dor. Ao se
aproximarem do Brutus, ele pega seu machado de volta e olha para vocês com uma expressão
de surpresa:
- Vocês ainda estão vivos?!
- Não por muito tempo se continuarmos aqui! (Diana o relembra da urgência da situação
em que se encontram).
Utilizando as árvores como cobertura, a fera esquivava-se aguardando pelo momento em que vocês precisarão recarregar.
- Eu vi uma estrutura à oeste daqui, podemos utilizá-la a nosso favor!
Ainda atirando e com a fera perseguindo-os, os quatro de vocês correm rumo à estrutura que Brutus houvera avistado.
- Alí!
Ele grita apontando para uma alta parede, provavelmente a parte de trás de uma casa ou algo do tipo, à poucas dezenas de passos à frente. Sentindo uma agonizante dor em teu tórax, você torna-se incapaz de correr e atirar ao mesmo tempo e a tua também embaça drasticamente, te inibindo de perceber que os outros três correm para o lado direito da estrutura enquanto você, agora lutando para respirar, segue desorientado para a esquerda. Antes mesmo de aproximarse o bastante, torna-se óbvio que não existem portas neste lado do edifício e as janelas são alta demais para alguém em tuas condições pular, logo você continua correndo rumo à frente do edifício torcendo para que a fera não te alcançasse.
Mas previsivelmente ela consegue log em seguida e te derruba, causando a dor em teu tórax a piorar terrivelmente. Você acidentalmente tosse sangue em sua cara atordoando-a, porém antes que possa se livrar das suas garras, ela ataca mordendo o teu ombro esquerdo e te inibindo de atirar nela. Em pânico você tenta atacá-la usando os teus punhos mas cada golpe torna mais difícil de respirar e a fera aperta mais e mais a sua mordida a ponto de quase dilacerar teu ombro. Inesperadamente balas começam a atingir a fera permitindo que você se liberte da sua mandíbula, arrastando-se para longe dela você vê Diana e Erwin próximos à frente do edifício enquanto Brutus corre em tua direção, ele te agarra pela parte de trás da gola de tua camisa e, correndo mais uma vez, te arrasta para perto dos outros dois. A fera então salta e crava as suas garras em tua perna, te provocando a atira nela a queima-roupas – mas com dificuldades – repentinamente até que te ela te solta e foge para entre as árvores mais una vez.
Finalmente em frente ao edifício, Brutus te apoia em uma parede e começa a tentar abrir uma entrada fortemente bloqueada por tábuas de madeira e correntes enquanto Erwin e Diana permanecem alertas e vigiando o denso bosque ao redor. O som fraco da tua respiração é facilmente calado pelos barulhos do Brutus arrancando a barragem nas portas e os gritos da Diana:
- Ande logo Brutus! A fera pode voltar a qualquer momento!
- Merda! Não vê que estão pressas com correntes também, com um braço só eu não consigo abri-las, droga!
- Eh... Pessoal, eu não acho que essa seja uma boa hora para ter essas briguinhas de
marido e mulher... (Erwin indevidamente brinca, mas ainda com um pouco de razão em suas
palavras).
Com todos distraídos, você (quase perdendo a consciência) vê o brilho dos olhos da fera entre as árvores atrás do campo de lápides à tua frente. Você tenta avisar os outros, mas como se não bastasse Diana e Brutus discutirem enquanto Erwin tentar parar os dois, apenas murmúrios saem da tua boca. A fera, silênciosa como uma brisa, se aproxima mais e mais, entrando em desespero você tenta aumentar o volume da tua voz mas tudo o que consegue é piorar ainda mais a dor em teu tórax, a fera agora está perigosamente próxima e move-se sem sair do lugar - da mesma forma que um leopardo move-se antes de saltar sobre a sua presa para matá-la -... Tentando erguer a tua arma, você treme com dor, os olhos da fera brilham como se já saboreasse a vitória, e a sua boca, saliva demasiadamente. Recuando o seu corpo para trás, cravando as suas garras no chão, rosnando e...
- FERA! FERA! FERA!
Você grita quase se engasgando com o teu próprio sangue enquanto atirando no chão freneticamente no exato momento em que a fera se impulsiona para frente e dispara em direção à vocês, Erwin e Diana viram para trás apenas para ver a fera saltando em sua direção mas antes que possam reagir, uma criatura cai em meio a trajetória dela e a acerta com um soco forte o bastante para lançá-la de volta para entre as árvores. Brutus agarra o seu machado pronto para atacar a criatura, porém outras duas começam a descer as paredes do edifício distraindoo, a primeira delas - enquanto ainda de ponta-cabeça na parede - alcança pelas correntes que bloqueavam as portas e arranca-as como se fossem feitas de papel e, falando em um dialeto antigo, avisa para vocês se esconderem. Brutus a encara bravamente mas logo te arrasta para dentro com Diana e Erwin seguindo atrás.
Com todos em suposta “segurança”, a criatura que houvera atacado a fera fecha as portas, bloqueando-as com as tábuas que o Brutus arrancou mas é logo atacada pela fera que rapidamente recua em dor percebendo que as suas garras não conseguem perfurar a pele escamosa da criatura. As pesadas portas de madeira e ferro fecham-se abruptamente reverberando os rugidos e rosnados que vem de fora, você - já não mais conseguindo determinar se realmente é o lugar que estava ficando mais escuro ou se está perdendo a consciência - observa que em frente as portas empurrando algo, Brutos não passa mais de um mero borrão, a voz da Diana ao teu lado que fala para manter-se acordado rapidamente torna-se muda, em teus últimos suspiros, os sons de vidro quebrando e tiros sendo disparados seguem-se de um curto grunhido tão breve quanto estas últimas batidas do teu coração...
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