A Coroa Perdida
Capítulo 1:
Eu estava no barco fazendo mais uma das minhas anotações, o mar estava calmo e o vento soprava ao norte...
— Capitão!!!, ilha a vista! — gritou um dos marujos do barco.
Guardei mais um dos meu pergaminhos para depois voltar a anotar, levantei da minha cadeira e abri a porta da minha cabine, o som da porta batendo contra a parede fez com que o barco ficasse em silêncio, apenas o som das ondas corria pelo meus ouvidos, depois de um tempo quebrando totalmente o silêncio que se estendia pelo barco gritei:
— O que está acontecendo aqui!? — Perguntou o capitão do barco, e ele havia percebido que tinha algo de errado.
— Capitão avistamos uma ilha — disse novamente o marujo.
— Então mude a rota e vá em direção a ilha! — O capitão queria dar uma parada na suposta ilha, mas algo se aproximava.
— Mas capitão, ela está cercada por uma neblina muito densa é muito arriscado... — refutou o marujo com medo da neblina que havia na ilha, por um momento ele ficou com um pé atrás.
— O céu está lindo hoje, né? — Após essa pergunta do capitão, o marujo não entendeu muito bem do porquê ele ter perguntado isso, em seguida o marujo perguntou.
— Capitão o que isso tem a ver com a ilha? — Refutou o marujo —, totalmente confuso.
— O céu parece gritar e as estrelas estão ainda mais brilhantes... — pensou o capitão —, ignorando totalmente o marujo.
— Eu me sinto em casa... — falei comigo mesmo, e uma sensação de nostalgia me veio.
O marujo completamente confuso anda de costas com passos leves e calmos, alguns passos depois ele se vira e grita:
— Mude a rota e nos leve até a ilha!! — Disse o marujo —, que estava com medo da neblina.
Todos os tripulantes ficaram assustados com a decisão...
— Está louco!? Provavelmente aquela ilha está cercada de corais e rochas pontudas, sem contar que não sabemos o que pode estar após a neblina — diz outro marujo que por sinal também estava com medo.
— São ordens do capitão obedeça! — Disse o marujo que jamais desobedecerá às ordens do capitão.
Voltei para minha sala para terminar os mapas e continuar a mensagem que precisava ser retornada para o castelo, mas como o barco iria em direção à ilha, eu achei melhor descansar e me preparar um pouco mais para possíveis acontecimentos, mas esse lugar… digo essa ilha parece ser única, algo me diz que eu estou em casa, é como se fossem minhas raízes.
O barco mudou o trajeto e foi rumo a ilha acompanhando o rumo do mar... Alguns minutos depois o barco estava cercado por uma neblina escura.
— Capitão! — Gritou apavorado um dos tripulantes.
— Francamente... — disse o capitão que já estava ficando de saco cheio de tanto o chamarem.
Eu achava que esse tipo de coisa era bem comum acontecer, mas é mais frustrante do que eu pensava.
Eu me levanto da minha cadeira novamente e vou em direção a porta… com muita força eu dou um chute com tanta força na porta da cabine que instantaneamente se abriu, mas para minha surpresa me deparei com um-.
— Bom, é até aqui que a história vai, o resto desse livro foi queimado ou rasgado, eu não sei muito bem..., mas eu sei que esse livro vem de bem longe e está a muito tempo na minha família — eu disse.
— Aaah!, poxa... Por que o livro acaba aí? — Perguntou Evon intrigado com a história —, porém triste por ter terminado desse jeito.
Evon ficou bastante empolgado com apenas um pedaço de livro rasgado.
— Que saco! Como vamos saber o resto da história com o livro rasgado? — perguntou a garota aborrecida comigo —, em seguida ela me perguntou — Raynard, seus pais eles não sabem onde está o resto? — Naquele momento nota-se que mudei minha expressão.
Por algum motivo, essa pergunta me impactou de uma forma.
— Eles não entram muito em detalhes e eu não tive muito interesse sobre o que se tem a diante… Mas adoraria saber sobre o final dessa história, mas então já pensaram o que farão daqui pra frente quando estivermos maiores? Estamos com a mesma idade e não sei muito bem — eu disse com uma expressão triste.
— Estou com 16 anos, e estou pensando em me tornar um grande ferreiro assim como meu pai foi — diz Evon empolgado com a profissão.
Evon sempre foi bastante inspirado em seu pai, mas será que é uma boa ideia?
— Minha mãe é uma cavaleira de nome, quero me tornar tão boa quanto ela — explicou Celestia —, e você Raynard o que pensa em fazer no futuro? — Perguntou ela logo em seguida.
Ah... Celestia me pegou num ponto onde eu não conseguiria te responder de imediato, por que foi tão crua?
— Eu ainda não tenho nada em mente, desde que eu possa viver junto com meus amigos e poder protegê-los já é o suficiente — respondi com um sorriso meia boca.
Por alguns instantes tudo ficou em silêncio estranhamente sinistro e seguida o alerta do meu vilarejo ecoou por toda a vila, eu vi grande parte dos guardas irem em direção ao portão do vilarejo, eu sabia que devíamos sair dali o mais rápido possível.
— Vamos não devemos ficar aqui, tem alguma coisa acontecendo — eu disse preocupado com a situação.
— Tenho que encontrar meus pais e avisar a eles — logo disse Evon preocupado com seus pais — Irei ajudar as crianças, vão na frente — em seguida disse Celestia.
Evon e Celestia são pessoas bem eficientes e espertas, acho que não devo me preocupar com eles.
— Certo, vamos nos encontrar no centro da vila quando tudo estiver resolvido — eu disse preocupado com o que está acontecendo...
Fui em direção da minha casa o mais rápido possível, mas no caminho escutei barulhos de espadas e gritos vindo das minhas costas de onde ficava o portão da cidade… eu não sei o que estava acontecendo, mas não era coisa boa… estava ficando sem tempo, depois de correr e finalmente chegar em minha casa, abri a porta rápido e com toda a minha força possível, gritei por meus pais.
— Não temos tempo, precisamos fugir o mais rápido o possível! — gritei assim que cheguei em casa preocupado.
— Mãe? — Gritei com um tom cansado de ter que ir correndo para sua casa.
Eu entro e noto que o clima está frio e estranho, a casa estava revirada como se estivessem lutados contra algo, percebo marcas de garras e rastros de sangue por todo o lugar… por alguns instantes eu ouvi passos vindo do quarto deles, mas era como se uma coisa grande estivesse andando sobre minha cabeça. Sussurrando e trêmulo eu digo pra mim mesmo que preciso ver o que está acontecendo.
— Não pode ser, algo aconteceu com ela? — Me perguntei triste.
Eu engoli minha saliva e fui em direção as escadas, preciso acabar com isso de uma vez, após alguns degraus eu percebo que estou pisando em algo frio e escorregadio, não queria estar vendo isso, mas não era água...
— Sangue! Mãe!?— Eufórico os gritei mais uma vez —, seu coração estava acelerado, ele estava apavorado e o suor estava escorrendo pelo seu rosto, parecia que tinha visto um fantasma.
Subo as escadas com todas as forças, com muito desequilíbrio eu tropeço e me esbarro nas paredes, mas ao chegar no corredor de frente para o quarto dela, eu fico paralisado com um odor fétido de algo que eu nunca senti antes, parecia com cadáveres em decomposição… prendo a respiração e vou lentamente em direção ao quarto, quando escuto a voz de minha mãe.
— Raynard, por favor! — Gritou minha mãe com fortes dores —, Mãe! — Em seguida respondi.
Corri em direção ao quarto dela empurrei a porta com o máximo da força que eu tinha, entrei no quarto e o cheiro não parecia vir dali, estava escuro mas eu pude ver o corpo da minha mãe, meus olhos encheram de lágrimas, eu queria gritar naquele momento... — Respire fundo mantenha a calma — disse para eu mesmo.
Enxugo as lágrimas que desciam pelo meu rosto, soluçando eu tento chamar por ela.
— Mãe? — Chamei novamente por minha mãe...
Olhando mais ao fundo eu vi a minha mãe empalada por uma lança, eu corro na direção dela e percebo que ela está gravemente ferida e com marcas de garras por todo o corpo, eu percebo que ela ainda está viva, ela está tentando me dizer algo.
— F-filho, Fuja por favor... — disse minha mãe ofegante, em seguida ela diz: — Ele ainda está na casa.
Ela sussurrou nos meus ouvidos: — F-filho, por favor, sobreviva... — com as mãos geladas dela em meu rosto, e minhas lágrimas caindo sobre ela.
Eu gritei de desespero, jurando procurar quem matou minha mãe.
Ela dá seu último suspiro de vida... fechou os olhos e sinto a temperatura corporal dela abaixando aos poucos, respiro fundo e dou um beijo com minha mão na testa dela… em seguida eu me pergunto. O que seria ele? Se fosse uma pessoa eu poderia sentir sua aura vital, talvez seja alguém amaldiçoado.
Após ela dizer isso eu corri em direção ao armário onde meu pai guardava uma espada bem antiga, mas que com certeza dava pra cortar alguém, eu escuto um barulho de madeira se partindo seguido de um barulho de garras arrastando pela madeira que vem em direção a porta do quarto… O cheiro de carne apodrecida de antes se aproximava cada vez mais, pela primeira vez eu estava usando uma espada e pela primeira vez estava com minha vida dependendo de uma.
Uma aura maligna e uma leve neblina acinzentada me cerca.
Na minha mente se passava todos os momentos da minha família e de meus amigos se quebrando um por um, não acredito que minha mãe está morta "como isso pode acontecer?"
O cheiro ficava mais forte a cada momento, eu me sentia como um rato preso em uma armadilha… meu coração batia cada vez mais forte na medida que a criatura se aproximava, no meio da escuridão eu vi os olhos desse monstro ficando cada vez maior… O ser se apoiava nas beiradas da porta com suas garras enormes, a criatura me encarava como se estivesse rindo, mantive a minha posição e gritei.
— Venha monstro, vou te colocar no seu devido lugar! — Falei com ódio do Ghoul.
A criatura saltou em minha direção, abaixei rapidamente rolando em direção a porta, a criatura com a força do salto bateu com muita força no armário que acabou caindo abaixo dos destroços e desnorteada, aproveitei a situação para golpear a criatura com toda a minha força. Minha lâmina refletia o pouco de luminosidade que entrava pelas brechas da janela, depositei a minha vida na espada que no seu primeiro golpe se estilhaçou em vários míseros pedaços sobrando apenas a bainha e uns restos da lâmina... Eu vejo a cena toda bem devagar passando diante dos meus olhos, assustado e trêmulo — Não pode ser... Mas como? — Disse em meus pensamentos.
A criatura rapidamente se levantou se virando na minha direção, ela mostra grandes suas garras e desfere um golpe na minha barriga... com o impacto bato na parede do corredor, minha visão fica fosca no mesmo instante, sinto um gosto de sangue na minha boca e minha vista estava embaçada e escura… meu corpo ficou pesado, acabei sendo forçado a me ajoelhar e a colocar minhas mãos sobre o piso gelado.
— Levante-se e lute, eu ainda acredito em você — veio uma voz no fundo de minha cabeça.
A voz foi aumentando em minha consciência gradualmente, dizendo — Não desista! E lute!
Usei o resto das minhas forças para me levantar e permanecer em pé, minha visão era trêmula como uma onda e a criatura lambia as garras e se aproximava lentamente, eu estava no encontro da morte mas tomei a decisão mais sensata a se fazer… Corri em direção as escadas tropeçando e escorregando, enquanto eu me escorava na parede para me manter em pé, desci as escadas escutando o som da criatura grunhindo logo atrás de mim, fui em direção a porta sem nenhuma noção do que poderia estar acontecendo lá fora… antes que eu pudesse tocar na maçaneta, a criatura me puxou pela a minha perna, bati com muita força no chão que só piorou a minha condição física, me virei sem esperança e olhei novamente nos olhos da criatura que exalava um cheiro podre pela boca. Com o resto das forças eu acabei dando um soco na direção do rosto da criatura, meu braço brilhou e emanou uma energia pura, isso fez com que a criatura fosse jogada para trás e manteve ela afastada de mim, aproveitei a situação e corri pela porta em direção à rua...
Perdido em meus pensamentos e eufórico logo vi uma luz.
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