- Antes que diga qualquer coisa, é, eu sei, você avisou, eu tinha que ter cuidado disso antes. - Disse Lari pra irmã assim que esta entrou em casa.
Manuela abriu a boca pra falar, mas logo entendeu o que tinha acontecido e apenas andou até Lari e lhe deu um abraço apertado.
- Lari...tu sabe que eu não quero ficar só sendo chata contigo. E eu sei que pra ti é algo complicado, mas nós somos súcubos. Sexo pra gente é uma questão de autopreservação. Os problemas com o glamour são o de menos, eu tenho medo pela tua saúde, sabe?
- Eu sei, Manu. Eu sei. - respondeu baixinho.
- Olha… o Yuri não deve estar longe daqui, eu posso ligar pra ele vir aqui pra casa… posso usar meu glamour pra hipnotizar ele se tu quiser…
- Não! Eu não quero fazer assim, especialmente com o teu namorado!
- Ele não é meu namorado!
- Ele e a outra lá, a Beatriz, é óbvio que eles são muito mais do que um fica pra ti…
- Agora tu tá só tentando mudar de assunto, né?
- Tá funcionando?
- Não. E aí? Vai ficar em casa amanhã também ou tem outra ideia pra se recuperar logo?
Lari pensou um pouco.
- Eu posso tentar aquilo do sonho. Não consigo tirar muita energia disso, mas deve ser o bastante pra uma ou duas semanas.
- A invasão de sonho? Pode ser uma boa. - Disse Manuela enquanto esticava a própria cauda e chifres pra fora e se aconchegava no sofá. - Tem alguém em mente?
- Não, ninguém em especial. - Lari deitou no colo da irmã e pegou o controle remoto para ligar a TV. - Na hora eu vejo se encontro alguém.
Lari esperou até depois da meia noite, quando seria mais fácil encontrar pessoas sonhando. Sentou-se na cama e começou o processo. Projetou sua consciência para fora de si e a deixou vagar em busca de almas com bastante energia acumulada. Depois de alguns momentos encontrou um sonho promissor e nele entrou.
Entrar em sonhos era sempre um processo estranho, nada nunca faz sentido e as regras variam bastante de pessoa para pessoa. Não conseguia dizer exatamente onde estava, apenas um mar de locais que se mesclavam com ideias vagando perdidas por todos os lados. Alguma coisa sobre uma série que ela não conhecia aqui, uma receita de bolo acolá, um pequeno gato rajado do outro lado…
Eventualmente Lari encontrou a dona do sonho. Era talvez uma moça, numa silhueta disforme composta de todas as cores. Os donos dos sonhos raramente mantinham a própria aparência com clareza. Lari chegou perto da silhueta e não precisou fazer muito mais que isso, apenas a presença da sua alma era o bastante para sugerir o ato sexual. Ela deixou que a silhueta tomasse a liderança conforme quisesse. Já que estava ali de intrusa, que pelo menos sua inquilina tivesse um sonho bom e nos próprios termos.
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