– Se não é um desconto… - Greneva olhou para cada pedra - Um tipo especial? - olhou para Ricardo e então para Meila.
“Não parece ser.” escreveu, uma mão em seu próprio queixo, após analisar as cores.
– Um jeito de fazer a gente gastar mais?
Ele cruzou os braços.
– Hmmm… A mina! - ela exclamou - Mesmo que a gente não use, os preços vão explodir em breve!
– Verdade! Ah, se é um investimento, talvez eu devesse arriscar… - Gwenny começou a contar seu trocado novamente, mas acabou por guardá-lo com um estalo de boca.
Meila começava a julgar as pedras quando Alseri interviu:
– Espere. Eu não sei sobre lucrar se usando de um momento de crise.
“Mas se quisermos usar depois provavelmente não vamos conseguir comprar mais”, Meila escreveu, e então olhou para Greneva, sorrindo, “Além disso é uma ótima forma de usar a magia que ando te ensinando.”
– A Greneva voltou a usar magia? - Ricardo reagiu, sua imagem de vendedor quebrando-se momentaneamente.
– Eu… - Greneva começou.
– Tem um pessoal qu’faz uns malabarismos legais com arm’elemental. - Gwenny soava animada.
– Não tenho tanto controle assim… - Greneva começava a recuar.
– Te faria bem mais útil para o time. - Alseri insistiu, já pegando uma pedra azul em suas mãos.
– Ok, ok, mas se eu deixar a loja completamente submergida a culpa não vai ser minha. - apanhou a pedra elemental.
– Quebrou, pagou. - Ricardo aproximou-se e fixou a pedra com uma magia temporária ao partisan.
Meila aproximou-se e abriu uma garrafa de água que sempre carregava consigo.
– Bem, - Greneva aproximou-se do boneco humanóide alvo de testes da loja, dobrando levemente suas pernas e segurando a lança firmemente - lá vamos nós.
Lá vamos nós… Onde, exatamente? O que ela podia fazer com água? Congelar era algo que ela ainda precisava de muita concentração para fazer com sucesso, assim como ferver. A esse ponto ela conseguia manipular água com maior fluidez do que um simples jato, porém como usaria isso para ataques? Sinceramente, ela apenas queria ganhar de volta sua confiança aprendendo magia de água e, porventura, em um futuro utópico, mergulhar com Lurani e conhecer alguma cidade de tritões.
“Você está ok?” formou-se em sua frente.
Assentiu com a cabeça. Se Greneva continuasse sem mover-se ela preocuparia suas amigas, e a última coisa que ela queria era que Meila se sentisse culpada por incentivá-la… Uma ideia surgiu-lhe e ela formou um lençol d’água em sua frente, cobrindo o espaço entre ela e o alvo. Agachou-se rapidamente após o feito e mirou sua lança abaixo de onde a cabeça do humanoide estaria.
– O q— - Alseri começou a perguntar, mas calou-se ao que a magia desfez-se.
A ponta da lança havia enterrado-se aproximadamente onde um olho se encontraria. A água caiu ao chão, molhando Greneva e parcialmente Meila no processo, a qual rapidamente coletou-a e guardou novamente em sua garrafa.
– Que tal? - virou-se para as outras, um sorriso orgulhoso no rosto, encostando-se contra o alvo - Eu posso confundir um inimigo que não conhece como a água funciona!
– Não é exatament’o qu’eu esperava, mas também é legal. - Gwenny admitiu.
“Eles crescem tão rápido,” Meila escreveu, fingindo que limpava uma lágrima de seus olhos.
– Um único truque não vai fazer o preço valer a pena. - Alseri criticou.
– Uau, ainda bem que você não é minha professora. - Greneva comentou.
– É verdade! - Alseri tentou defender-se, buscando aprovação no olhar dos outros membros do time, mas não recebendo-o - Bem, pelo menos tente isso: alguns aventureiros atacam de um lado e usam magia de outro. Mesmo se não for para machucar pode atrapalhar o inimigo. Parece fácil.
Greneva tentou por algumas vezes.
Se ela não errava com sua lança, sua própria água a acertava e eventualmente Ricardo a parou quando ela estava prestes a avançar contra uma armadura cara pela terceira vez.
“Talvez não tão rápido,” Meila admitiu.
Ricardo tirou a pedra de sua lança e caminhava de volta para o balcão onde estavam as outras quando Greneva segurou a manga de sua blusa:
– Espera! Eu não sou boa ainda, mas eu vou querer levar. Sinto que pode me incentivar a melhorar.
– Sério? - os olhos de Ricardo estavam arregalados quando ele voltou-se para Greneva - Você não vai desistir?
– Você está zoando comigo? - Greneva cruzou os braços.
Ela viu um sorriso começando a formar-se nos lábios do outro antes dele virar-se de costas e começar a guardar as demais pedras:
– Então hoje vai ser a bandana, a armadura, o sapato e a pedra? - confirmou antes de continuar: – Então assinem aqui. Como vocês sabem, o gasto de marcar o símbolo da realeza é totalmente coberto pelo governo, mas o processo pode demorar de dois a cinco dias até os itens poderem ser coletados ou entregues conforme a preferência de vocês.
Quando os documentos necessários estavam preenchidos e ambos lados tinham agradecido, Greneva era a última a sair quando Ricardo pediu apressadamente:
– Espera.
Greneva virava-se com um tormento na ponta da língua quando o olhar fixo de Ricardo e seu corpo tenso a fez reconsiderar e esperá-lo antes de prosseguir.
– Geoff… Você tem alguma notícia dele?
– Hã? Nada direto dele, mas talvez ele esteja em Peata.
– Peata? - Ricardo demorou alguns momentos para começar a relaxar - Bem, não é um lugar muito violento…
– Ele provavelmente está melhor do que a gente. - Greneva comentou.
Ricardo deu de ombros e virou-se de costas, com um breve sinal de mão dispensando-a. Greneva, ofendida com o descaso, andou lentamente em direção a porta esperando que ele a despedisse de forma correta, no entanto ouviu-o dizer baixo em um tom esperançoso:
– E você parece estar melhor do que antes.
A oportunidade perfeita para zombá-lo havia aparecido… Mas hoje ela deixaria passar. Embora ele totalmente deveria agradecê-la por trazer clientes quando as muitas outras novidades da cidade estavam atraindo toda a atenção.
– Com isso resolvido, eu devo retornar. - Alseri acenou brevemente e partia em direção ao campo de treinamento quando uma mão pousou em seu ombro.
– Já? Tem tanto p’ra ver ainda!
– É, Alseri, aproveite seu dia livre com a gente! A menos que a gente não esteja a sua altura? - Greneva caçoou.
Alseri revirou os olhos para Greneva e empurrou a mão de Gwenny.
– Eu tenho que treinar. - falou firmemente, olhando para Gwenny - Pensei que já tínhamos discutido isso antes?
Greneva conseguia perceber o olhar frio de Alseri, assim como a mão de Gwenny retraindo, olhar machucado. Um insulto à Alseri estava na ponta de sua língua quando uma voz projetada cortou a atmosfera:
– Bom dia, bom dia! - a dona de uma loja dizia, encorajando-as a aproximarem-se com movimentos dos braços - Todos aqui estão tão entusiasmados com novos equipamentos, mas vocês parecem ser mulheres de cultura que veem o que realmente importa! Bem-vindas à Papelaria Nevoeiro!
Livros, cadernos e canetas de diversos estilos e cores preencheram suas visões e Greneva lembrou-se que ainda estava devendo um diário para Lurani. Quando sua mente recordou-lhe da tensão que a voz havia cortado, Greneva percebeu que as outras já estavam completamente hipnotizadas pela variedade de artigos, pegando-os e comentando uma com as outras sobre os detalhes. Hesitou por um momento, por fim decidiu deixar o assunto de lado e focar-se em sua busca.
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