Era fim de Julho, em 2034. O mundo parecia ter encontrado um caminho que levaria à paz. Na TV e nas redes sociais só se falava de uma Nova Era, cheia de prosperidade e novas descobertas. Um clima de otimismo tomava conta de todos os corações... menos do meu.

Meus amigos me chamavam de ave agourenta, porque não consegui entrar na vibe New Age; eu sentia que algo muito ruim estava pra acontecer, e pra não estragar a felicidade dos outros, decidi me isolar, pra não espalhar meu pessimismo. Mas era meu último ano na Escola e só foi possível me isolar durante as férias, enfim, parece que o mundo precisava de alguém pra dizer o que ninguém queria ouvir.

E foi antes da volta às aulas, na última semana de Julho, que algo bizarro aconteceu.

— A SpaceX acabou de confirmar. Não estamos sozinhos no universo. — O repórter falou de forma dramática, na TV. Não prestei muita atenção, pois estava lendo, sentada à mesa num canto da sala.

— Que porra é essa? — Meu irmão se assustou com a notícia, ao passar pela tela holográfica de frente ao sofá.

— Quê que foi? — perguntei.

— Cala a boca, magrela. — Me levantei e fui em direção ao Marcos, pra bater nele, mas quando olhei pra tela, nós dois ficamos atentos à notícia. Marcos aumentou o volume da TV.

— Sim, eles entraram em contato; enviaram uma mensagem em Inglês. — Um representante da SpaceX explicou durante uma entrevista ao vivo, que foi traduzida automaticamente pelo sistema da TV.

— Quem fez contato? — perguntei.

— Cara, os Aliens! — Os olhos do Marcos brilharam. — Quando eu falava todo mundo ria, mas eu sempre soube. — Meu irmão foi para o quarto e eu continuei assistindo a TV.

— Ainda não sabemos de onde vieram, mas nos informaram que suas naves já estão na órbita da Terra e que pretendem vir, pessoalmente, para uma conversa na semana que vem. — Todos estavam eufóricos no jornal.

Marcos, meu irmão, surtou com a notícia de que os aliens entraram em contato com a Terra, ele correu pras redes sociais pra provocar quem sempre duvidou da existência deles. Meu pessimismo só aumentou. Na semana seguinte, o primeiro dia de aula foi insuportável.