Nós, videntes, somos guardiões do Cosmos, nascemos em raças que estão em um grau de evolução avançado, mas que ainda não controlam totalmente seus instintos primitivos. Minha classe deve proteger nosso povo dos perigos do Universo e evitar que se encontre com mistérios e raças que trariam desequilíbrio para a nossa existência, com isso, garantimos uma evolução saudável para todos.
A evolução dos barkarians tem sido diferente, desde o início da nossa existência, por isso somos uma raça dividida em classes naturais, que os terráqueos talvez chamariam de castas. A maioria da população barkarian, os nascidos com olhos verdes ou azuis, ainda é muito parecida com a raça da Terra, o que os diferencia, basicamente, é a estatura média de aproximadamente um metro e oitenta, a força física e o grau de conhecimento, fora isso, são iguais.
A classe superior à dos comuns é a classe dos líderes militares, que têm olhos castanhos. A força deles é o dobro da força dos comuns, suas habilidades extras são a intuição para o combate e o desenvolvimento de estratégias de guerra, além do dom de liderança sobre os barkarians de classe inferior.
Acima dos líderes militares estão os comandantes das naves, os de olhos zaruk. Na Frota, em cada geração não nascem mais que trinta crianças com os olhos zaruk, todos eles estão aptos a se tornarem comandantes, mas somente treze assumem o posto. A seleção para ser o comandante de uma nave barkarian varia entre uma simples conversa, onde os candidatos decidem entre si quem é o mais habilidoso e merecedor do cargo, e o confronto até a morte. A classe superior à dos comandantes somos nós, os videntes, nascidos de olhos brancos.
No Cosmos, nas raças mais evoluídas todos são iguais, não há divisão de classes por razão alguma, ou seja, nas raças mais evoluídas todos são videntes; acima dessas raças existem as raças etéreas e também existem as raças com duas classes, onde a maioria tem as características dos comandantes barkarians, os de olhos zaruk, que são guiados pela classe dos videntes; as outras raças se encontram em um processo evolutivo parecido com o dos terráqueos, os que já estão em um estágio avançadoentre essas raças, fazem parte das Comunidades Interplanetárias.
Entre os barkarians, os comandantes nascem com a habilidade de controlar uma parte da Energia Cósmica, mas eles não a compreendem, a utilizam de forma instintiva e por isso o acesso que têm a ela é limitado. Nós, videntes, nascemos com acesso ilimitado a essa Energia, temos a capacidade de compreendê-la intimamente e o que nos limita é a nossa consciência.
Recebemos todo o Conhecimento e todo o Poder que há no Universo Material, mas nenhum vidente seria capaz de abusar disso, pois conhecemos as consequências, e se por acaso algum vidente se corrompesse e abusasse do poder que lhe foi dado, seria imediatamente rebaixado na existência; seus olhos se tornariam castanhos e seu conhecimento se limitaria ao nível alcançado pelos melhores Alquimistas de raças mais primitivas, como a dos terráqueos. Fomos criados para sermos os guias da humanidade e não podemos aspirar ser nada além disso.
A evolução em Barkar já caminhava de forma anômala, e ao nos tornarmos uma raça nômade, que vive de pilhagens, começamos a regredir em nosso processo evolutivo. Em nosso planeta natal, o número de comandantes nascidos em cada geração era proporcionalmente maior ao número que vemos em nosso tempo, e essa proporção vem diminuindo; a tendência agora é que em poucas gerações só nasçam os comuns.
Por causa do processo de involução dos barkarians, não nasciam mais videntes entre nós, mas o encontro com a Terra estava no destino da Frota e por isso o Cosmos me enviou, para proteger a raça terráquea dos abusos do meu povo. Mas cresci sem o contato com um vidente que pudesse me instruir e minha consciência só começou a se libertar recentemente. Hoje já consigo entrar em contato com a mente de qualquer ser humano no Universo, de qualquer raça, mas não era assim no dia do contato, que falhei em evitar.
Agora, preciso dedicar minha existência aos terráqueos e não posso falhar nesse compromisso, pois do sucesso da minha missão depende o equilíbrio do Cosmos, se eu falhar, o Caos toma conta de tudo e compromete o desenrolar dos Ciclos Sagrados.
Quando consegui desenvolver as habilidades da minha classe, tentei pedir ajuda às outras raças, mas nenhuma quis se envolver, temendo as consequências; os etéreos me disseram que terei sucesso em minha missão, me garantiram que tudo terminaria bem. Eu deveria confiar nas palavras deles, mas a falta de confiança em mim ainda me faz duvidar.
Voltando à Terra, vou contar como foi a batalha entre Tyran e Drokar, o início de toda essa bagunça.
Comments (0)
See all