No dia em que Drokar invadiu a Terra, a Escola estava vazia, pouca gente se aventurou a ir à aula e a diretora decidiu liberar todo mundo no segundo horário.
Mas, antes da diretora anunciar sua decisão, sai da sala pra beber água. Uma das minhas fãs surtou naquele dia, talvez pelo medo de morrer ou por ver na Escola vazia uma oportunidade única, sei lá... O fato é que a maluca veio com tudo pra cima de mim e o jeito foi me esconder no ginásio. Alguns podem pensar “mas que marica, correndo de mulher”, mas, meu... não sou obrigado a ser um objeto público, que todo mundo que quer vai lá e usa, só porque nasci homem. Eu não curtia a garota, era uma pessoa muita chata e mimada, não queria ficar com ela mesmo não, e não fiquei.
Enfim, quando a primeira explosão sacudiu a região, eu ainda estava no ginásio e foi o ataque das tropas de Drokar que me fez sair de lá. Andando pela Escola, assustado, percebi que só eu ainda estava por ali, até que cheguei na escada, que levava à saída, e vi a Alice sentada.
— Alice! O que tá fazendo aqui? — A garota estava em estado de choque, então me abaixei pra conversar com ela. — Hei! Precisamos sair logo daqui. — Falei sacudindo os ombros dela, mas a Alice não se mexia, então decidi carregá-la.
Levei a garota até o meu carro e tentei seguir pra casa dela, mas as vias que davam acesso ao bairro da Alice estavam todas impedidas, assim como as que levariam até a minha casa, também. Rodei por algum tempo, até encontrar a Igreja, o único lugar conhecido que ainda estava acessível.
Na Igreja havia algumas pessoas muito assustadas, algumas rezavam, outras só choravam e, no meio de tanta gente desesperada, um rosto sereno se destacava, era o Bruno, um cara que fez toda a diferença no meu destino.
— Muitos bairros foram totalmente destruídos, sabemos que estão levando pessoas para as naves, mas ainda não há informações sobre o que fazem com elas. — Bruno me explicou a situação enquanto arrumava uma cama improvisada para que Alice pudesse se deitar.
— Gostaria de saber como está minha família.
— Por enquanto ainda não é possível saber quem foi levado e quem está desaparecido ou... — Bruno foi interrompido por uma garota ruiva, com cara de poucos amigos, que levou um tablet pra ele. Assistimos ao pronunciamento do presidente dos EUA, avisando sobre o ataque de Drokar e informando que Tyran seria nossa salvação.
— O que faremos, agora? — A garota ruiva perguntou pro Bruno, que ficou pensativo por um instante e depois colocou a mão sobre o meu ombro.
— Vejo que você consegue se manter estável diante de tragédias, ajude essa moça a cuidar dessas pessoas e procure por mais gente que possa ajudá-los a manter todos calmos. Preciso sair. — Bruno se levantou e se afastou.
— Venha, sua amiga está dormindo, ela não precisa de você, no momento. — A moça ruiva me levou até a sacristia, onde algumas pessoas com ferimentos leves aguardavam pelos primeiros socorros.
— Pra onde o Bruno foi? — perguntei enquanto ajudava a ruiva com os curativos.
— A comunicação não é segura, Bruno precisa conversar com uma pessoa. — Quando a moça acabou de falar, percebi uma tatuagem no pescoço dela.
— Vocês dois são... — A ruiva me olhou com aquela expressão de “Tome cuidado com o que vai dizer”. — Deixa pra lá.
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