Quando vi o Uirapuru tatuado no pescoço da ruiva, logo reconheci o símbolo da GDM, a Guerrilha dos Muras, um grupo que surgiu no Brasil e fazia oposição ao imperialismo mundial.
A princípio, eu via a GDM da forma como a mídia os apresentava, ou seja, como terroristas malucos que acreditam em teorias da conspiração, mas depois que conheci o Bruno, essa imagem mudou radicalmente, ainda mais naquele novo contexto onde o inimigo veio de fora do nosso planeta.
Bruno era um cara muito inteligente, muito centrado e tinha um coração extremamente generoso. Ele não tinha mais que trinta anos e mesmo assim dedicou toda a sua vida ao sonho de contribuir para que todos pudessem ter uma vida melhor. Sem o acolhimento dele, não sei o que teria acontecido comigo e com a Alice.
Por dois dias, Alice permaneceu em estado de choque, então Bruno usou algumas técnicas de hipnose pra trazê-la de volta à realidade e após algumas sessões de terapia Alice conseguiu se manter firme e pôde ajudar a cuidar das pessoas que chegavam à igreja. Somente após uma semana, depois do ataque, consegui conversar com ela sobre o que aconteceu.
— O céu tá bonito hoje, né? — comentei, enquanto me deitava do lado da Alice, no gramado atrás da igreja.
— Sim! Não sei por que, mas me acalma muito olhar pro céu à noite... acho que é por causa do brilho da Lua e das estrelas.
— Também gosto do céu noturno.
— Você acha que um dia a gente vai ver eles outra vez? — Alice perguntou, com lágrimas nos olhos, então eu soube que ela se referia à família.
— Minha parte racional diz que não, mas algo dentro de mim precisa acreditar que sim.
— Me sinto assim, também. — Ver Alice daquele jeito me fez perceber que ainda não tinha chorado pela perda da minha família. Abracei ela e choramos juntos, um choro silencioso, até adormecermos.
Quando os barkarians chegaram, estávamos vivendo uma nova era, como a mídia dizia, mas era um tempo de paz fake, como descobrimos posteriormente, pois havia um projeto a longo prazo para subjugar e escravizar todas as Nações do planeta, esse projeto era antigo, mas seus arquitetos não tiveram tempo pra colocá-lo em prática.
Por um tempo, a Igreja se tornou uma fachada para o QG do Bruno. Nos dedicávamos a ajudar e a acolher todos os feridos e desamparados que chegavam até nós e foi assim que o Bruno conquistou minha confiança e a confiança da Alice. Um dia, ele nos fez um convite que para nós foi irrecusável.
— Hum! Vocês dois são os mais dedicados da equipe. — Bruno falou, enquanto eu e Alice entrávamos com caixas de alimentos na sacristia.
— Pode sempre contar com a gente! — Alice comentou, sorrindo. Quando deixamos as caixas no chão, Bruno continuou.
— Vai ter uma seção de tatuagem hoje à noite... querem ir? — Eu e Alice ficamos com os olhos brilhando, pois sabíamos o que significava o convite.
— É sério, Bruno? — perguntei.
— Já fazem algumas semanas que vocês estão aqui e vejo um potencial muito grande nos dois, são confiáveis, inteligentes, dedicados e têm os mesmos princípios que... enfim, vocês seriam muito bem-vindos no grupo. — Bruno disse com o mesmo sorriso sereno de sempre, escondido atrás da barba negra.
— Meu deeeeeus! Posso escolher onde vai ficar a tatuagem? — Alice perguntou, eufórica. Todos nós rimos.
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