Hoje, na sexta-feira santa, se completam sete dias desde que o cara menos santo que eu já conheci se foi. Acho que nunca te chamei pelo nome, Ronan, porque desde quando você me pegou pelos braços e me levou correndo hospital afora você era uma pessoa diferente pra mim. Ninguém no mundo te conheceu como eu conheci, o cara que me apelidou de Zé quando eu ainda nem sabia falar e que prometia virar o mundo de quem me olhasse de um jeito que você não gostasse. Ninguém conheceu o cara que, enquanto jogava e falava besteira com os amigos, olhava pra um bebê e dizia do fundo do coração: "esse é meu irmãozinho!". Você sempre teve orgulho de mim, não importava o que eu fizesse. "Meu irmão tem futuro, mãe!" Eu ouvia no corredor quando você me visitava, mesmo que tudo estivesse incerto dentro de mim. Você sempre viu o que eu não consigo ver, e eu nunca pude te agradecer por isso. Não está sendo fácil pensar nos seus últimos dias, como não está sendo fácil lidar com o fato de que meu maior fã tinha o mesmo sangue que o meu, e agora só posso agradecer lembrando dos nossos momentos juntos. São muitas coisas que eu poderia e queria ter feito diferente, falado diferente, agido diferente, sentido diferente, mas eu sei que você não quer que eu pense nisso. Você amou o Matheus que eu fui pra você, e eu sempre vou amar o Nanã que você é pra mim. Te levarei comigo por todo o tempo que faltei com você. Obrigado, pra sempre!
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