-Anteriormente em XConnection-
A garota sabe jogar, mas era mesmo ela quem estava no controle?
-Agora-
Os raios de sol adentravam o pequeno quarto pelas frestas da cortina. Na cama, Kalius acordava, seminu, confuso. Ele olhou para o lado e pegou um bilhete deixado sob o travesseiro.
"Se você estiver lendo isso, saiba que eu te matei depois do beijo. A prova de que você retornou, é mais um motivo para eu ficar longe de vocês e descobrir mais sobre este mundo. Sinto muito, não sou a Ellie... Sou Shimishiro, eu vim para este mundo através de um portal. Eu não estou em um Isekai, eu não morri."
- O que é um Isekai? Espera... Ela me beijou? - ele se questionou, confuso, olhando para o bilhete e para seu corpo seminu.
Kalius desceu as escadas, procurando o resto de suas roupas. Chegando no bar, os membros estavam arrumando o local.
- Bom dia, Morphius Sacred - cumprimentou, encostando na parede.
- Bom dia, Líder! - responderam em harmonia.
- Onde está o Mark?
- Ele já não estava aqui quando acordamos - respondeu Loomis, lavando os copos e taças.
- E a Shimishiro? Ela está bem? Disse que não precisava ser curada - perguntou Heath, entregando um copo d'água para ele.
- Ela deu uma saída pela manhã, disse que precisava investigar algo...
Como um estrondo, uma garota de longos cabelos rosa e óculos vermelho, abriu a porta da frente do bar, fadigada.
- Que porra de Reino Antigo é esse? - questionou, nervosa, jogando vários objetos de uma sacola de pano sobre a mesa.
- Shimishiro, por que sempre aparece quando estou falando de você? - perguntou Kalius, retirando a peruca da cabeça dela.
- Por que eu vejo o futuro - respondeu, pegando a peruca e a colocando novamente.
- Legal - disse, claramente, desacreditado. - O que são todas essas coisas?
- Veja... Uma fita de rádio de 1965, um cartucho do Nintendo de 1990, um Memory Card do PS2 de 2005, um Iphone de 2010, um pôster do filme dos Vingadores Endgame de 2019, uma seringa da vacina contra o Covid-19 de 2021 - ela os encarou. - Significa algo para vocês?
- Não conhecemos nada - responderam juntos, como todas as outras definições anteriores... Confusos.
- Esses números que você falou - Kalius se levantou, pensativo e surpreso. - São anos?
- Exatamente.
- Mas estamos no ano 500.
- Exatamente 500? Qual dia e semana? - Shizuna se aproximou, assustada.
- Dia 90... Semana 18.
- Isso nos deixa a 2 semanas de 501. Tenho 10 dias para resolver essa merda toda - ela guardou os objetos na sacola, pronta para sair do bar.
- Shimishiro - Kalius a segurou pelo braço. - Precisamos conversar sobre aquele bilhete.
- Eu já falei tudo o que tinha para falar.
- Me refiro à contra nota.
- Certo, entenda como quiser - ela saiu do local, deixando um ar misterioso para trás.
- Líder, que bilhete era esse? - Loomis se aproximou, com um semblante sério.
- Ela disse que me beijou ontem à noite.
Loomis encarou os outros membros, sorrindo.
- Podem me pagar os Rubis que me devem... 500 Rubis de cada. Vão passando! - disse orgulhoso, cutucando a barriga de Kalius com o cotovelo.
- Vocês fizeram? Então, ela é fácil assim? - retrucou Mark, adentrando o bar.
- Como ousa? - Kalius o pegou pelo colarinho e o prensou contra a parede. - Não rolou nada entre a gente... Não tirem conclusões precipitadas. E parem de apostar se vou transar ou não sempre que conheço uma garota.
- Não apostamos quando conheceu a Ellie - Mark respondeu, sorrindo.
- Vão se beijar ou se matar? - perguntou Heath separando os dois. - Parecem dois adolescentes brigando por uma garota.
- Não estamos brigando por ela - responderam juntos.
- Mas eu ganharia - disse Mark, confiante.
- Ela não é um objeto ou uma aposta, não fale assim.
Mark olhou em volta, todos os encaravam com olhares vazios e críticos, sem dizer nada.
- Não me esperem acordados - ele saiu do bar, com o semblante sério.
- Eu só vou avisar mais uma vez... Parem de fazer apostas sobre a minha vida e apostem na de vocês para ver se vão sobreviver nesse mundo ou não.
Morphius Sacred, uma guilda anteriormente plena, agora, por algo que não aconteceu, tudo desmoronava aos poucos.
Voltando para a garota, Shizuna andava disfarçada pelas ruas simples do reino. Haviam barracas e mais barracas de vendas, todas com produtos variados de cada ano; lojas de armas e roupas. Mesmo que tudo ali parecesse confuso, ela sentia nostalgia.
Ela andou distraída, perdida em seus pensamentos e teorias, por várias horas, até perceber ter chegado novamente ao beco em que apareceu. Notou também mais 3 passagens formando um "X". Ela olhou para o céu, já estava noite. Seu coração disparou, e um sentimento de perigo tomava seu corpo.
"Volte para o Bar da guilda logo. É perigoso aqui" ecoou a voz do Rei Demônio, em sua mente.
- E... Eu sei. Não se preocupe comigo - ela sussurrou, enquanto dava meia volta.
"Está brincando? Você não pode morrer nesse mundo ou nesse tempo".
- O que quer dizer com isso?
"Esqueceu? Minha alma está no seu corpo... Eu sei que você é importante".
- Não se meta... São o meu corpo e minhas memórias - ela olhou com raiva para seu reflexo na vitrine de uma loja, como se estivesse falando com ele.
"Agora é nosso".
- Vai achando isso...
"Então... O que vai acontecer daqui 10 dias? Eu revirei suas memórias, mas não achei nada"
- O fim do mundo... Mas eu não posso falar muito sobre isso...
Quando voltou a caminhar, nervosa, ela deu de cara com Mark.
- O que faz sozinha desse lado do reino? - ele perguntou, colocando um casaco nas costas dela.
- Eu estava... - ela desviou o olhar, encarando seu reflexo novamente. - Esquece. E o que você faz por aqui?
- Estava procurando nosso fornecedor de bebidas. Mas vamos, eu te acompanho até a Guilda.
- Certo. Vamos indo.
O caminho até lá não era curto e nem longo, mas também não rolou conversa para passar o tempo. A não ser os murmúrios como respostas que ela respondia para o Rei Demônio.
- Oi, você! - uma mulher pulou de cima de um telhado na frente deles. - Então você é a forasteira de quem todos estão falando?!
- Se afaste, Morgana - Mark ficou na frente de Shizuna.
- Oi, Mark lindinho. Como vai a vida de corno?
- Vá se ferrar.
- Você já me ferrou, seu otário, quando me dispensou por uma qualquer e contou pra geral do meu reino que eu espalhei informações confidenciais sobre o rei.
- Oi, licença. O que está acontecendo aqui? - Shizuna encarou os dois, desconfiada.
- Então, Mark, você já está pegando a forasteira? Que rápido.
- Morgana, certo? Você é cruel, e eu adorei. Me chamo Shiz... Shimishiro Kazuma, é um prazer conhecê-la.
- É um prazer, garota. Seguinte, não dá muita bola para esse palhaço aqui não - Morgana empurrou o ombro dele. - Quando ele encontrar alguém melhor, vai te abandonar.
- Na verdade, o Kalius é mais o meu tipo - Shizuna olhou para Mark. - Sem ofensas, desculpa.
- Ofensa alguma - revirou os olhos. - Melhor a gente ir para a Guilda logo.
- Pode ir na frente, lindinho. Eu protejo ela - Morgana envolveu seu braço sobre os ombros dela. - Tá comigo, tá com... É... Ela tá salva.
- Pode ir Mark, está tudo bem!
- Vai mesmo ficar com uma estranha de outro reino?
- Tecnicamente você também é um estranho.
Mark suspirou fundo, sorrindo.
- Se você morrer aqui ou for torturada no reino dessa aí, não diga que eu não avisei.
- Mais respeito mocinho, ou esfolo sua cara no chão.
- Vamos, Morgana - Shizuna a puxou pelo braço, empolgada.
- Vamos cair na night!
- Seu palavreado é bem... Coisa de jovem.
- Vi em um dicionário de gírias.
- Isso... É estranho! Mas deixa pra lá. Para onde vamos?
- Vamos sair de W... Vamos para Mirnus um pouquinho!
- W? O que é W?
- Reino W, onde estamos agora! Não sabia?
Shizuna ficou pensativa e perdida em teorias em sua cabeça.
Um grito ecoou pela sua cabeça e também a fez dar um grito.
- Garota! Que susto da porra! O que houve?
- Só... Senti uma pontada na minha cabeça do nada.
"Para de pensar tanto. Ah, nossa cabeça tá enchendo tanto de pensamentos que está doendo. Menina, só volte para casa. Mirnus Scarlatt é um reino tranquilo, mas ninguém sabe como funciona à noite".
- Morgana, me desculpa. Mas não estou me sentindo bem. Acho que tem algo de errado na minha cabeça.
- Fica sussa! Eu te levo até a guilda, as ruas por aqui...
Morgana mostrou o dedo do meio para ela, fez sua unha crescer e cortou ao meio uma bala de fogo que havia sido disparado contra Shizuna.
- Como eu ia dizendo... As ruas são perigosas - a mulher sorriu.
Após a mulher dar um longo e estridente assovio, uma pessoa com asas apareceu e num piscar de olhos, carregou Shizuna.
- Apareça, eu vou te descer o pau, seu covarde - Morgana gritou, fazendo crescer todas as unhas de seus dedos.
Saindo das sombras, com passos lentos numa cena dramática.
- Você é um lixo desgraçado, Mark.
Ele sorriu.
"... Eu não estou em um Isekai, eu não morri. Vire -> contra nota: Não confie inteiramente nas pessoas, principalmente nos membros da sua Guilda".
>>>>>>CONTINUA<<<<<<
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