ANO: 2335/ MÊS: JULHO/ DIA: 08 — SEXTA-FEIRA — DESERTO DE SAGNARA — 10:05 PM

Um helicóptero prepara para pousar, acabara de chegar na segunda área do Deserto de Sagnara. O piloto executa o pouso rapidamente. Faz muita poeira para as tropas que estavam ao redor, que alguns eram a Força Investigativa das Cúpulas, o exército de Sagnara, que entre eles estava vários esquadrões anti-bomba, força aérea fazendo a cobertura do local. O homem ruivo desce do helicóptero, estava ainda com seu slim preto, mas agora com um colete à prova de balas por cima, ele tinha olhos azuis claros, seu cabelo alaranjado grisalho batia no ombro, possuia uma barba grisalha, nariz fino e retinho, era alto, tinha um tronco largo.

— Fico feliz por ouvir meu apelo, Mago. — Dizia Chovster, comandante das tropas da Base 34.

— Bem, a Lácia pediu também, aí eu percebi que a coisa não poderia ser tão simples. — Respondia o homem ruivo, que era chamado de Mago.

— É... e como pode ver, isso é extremamente preocupante... — Acrescentava Chovster.

"Até o Mago Moderno está aqui, maluco, essa coisa é séria mesmo!", "Claro que é, não tá sentindo o poder de energia que aquilo tá emitindo? É claro que a cavalaria viria, qual foi?!", era o que alguns soldados cochichavam olhando o homem ruivo conversando com o comandante. O Mago tinha essa alcunha devido a sua velocidade não só como em projetar como em evoluir a tecnologia, era como se fosse mágica.

— Mago, há realmente a chance disso ser um portal? — Perguntava o comandante ao homem ruivo.

— No relatório da Lácia, ela disse que provavelmente pode ser um portal, ou uma bateria para alguma coisa, até mesmo uma bomba, mas eu aposto mais no portal ou na bateria... por mais que tudo isso seja muito vago, ela mesmo disse que não tem muitas informações, a estrutura inteira desse objeto é desconhecida para nós, por mais avançada que seja nossa tecnologia, o desconhecido, continuará sendo desconhecido até que se domine ele...

— E estamos aqui para isso... entendi, bem, e o corpo de cientistas dela?

— Está vindo em outro helicóptero, ela me disse que demoraria um pouco mas que logo chegava.

A forma continuava instável, emitindo mais e mais energia, os soldados ao redor, numa distância segura, estavam apenas observando, o corpo de cientistas e área tecnológica do Mago já estavam atuando no local, aguardando a chegada dos cientistas das Corporações Yollivister.

...

"Meu amor, vamos, você precisa acordar", era o que Gape escutava, sua visão estava turva, ele via o rosto de Thálita no pouco que ele conseguia enxergar e de repente, ele a via com clareza, e ela caia em seu peito, sem resposta, ele a olha, a aperta "Thálita, Thálita, me responde, Thálita, por favor, Thálita!", ele vê a mão dele com sangue, e olha mais adiante, o torso de Thálita estava com ele, órgãos caindo em cima dele, mas as pernas longe dali, ele gritava incessantemente, ele estava num lugar com uma neblina muito forte, um lugar escuro, cinzento, com o corpo de Thálita em seu braço.

— Thálita... Não... Por que?... Como isso foi acontecer? — Gape cochichava baixo enquanto lágrimas saiam sem parar.

— Meu bem, meu bem, está tudo bem, eu tô aqui, calma, acorda Gape, você precisa acordar, você está tendo um pesadelo! — Dizia Thálita enquanto chacoalhava Gape para acordá-lo.

Gape abria os olhos, no momento que viu Thálita e que não estava mais em um ambiente caótico, ele sorriu, e a abraçou, foram alguns segundos assim. Kirby estava sentado no banco de espera do quarto, ao seu lado estava Vamira e Jackes. Lácia estava em pé escorada na porta do quarto. Ela tinha um semblante preocupado.

— Eu não tava bem desde os testes, memórias estranhas estão vindo o tempo todo, está horrível. — Dizia Gape enquanto abraçava Thálita.

— Vai ficar tudo bem... tudo bem...  mas vamos agora, temos um assunto para resolver.

— Certo... — Respondia Gape.

— Kirby. — Chamava Lácia saindo da sala.

— Sim, doutora? — Perguntava Kirby a Lácia. Estavam no corredor.

— Revivam o projeto das bolhas de estancamento da Thálita, eu vejo potencial mas no momento continua sendo impossível de se fazer, mas eu vou investir nas pesquisas, eu quero que dê certo, que continue os testes, façam essas bolhas serem possíveis.

— Certo, doutora, vamos nos dedicar a estudá-lo, mas porque agora? Se já o tinha cancelado?

— Sentimento de mãe, Kirby, sentimento de mãe... — Lácia estava com um semblante de preocupação muito grande.

Kirby ficava quieto, não questionou mais a partir daí.

...

DESERTO DE SAGNARA — ÁREA 02 — 10:31 PM

— Mago, se for mesmo um portal, há uma chance de ser eles não é? — Perguntava Chovster ao Mago.

— Talvez, Lotus. O tamanho disso não coincide com o tamanho do portal que se abriu um Neo Kosmo, era imenso, a menos que isso se expanda, não consigo assimilar, mas talvez eles possam ter mudado, talvez possa não ser nada, esse momento todo é um grande talvez.

— Senhor, não é possível se aproximar do objeto, diferente de antes, ele não só nos afasta com a pressão de sua presença, como também com raios elétricos com volts extremamente altos, dois homens sofreram ferimentos graves, o contato é impossível. — Dizia um cientista vindo ao Mago.

— Não há mesmo o que fazer, isso pode piorar se o deixarmos livre, inicie o protocolo de isolamento com a esfera de energia, irá se adaptar e encontrar o isolante para poder impedir de expelir esse tanto de energia, bem, isso enquanto ainda nossa tecnologia pode segurar. — O Mago olhava para os sensores. — Moveremos isso para uma base segura. Se a esfera de energia romper, é bom que esteja num lugar onde possamos conter.

— Certo, Sir. Iniciando Protocolo de Isolamento número cinco quatro meia dois. — Respondia a I.A Jhonnie após ouvir Mago.

— E também, ative a esfera de metal para podermos mover fisicamente.

Havia 10 Fortes ali, trazidos pela força-aérea. Eram altos e "portáteis", usados para expedições onde demandava levar muitos materiais e recursos, como alimentos, medicamentos, os contêiners, armas, carros e tecnologia. E onde abrigava os protocolos de isolamento. O único que tinha acesso e patente para ativá-los era o Comandante Geral Militar da Cúpula, o Mago Moderno.

De um dos Fortes, saia um carro-forte, era comprido, como uma van, tinha um design robusto e arcaico, de cor azul escuro reluzente onde refletia com esplendor a luz da lua, não possuía janelas, já que não necessitava de um piloto. Ele soltava um projétil, que era disparado como um míssel. O projétil vai em direção da forma de metal. Ao chegar centralizado em cima da mesma, ele se dipersa, explodindo em sincronia circular um tecido de energia, que descia inibindo os raios e a energia da forma de expandir naquele espaço. 

— Estimo quatro horas de resistência com este protocolo ativo e com o ritmo que o objeto desconhecido continua emitindo mais e mais energia. Depois disso não há garantias que a esfera suporte, se deseja transportar o objeto, comece imediatamente, pois sua densidade continua aumentando também, só olhar para o chão embaixo dele, Sir. — Argumentava Jhonnie.

— Realmente Jhonnie, é nítida a cratera que está nascendo ali. Certo, agora inicie o protocolo da esfera de metal, como eu pedi. 

— Ok, Sir.

Um helicóptero estava pousando no local, o Mago olha e reconhece na hora, era Lácia e sua equipe.

— Aguarde, Jhonnie — Dizia o Mago fechando o punho apontado para a tela holográfica onde simulava o rosto de Jhonnie.

— Então aparentemente foi isso que saiu do mar lá em Epanastatio? Por que veio para cá? — Perguntava Gape descendo do helicóptero.

— Não fazemos a mínima ideia, Gapear. Sua origem e objetivos são desconhecidas, não temos certeza nem se é extraterrestre, pois aparentemente saiu do nosso mar. Mas eu tenho quase certeza que seja, levando em consideração nossas simulações e suas memórias. — Responde Lácia.

— Nem acredito que eu ia deixar pra olhar isso agora a noite, esse problema é nível mundial. — Dizia Thálita surpresa com a situação.

— Kirby, Vamira, Jackes, e suas respectivas equipes, vão auxiliar o corpo científico do Levi, quero resultados! — Ordenava Lácia.

— Já chega colocando moral... — Dizia o Mago, rindo levemente, vendo Lácia comandando as equipes dela.

— O que acha disso Levi? — Perguntava Lácia chegando perto do Mago e de Chovster.

— Prazer, Lácia.

— Prazer, Chovster — Cumprimentava ambos apertando as mãos. Chovster saia e deixava os dois a sós.

— É, eu acho que você tem razão, pela primeira vez utilizamos os protocolos de isolamento, pois nunca tivemos nada parecido. Bem, a menos que o poder daquilo esteja além das nossas capacidades de defesa, estaremos seguros. Logo irei iniciar o próximo protocolo, assim poderemos mover aquilo para um lugar seguro. — Respondia o Mago a pergunta de Lácia.

— Eu estou com um pressentimento ruim, Levi. Você leu o relatório sobre as memórias do meu genro e a ligação com as minhas simulações?

— Claro que li, qual é dessa desconfiança?

— Ah, não sei, vejamos, ignorar todas as minhas solicitações de investigações científicas, e meus projetos antes de eu co-fundar uma corporação com recursos próprios, além de nunca responder meus pedidos? Você me negou um ursinho de pelúcia que estavam distribuindo no seu setor quando fui te visitar na última vez que te vi, e olha que eu tinha acabado de salvar sua vida, mas o que será que poderá ser essa minha desconfiança em você ter aceitado em vir e ainda ler meu relatório, não é mesmo?

O Mago ria de sair lágrimas.

— Ok, sim, sim, eu sei, eu sou um babaquinha, mas eu não ia negar isso, não só porque é um problema que acredito ser de escala mundial, mas porque você tinha pedido para vir, você salvou minha vida, precisava retribuir o favor.

Lácia suspirava.

— Certo, eu sei que é muita coincidência já que suas simulações estavam ocorrendo em sigilo extremo e ele tem tido sonhos que podem ser memórias retornando, dos mesmos monstros fielmente ao seu projeto, mas não parou para considerar que possa ser alguma falha na sua segurança?

— Não, não seria, todo o progresso estava sendo armazenado com sigilo de Cúpula por via das dúvidas, e o único backup existente está sendo arquivado fisicamente num lugar onde só minha equipe visita, Gapear nem tem como entrar no prédio sem a digital de um dos funcionários, e minha equipe teve o primeiro contato com ele hoje, fora que eu não sei porquê, mas eu sinto que tudo isso é um sinal e que está de certa forma ligado.

— Certo, confio em você, se isso então for de fato um portal para aqueles monstros, tudo o que se tem de informação do seu genro precisará ser avaliada e precisaremos montar uma estratégia de defesa, entraremos em conflito... — O Mago estava apreensivo — E quanto ao Skurt, ele está ciente da situação?

— Sim, Epanastatio inteira está, afinal foram eles que mandaram informações para sua base militar e bem, Skurt está em reuniões com os figurões de lá tem duas semanas, questões bélicas, ele está participando ativamente do desenvolvimento.

— Entendi, atualizei Epanastatio e Goglocko da situação tem alguns minutos, também pedi para eles assumirem caso algo aconteça aqui.

— Esperto.

— Por que te rejeitei, hein?

— Não sei, Levi. Mas conviva com a culpa, e evite esses assuntos, minha filha está aqui.

— Nossa. — Risos — Fria como sempre.

— Mãe, a energia continua aumentando, e não está tendo como descobrir nada, os sensores da esfera não captam nada além de energia bruta, não dá para prever reações além de um aumento exponencial dela e acho que o mais viável, com esse crescimento, é que exploda mesmo, não tem portal, não tem bateria, é explosão! — Chegava Thálita contando os alguns resultados dos estudos do objeto para Lácia.

"Meu Deus, que dor no peito enorme é essa? Que aflição e angústia esmagadora, eu sinto arrepios por todo o meu corpo, que droga é essa?" era o que Gape pensava enquanto soava frio sentado no chão de um dos contêineres onde os cientistas estavam. Então de repente a cabeça de Gape começava a doer muito forte. E ele então teve mais um flashe de memória.

— Jhonnie, prepare o Mega Avião. — Ordenava o Mago.

Assim saía dez carros-fortes de cada um dos dez Fortes, e ambos iam alinhados. Dez aeronaves saíam logo atrás respectivamente. Essas eram diferentes dos aviões da força aérea, tinham o design dos carros-fortes e assim como eles, não tinha um piloto. Em seguida, as aeronaves começam a planar em cima dos carros, e cada um subitamente se desmonta e as peças são puxadas para as aeronaves como imãs. Para receber as peças cada aeronave parcialmente se desmontava e assim as peças de ambos se fundia. Após restar apenas as aeronaves, elas traçam um caminho alinhado e sincronizado ganhando altitude. Ao chegarem alto o suficiente, elas começam a descer em uma velocidade mediana, não desciam como um jato, desciam controlando. 

Nesse caminho, elas começam a se desmontar e se fundir numa única e gigante aeronave, o Mega Avião. Ao estarem se aproximando do alvo, a esfera de energia, ela dispara um projétil. Ele explode liberando metal líquido, esse que era a mistura de diversos metais resistentes num só, chamado de Colossus. O metal líquido, como se tivesse vida, se espalha pela esfera, e ao fechá-la completamente, e moldar um encaixe em sua superfície, ele se solidifica, duma forma tão perfeita que fica liso e reluzente. Após isso, o Mega Avião já se posiciona logo acima da esfera metálica, e encaixa em sua base, parafusos se rodam sozinhos, travas se travam simultaneamente, estava bem conectado. A nave estava pronta para partir.

— Bem, Lácia, a partir daqui os sensores da esfera vão perder contato com os computadores, não vou perder tempo e levar essa coisa para a base setenta e dois, aquela que fica no meio do oceano e bem no fundo. Daqui duas horas mando um helicóptero buscar sua equipe — Contava o Mago após ver o processo terminar.

— Já vou com você, Levi. Não temos tempo a perder, duas horas para quê, se eu posso ir agora? — Revidava Lácia passando pelo Mago.

— Lácia... — Ele segurava o ombro dela. — Duas horas. Descanse um pouco. Eu também tenho uma equipe científica. Eu cuido dos preparativos — O Mago falava muito sério, Lácia sentia, e até aquele momento ele não tinha agido assim, ele estava sendo descontraído até ali. Lácia apenas suspirava, dava dois tapinhas nas costas dele e seguia para o seu helicóptero. O Mago olhava aliviado, ela indo embora.

— Thálita, Thálita! O Gapear desmaiou e está convulsionando e babando! — Chamava Kirby, no contêiner de estudos que estavam.

Jackes chega e aplica mais um sedativo, Vamira preparava os primeiros socorros.

— Ai não, de novo, não! O que está acontecendo com você hoje meu bem? Isso tudo foi por causa daquele exame? — Dizia Thálita preocupada chegando perto e colocando Gape em seu colo.

— Perdemos os sinais dos sensores da esfera de energia. — Dizia Vamira socorrendo Gape.

— Provavelmente executaram o protocolo de transporte de ameaça e já vão mover aquilo para um lugar melhor, dava pra ouvir as aeronaves estremecendo o chão. — Respondia Jackes.