ANO: 2335/ MÊS: JULHO/ DIA: 08 — SEXTA-FEIRA — 08:22 AM
— ... e irmãos e irmãs, sabemos que de certa forma, não só a religião como também a crença em Deus e até mesmo nos demais deuses de outras culturas, diminuíram. Diminuíram com a nossa saída e retorno a Terra, afinal, a maioria das culturas abrigava uma crença onde os acontecimentos ocorriam aqui, na Terra, diferente de uma mitologia como a nórdica ou a greco-romana. A saída dos humanos para viver e evoluir em outro planeta afetou a crença das pessoas, onde começaram a aceitar que "a ciência estava certa o tempo todo e o homem fez tudo e foi capaz de todos os feitos até agora", claro, sempre houveram aqueles que independente se o apocalipse previsto pela bíblia não tivesse ocorrido, nunca deixaram de acreditar no Messias, nem de disseminar sua palavra, e foram essas pessoas que manteram a crença em Deus, o criador, viva — Um homem alto, cabelos curtos e negros reluzentes, de óculos e terno, barba feita, estava dando uma palestra num palco, com poucas pessoas assistindo. Mago era uma dessas pessoas.
— É de conhecimento mútuo, que vivemos num governo controlado pelo Conselho, onde eles detém o controle e distribuição não só de tecnologia como de outros recursos. E mesmo as pessoas não aceitando mais a existência de Deus, a religião que moldou o modelo de sociedade que conhecemos hoje e as sociedades do passado. Houveram povos há milênios antes dos humanos deixarem a Terra, onde a sua sociedade foi construída em base na crença em seus deuses, eram chamados de "egípcios". Nós atualmente não somos diferentes, o que conhecemos de hospital hoje, provém da ideia de ajuda em conjunto de diversas irmãs nas Santas Casas, antigamente, onde nelas, os pobres e necessitados eram socorridos e tratados. E até mesmo o governo é em base disso, a religião influencia diretamente como vivemos. Nossos valores, caráter e moral, foram construídos pela influência da religião na sociedade — O homem parava um pouco para beber um copo d'água que estava ali perto de prontidão para ele.
— O que quero passar aqui para vocês, remanescentes da graça de Jesus, que ainda tem fé do Deus todo poderoso, é que espalhem essa graça no amor em que foi criada, as pessoas precisam de um alicerce em suas vidas para quando precisarem e buscarem, elas terem. Vivemos hoje numa crise, não diferente da vivida em Neo Kosmo, não diferente da vivida aqui na Terra antes, pois os homens no poder nunca deixam de ser gananciosos, por isso essas pessoas precisam de apoio. Não deixem que a descrença do próximo afete a fé de vocês, se sintam honrados por ser aqueles que não se perderam mesmo com tudo ao redor dando motivos para isso. Obrigado por me ouvirem até aqui, meus queridos irmãos e irmãs. — Palmas pelos que estavam ali, eram possíveis serem ouvidas. O homem descia do palco, o Mago estava ali perto, queria falar com ele.
— Ah, Levi. Como vai meu velho amigo?
— Vou bem, pastor. Palestra boa...
— Ah, por favor, não deve créditos a mim, tudo que digo é em base com que Ele me instrui.
— Eu sei, bem... — O Mago fazia uma feição de preocupado — Numa grande catástrofe, onde eu precisei abrir mão de uma coisa muito importante para mim... é como se fosse a uma guerra onde eu não sei se eu vou voltar... como pode ver, não consigo nem me expressar direito, no mais, queria conselhos...
O Mago era no mínimo uns 30 centímetros mais alto que o homem, o contraste de altura era "grande".
— Filho, vou orientá-lo a orar, claro, mas sei que não precisa só disso. Você está procurando um alicerce em minhas palavras, bem, deve-se confiar que o que lhe foi imposto, foi vontade d'Ele. Mas se mesmo assim não é o suficiente para você confiar, confie em seu coração, se você acha que é o certo, faça, mas tenha certeza que seu coração está em sintonia com Deus, então será isso o certo a se fazer. — O homem batia de leve a mão no ombro de Mago e ele faz uma feição de um sorriso fechado e leve.
— Obrigado, Juan. Obrigado por tudo que fez por mim. — O Mago sorria. Ele abraçava o homem. Soltava. Se virava e ia embora. O homem olhava o Mago desaparecer no horizonte.
Ao sair do local, Mago permanecia sério e continuava andando pela calçada, alguma coisa o incomodava. "É hoje. Vai começar hoje", era o que pensava inquieto.
...
Mago estava afundando no oceano inconsciente, no meio de um monte de destroços de ferro. Debaixo d'água era possível ver um imenso clarão avermelhado vindo de fora. O mar estava inquieto.
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