— Droga, Levi — Reagia Lácia após ouvir o pedido de socorro que Levi mandou, ela tinha acabado de sentar para tentar comunicação com ele, como havia dito que faria. Ela bate de punho fechado na mesa. — Você não quer que ninguém vá para aí, né? O que aconteceu?
A mesa começa a tremer, as coisas de Lácia que estavam em cima dela, começam a pularem. Lácia sente a cadeira tremendo, o chão também, estava tudo tremendo.
— Mas o quê? — Lácia arregala os olhos.
Um estrondoso terremoto se inicia, as paredes do prédio começam a rachar. Lácia fita os olhos.
— Mônica, o protocolo de desabamento, ative-o agora.
— Certo, senhora Lácia, ativando protocolo de segurança duzentos e quarenta e nove.
Assim cada andar do prédio era revestido de uma camada de energia que seguraria em casos do prédio desabar, para dar tempo de evacuá-lo. Quando esse protocolo era ativado, automaticamente, um alarme era tocado, instruindo todos no prédio a deixá-lo.
— Integridade da construção. — Lácia estava correndo pelos corredores. Estava tudo tremendo
— Por enquanto permanece em setenta e nove porcento. Não há riscos de desabamento ainda.
— Previsão com base no ritmo que as ondas sísmicas estão causando esse terremoto. — Lácia vira num outro corredor. Haviam muitas pessoas correndo.
— Dez minutos para o prédio cair.
— Upe todos os arquivos do sistema para a nuvem, o backup automático é só daqui a uma hora. — Lácia chegava ao quarto que todos estavam.
— Certo, senhorita.
— E o Mago, mãe? — Perguntava Thálita ao ver Lácia entrando na sala, todos estavam se preparando para sair.
— Deu tudo errado, ele mandou um pedido de socorro, deixem tudo e vamos embora, andem, rápido!
— Mônica, as naves de emergência, depressa!
E de repente a sala fica vermelha, como se fosse as antigas salas de revelação de fotografias. Um vermelho forte, como se a sala tivesse sido banhada em sangue. Era uma luz, uma poderosa luz.
— Gapear? — Lácia perguntava a Gape.
— Sim! — Ele respondia.
O terremoto diminui, até parar.
— Integridade da construção em sessenta e dois porcento, não há risco do prédio desabar, ondas sísmicas regulares. Protocolo de segurança pode ser desligado. — Informava Mônica.
— Certo, desative, todos saíram em segurança? — Perguntava Lácia.
— A última tripulação acaba de deixar o prédio, estão sendo levados para a base de emergência, senhora.
Lácia começa a andar para a janela do quarto para ver o clarão, ela estava muito apreensiva. Ela chega, a abre.
— Merda, merda, merda, merda, merda! — Ela exclamava. Batia a mão de punho fechado.
Nas gravações de registro da fuga de Neo Kosmo, era possível ver um portal gigantesco, de cor esverdeada, onde mudava completamente não só o clima, como o ambiente, causou destruição só por surgir. No seu centro era possível ver uma espécie de brasão. Lácia acabava de presenciar o mesmo com o portal vermelho. O céu era escondido pelo portal.
— São eles mesmo, não são? — Perguntava Gape.
— Mônica, eu quero que você gere um comunicado de emergência para evacuação da população da Metrópole para bases da corporação! — Pedia Lácia enquanto se virava da janela andando.
— Usaremos a autoridade de emergência? Senhora, você pode ser severamente punida por isso.
— Eu não ligo, Mônica, só faça, só faça!
Thálita percebe o quanto sua mãe estava determinada e estressada com isso tudo.
— Mãe, eu vou atrás do Mago, ele não mandaria um socorro pra você em vez de mandar pro quartel general sem motivo.
— Como assim? — Lácia parava de andar e olhava para Thálita.
— Eu acabei de verificar com eles, o vice comandante não estava ciente da situação do Mago, eles estão vindo nos buscar para irmos, é uma equipe seleta, só a elite segundo ele, estaremos em boas mãos.
— Thálita, não! Você não vai! Ele estava na fonte, lá deve estar um caos!
— Não saiu nenhum monstro ainda, saiu? Temos que salvá-lo agora, mãe, enquanto ainda podemos!
— Thálita...
— Mãe, eu sei que você quer ir no meu lugar e não quer que ninguém faça isso além da senhora, mas a senhora também sabe das necessidades que tem que cumprir, e está fazendo isso, eu e a equipe aqui vamos adiantar essa questão, vai ficar tudo bem.
Lácia fecha os olhos, fazia uma expressão clara de que não queria deixar Thálita ir.
— Certo, vai, Thálita, vai. Mas cuidado.
...
Cúpula de Epanastatio
clic!
O jovem do rabo de cavalo desliga a chamada que estava tendo com Kirby.
— Doutor Skurt, precisamos entrar em contato com o Conselho de Epanastatio imediatamente, antes que a invasão comece.
— De fato, vamos, Lácia já nos enviou as imagens do brasão, deve ser o suficiente para convencê-los a iniciar uma medida de segurança para a população e acionar o exército. — Dizia o homem fechando os botões do terno.
— Por que o senhor acha que a doutora Lácia pode sofrer pena por abuso de autoridade? Mesmo agindo com provas e preparando a evacuação, digo, ela vai salvar milhões. — Dizia o jovem enquanto acompanhava o homem pelo corredor. Já haviam deixado a sala.
— Porque o Conselho não gosta da idéia de alguém agindo na mesma autoridade que eles, Jhonny, pior ainda quando a pessoa que faz isso, tem apoio popular.
— Para que existe a autoridade de emergência então? Só pessoas com um histórico de feitos e grande credibilidade conseguem esse título e se for usado, você é penalizado? — Perguntava o jovem incrédulo.
— O fato de existir é pra acalmar a população para não acontecer uma rebelião, um voto de confiança, funcionar é outra coisa, nessa parte eles enrolam até que quem quisesse contestar desista de uma vez. Eu sei, Jhonny, eu também não concordo com esse governo.
...
— Sim, em condições normais não priorizaríamos o resgate do comandante num local perigoso, principalmente por ele ter agido sozinho, em situações como essa, daríamos prioridade para a defesa da Cúpula e arredores. Mas o Levi deixou de contar conosco em situações de vida e morte, éramos irmãos de campo... — Dizia o Vice-Comandante, estava sentado olhando a vista pela janela do Super-Jato, que estava indo em alta velocidade para a antiga Base 72.
Thálita ficava surpresa com aquilo, mantinha o silêncio após a pergunta que ela tinha feito. Gape estava quieto com a cabeça longe dali olhando para a janela, afinal, ele estava atordoado com tudo que estava acontecendo. Kirby, Vamira e Jackes estavam quietos escorados no banco, um sentado do ladinho do outro.
...
— Consegui, senhora, vice-comandante na linha. — Anunciava Mônica para Lácia.
Aparecia uma tela holográfica com um homem sendo transmitido nela, era o Vice-Comandante Geral Militar. Um homem branco de cabelos negros longos, slim brilhoso, olhos escuros.
— Brastos, eu estou usando minha autoridade de emergência, eu vou arcar com tudo, agora precisamos exercer uma linha de defesa para os cidadãos, as bases de segurança para terremotos e destruições naturais em cada cidade de Sagnara já está sendo utilizada para abrigar os cidadãos e tanto polícia local como o corpo de bombeiros, estão atuando para guiar e evitar mais mortes, já que somente com o monstruoso terremoto, muitas pessoas já morreram e por isso que — Falava Lácia freneticamente enquanto digitava em seu computador. O Vice-comandante a corta.
— Lácia, não se preocupe, eu já estou fazendo isso, não tem o que discutir, eu me viro com o Conselho depois, não ligo de estar convocando toda a força armada do continente para auxiliar nesse momento caótico, não vou deixar você assumir a culpa sozinha, também estou exercendo abuso de autoridade, mas bem, que se dane o Conselho, os cidadãos vem em promeio lugar, foi pra isso que eu me alistei. — Explicava o homem, era possível ouvir o barulho do motor do jato de fundo.
— Assim você poupa meu tempo, obrigada, Brastos, de verdade.
— Se precisar me ligue, farei o mesmo. Em breve devem estar voltando com o Levi, não se preocupe.
— Sim, sim, obrigada.
Lácia estava desempenhando o trabalho do governo da Cúpula, que caberia ao Conselho fazer, mas pela necessidade de resposta rápida ao ocorrido para ter o máximo de vidas salvas possível, ela começou a usar sua influência para poder ajudar nesse cenário assustador.
...
Cidade Costeira de Sagnara, fora da Cúpula — Kitrillion.
A cidade estava em pedaços, prédios inteiros reduzidos a destroços, o lugar já era um cemitério tanto de construções quanto de pessoas. Isso porque cidades costeiras foram as mais atingidas por serem o mais próximas da Base 72. Mesmo que ela fique a 1100km delas.
— Mãe, mãe, mãeeeeee! — Clamava uma criança chorando embaixo de um destroço pendendo a cair em cima dela.
PAF!
Uma bombeira agarra a criança e a tira de debaixo do destroço e continuava correndo. Ambas estavam sujas de poeira e machucadas.
— Vem com a maninha, eu vou te tirar disso, vai ficar tudo bem! — Consolava a bombeira levando a criança no colo. A criança chorava silenciosamente.
Essa era a realidade das cidades de fora das Cúpulas, principalmente as que estavam perto do portal, onde o dano foi muito mais significativo, cidades rurais de fora delas não eram muito diferentes, o desespero da situação levavam aquelas pessoas a não se importarem com as outras e simplesmente alcançar um meio de sobreviver.
...
Cidade Rural de Goglocko, fora da Cúpula — Goldaj
— Mano? Mano, mano! Mano por favor responde, mano, vamos, temos que ir! Todos estão indo para dentro das Cúpulas para se abrigarem! Lembra que você me contou uma vez que elas tinham a base praticamente protegida para terremotos? Estaremos salvos! — Implorava chorando, um garoto segurando a mão de seu irmão, que estava no chão, com o pescoço revirado, cheio de marcas de sola de sapato. Enquanto o garoto clamava, uma multidão desesperada de pessoas corriam ao seu redor, e assim como seu irmão, ele morreu pisoteado.
O portal havia sido aberto numa escala gigantesca, pegando desde a sua origem no mar de Sagnara até a ponta do mar de Glogocko, cidades já haviam sofrido perdas, destruições, um caos já havia se instalado naqueles continentes.
[352 mortos registrados em Sagnara e 221 registrados em Goglocko. Epanastatio sem status de reação a crise. Fazem 21 minutos que o portal se abriu]
— Droga, já morreu gente Jhonny, e Epanastatio nem está na programação pois não teve uma reação por parte deles. — Dizia o homem mais velho.
— Que merda, aqui não tem ninguém com a autoridade de emergência? Alguém para reagir a isso? — Questionava o garoto do rabo de cavalo
— Ter até tem, mas loucos que nem a Lácia, não. Em Goglocko, o Conselho já agiu assim que começou os terremotos, o Mago deixou eles a par das possibilidades desde a verificação no deserto. Nós que teremos que mudar algo se quisermos salvar vidas aqui.
Ambos estavam sentados num grande banco, de uma grande sala, uma sala que lembraria um julgamento. Eles cochichavam, para que não os escutassem.
— Bem, senhores, serei todo ouvidos para o que deseja nos dizer. Inicio essa pequena sessão extraordinária convosco — Dizia um homem velho, ranzinza, rabugento e de braços longos, estava sentado no meio entre dois outros velhos. Eles vestiam mantos longos e brilhantes.
— Senhores, é fato que estamos esperando uma invasão, os dados provam isso, pessoas já morreram nas outras Cúpulas, as pessoas que vivem fora das mesmas foram as que mais sofreram com isso, pelo fato de não terem a proteção que as Cúpulas oferecem, e fugas desorganizadas resultam em mais e mais mortes, mesmo com a informação sendo transmitida o mais rápido possível, mais pessoas vão morrer, eu exijo uma reação desse conselho, imediatamente! — Argumentava o homem que acompanhava o jovem naquela sessão. Ele apontava o dedo em sua mesa ali.
— Skurt, nós gostaríamos que abaixasse o seu tom de voz, você nem ao menos possui uma autoridade de emergência para conversar com essa informalidade conosco. E respondendo ao seu apelo, poderíamos simplesmente ignorá-lo, por falar de tal maneira, mas vamos te dar uma resposta descente. Negado, nada comprova que de fato seja uma invasão extraterrestre e ainda mais deles, as forças municipais já estão agindo para socorrer as pessoas que sofreram com os terremotos, não haverá mais mortes, fique tranquilo, quanto ao vermelho no céu, nós enviaremos nossa equipe de pesquisa para investigar. No mais, gostaria de acrescentar algo? — Respondia o mesmo velho que havia iniciado a sessão.
— Esse maldito ego de vocês, fala sério, é claro que tenho, eu sei bem com quem eu vim falar. — Dizia o homem, que se chamava Skurt, levantando a mão de sua pulseira, transmitindo a imagem de registro do portal, mostrando nitidamente o brasão, numa tela holográfica.
Os três velhos, se surpreendiam de imediato. No mesmo instante, da mesa dos três, surge duas telas holográficas, com três homens trajados da mesma maneira que os três velhos em cada uma, transmitindo uma chamada de emergência obrigatória, tal essa que se ativava de imediato sem o consentimento dos receptores.
— Bem, nós de Glogocko e Sagnara queremos saber o que vocês estão fazendo que ainda não começaram a agir, estão querendo ser tirados do poder? Pois se for o caso, nós providenciaremos esse desejo de imediato, assim que terminarmos de organizar e socorrer as pessoas que estão morrendo por causa dessa droga que abriu nos céus! — Dizia o homem do meio da tela de Goglocko, de olhos afiados e fixos aos velhos.
— Mas olha a audáci— Tentava retrucar um dos velhos, mas era cortado por um dos homens da outra tela, de Sagnara, esse era mais jovem.
— Não, meu senhor, não é audácia, nós temos autoridade para fazer isso, provas, mandato, e uma convocação de reação assinada por nós seis. Ou vocês estão mesmo afim de estragar o que eles começaram?
O velho rabugento fechava os olhos, estava suando, serrava os dentes.
— Certo, pedido de Skurt aceito pelo Conselho de Epanastatio, entraremos em ação com poderio militar de defesa e as demais forças para evitar mais mortes e nos prepararmos para receber aqueles malditos alienígenas.
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