-Anteriormente em XConnection-

Nem todos são flor que se cheire, mas a rosa cheia de espinhos que parecia perigosa, era a mais perfumada.

-Agora-

- Por que traiu sua guilda? - Morgana manteu as unhas, preparada para se defender ou atacar.

- Eu não posso trair, se nunca jurei lealdade - Mark sentou na calçada, olhando para sua mão em chamas.

- E por que tentou matar ela?

- Ela não pertence a este reino. Nem Mirnus ou o outro.

- Não me venha com esse papinho de certo ou errado. Você também é um intruso nesse reino. Não se esqueça que Kalius Morgan te escondeu e te ajudou, mesmo sendo um invasor.

- Ele é filho do Rei Demônio, mas isso não diz nada. Ele é fraco, e falha em proteger as pessoas.

Um grito de raiva interrompeu a conversa. Shizuna apareceu, carregando o corpo de um jovem sobre os ombros.

- Shimi... Shiro? - Morgana congelou, seu corpo estremeceu. - M... Meu irmão. O que aconteceu com ele?

- Aquele que apareceu quando você assobiou, era um metamorfo. Digo, acho que esse era o karma dele. Ele não chegou a matar seu irmão, apenas o deixou inconsciente - ela a entregou o irmão.

- Você sabe de qual reino ele é? Viu algum símbolo?

- Ele era de Mirnus. Um dos guardas reais. Talvez estejam atrás de vocês dois.

- Era?

- Sim. Ele continuaria seguindo vocês, então... Um problema a menos.

Shizuna olhou para os lados.

- Estava conversando com quem?

Morgana olhou para o lado da loja, e nas sombras, viu Mark fazer o gesto de silêncio, pedindo para que não contasse.

- Com o Mark - respondeu, sorrindo, sem hesitar.

- Ele tentou me matar?

- Ele mesmo. Um desgraçado ele, né?

- Não vou opinar. Mas devíamos correr para a Guilda, Heath irá curar o Billy.

- Meu irmão te contou o nome dele?

- S... - Shizuna pôs uma das mãos sobre o peito e a outra nas costas.

- V... Vamos logo - disse ela, segurando uma tosse.

As duas então correram para o bar. Ao entrar, Mark já estava ali com o resto dos membros. Kalius se levantou, calmo e desconfiado, olhando para Morgana.
A mulher entregou seu irmão para Shizuna segurar, e então, se ajoelhou, implorando para que salvasse seu irmão.

- O que você acha que vou pensar de uma inimiga forte que implora por ajuda? - Kalius a levantou, sorrindo.

- Eu te odeio, desgraçado - ela o abraçou.

- Bem-vinda de volta, Morgana.

- A traidora é bem-vinda? - Mark retrucou, encostado no balcão.

- É o sujo falando do mal lavado - a mulher devolveu.

- Tenho muitas perguntas, mas antes, Heath, pode curá-lo, por favor? - pediu Shizuna, ajeitando ele em seus braços.

- Sem problemas, leve-o para o segundo andar, por favor - Heath abriu a porta que levava para as escadas.

- Você parece cansada - Kalius pegou o garoto nos braços. - Eu levo ele. Tente descansar no seu quarto.

- Obrigada. Morgana, pode ir comigo? Precisamos conversar - disse ela, com a respiração ofegante.

- Claro, garota. Vamos. Olá, Loomis.

Elas subiram as escadas.

- Meu amigo, a Morgana continua maravilhosa! - Loomis suspirou, feliz da vida.

- Você acha que ainda tem chances? - Leonard riu, enquanto descia as cadeiras da mesa.

- Mesmo depois que ela saiu da Guilda, eu nunca desisti dela. Continuei mandando recados pelas corujas, e só pelo fato dela me responder, ainda me deu esperanças.

- Ela só respondeu, porque é educada...

- Eu aposto que ela também gosta do Kalius, afinal, todas gostam dele - disse Mark, desgostado, com a cara fechada.

- Sério, mano? Que foda! Ainda bem que pedi sua opinião! Muito obrigado!

- Ironia é para os vencedores, Loomis.

- Se você sabe, então porque tenta ser irônico?

- Escuta aqui... - Mark o puxou pelo colarinho, fazendo com que derrubasse uma cadeira.

- Seu merda, é melhor me soltar... Eu sei o seu segredo, seu pivete filho de uma puta.

Mark o soltou. Antes que subisse as escadas para o seu quarto, chutou uma mesa na direção de Loomis. Subiu e fechou a porta.

No quarto de Shizuna, ela estava deitada na cama enquanto Morgana fazia massagem em suas costas.

- Então, quer dizer que daqui 10 dias o mundo vai acabar, Shiro-chan? Tipo... Bem na virada de ano para 501?

- Sim... Não - ela se levantou, surpresa.

- Sim ou não, colega?

- Não. Não estamos no ano 500... Estamos em 499. O Reino... Este mundo foi destruído em 500.

- E como você sabe disso?

- Porque eu nasci no último dia de 499. E no dia seguinte, 500, o mundo acabou.

- Como você pode ter nascido em 500, se está bem aqui? Agora?

- Porque eu nasci no mundo original. O Reino W que originalmente se chamava Mordrwick. Se escreve com W, mas todos falavam para ignorar o W, porque ele... Foi um erro - Shizuna começou a andar de um lado para outro no quarto. - O que significa que um deles criou esse mundo fragmentado... Para me pegar.

- E por que um deles faria isso? E quem são eles?

- Porque sou filha nascida de uma traição da rainha de Mordrwick. Depois que o Reino foi atacado, o Rei me salvou, me colocando em um portal.
Um ser divino me encontrou por acaso, e me criou. É por esse motivo que alguém está me caçando. Porque a Morte me criou como uma filha para ele.

- E por que está me contando tudo isso? Sabia que eu posso muito bem contar pra todo mundo, né?

- Porque eu confio em você, e sei que está com medo o suficiente para não contar. A Morte não pode te machucar aqui, esse mundo não é dele.

Shizuna, de repente, sentiu uma forte dor nas costas. Ela parecia com dificuldade para respirar, então deitou-se no chão.

- Shiro-chan? O que houve?

- E... Este mundo... Ele me permite ter poderes, assim como todos. Mas eu não... Eu não morri. Não estou morta como todos vocês. Ainda sou uma mísera humana. O... O meu corpo não vai aguentar a alma do Rei Demônio e a minha...

Shizuna ergueu sua blusa nas costas. Em seu quadril, havia uma linha preta pequena.

- O meu corpo vai rachar de dentro para fora... E morrerá aos poucos até chegar o último dia de 499. No dia em que eu nasci, aqui irei morrer.

- Mas se a Morte te criou como uma filha, ele não deixaria isso te acontecer, não é? E... Seja lá quem for que está tentando te pegar, a Morte vai te proteger.

- Ele não pode... Eu o bloqueei de entrar em contato comigo e fugi de casa, do campo celestial dele. Foi quando eu apareci no Japão e logo em seguida, apareci em outro campo celestial totalmente branco. O que significa, que uma das Sete Mortes quer me pegar.

Shizuna cobriu sua boca com as mãos, impedindo um grito de dor de sair.

Um estrondo, como uma explosão, veio do bar. Morgana carregou Shizuna em suas costas e saíram para o corredor. Kalius estava ali com Heath também, então ambos desceram.

Entrando no bar, uma cena desagradável estava frente aos seus olhos. O local estava destruído.
Leonard estava na ponta de um espinho grande de ferro, atravessado em seu pescoço.
Loomis estava na parede, com um espinho maior atravessado no peito.
E o culpado disso, estava de costas para eles, segurando a cabeça decapitada de Katherine.

Sem reação, Kalius congelou diante aquela cena. Uma coruja com um recado para ele, entrou pela janela, e logo, uma lança a matou.
Morgana pegou o pedaço de papel e leu.

- Kalius... Aqui diz, que, sua mãe... Desapareceu do hospital.

- Ah, então aquela mulher bonitona que estava em estado vegetativo, e eu achei ser um bom alvo, era sua mãe? - perguntou o inimigo, arremessando a cabeça de Katherine pela janela. - Eu não poderia ficar nesse mundo sem poderes até encontrar... - ele se virou.

Ele encara, surpreso, Shizuna, então começou a gargalhar.

- Mas acho que já encontrei... Avier Isshyo, Shizuna.

- Avier... Isshyo... Torashi - ela respondeu, sem fôlego.

- É Rukasu, pra você, irmãzinha.

>>>>>>CONTINUA<<<<<<