— Senhora, o rastreador do Super Jato acabou de ser desativado, no mínimo a aeronave foi destruída ou uma onda magnética muito potente passou por ela. — Informava Mônica.
— Droga, droga, droga, Thálita! — Lácia batia o punho cerrado na mesa novamente, estava começando a machucar sua mão.
— Foi registrado um abalo sísmico súbito na região onde o Super Jato perdeu o sinal. Provável que seja a causa da perda.
— Mônica, situação das tropas militares ao redor da Cúpula? — Lácia ainda tinha prioridades, mesmo que sua filha pudesse não voltar, ela não tinha tempo para o luto.
— Em posição senhora, os municípios que receberam suas ordens já estão em postos para a defesa dos alienígenas caso eles passem as Cúpulas. Tanques, aeronaves, soldados com traje de combate avançado e soldados comuns já estão a postos como pode ver. — Mônica mostrava diversas imagens em telas holográficas, confirmando o que ela narrava.
[Mensagem urgente de Thálita]
Lácia olha para a notificação e sem pensar duas vezes, já clica na mesma. Uma tela holográfica se abre. Eram as imagens do alienígena que Thálita estava assistindo com a equipe no Jato. A mesma se assustava com o que via, mesmo ela esperando isso. Afinal, ela nunca tinha visto um deles de fato, e ele estava bem ali, em sua tela.
— Mônica, pegue meus remédios, se não, não vou ser capaz de continuar, ainda temos muitas coisas para fazer. — Dizia Lácia sentando na cadeira, ela estava tremendo. Um liso retângulo se levanta na mesa dela como um elevador, nele estava os remédios de Lácia.
— Vire o compartimento, vou usar a seringa, vai ser mais rápido. — Ordenava Lácia a Mônica. Então a parede dentro daquele pequeno retângulo vira como a porta de uma passagem secreta, deixando agora visível, o lado da seringa, que ela solicitava.
Lácia injetava em sua veia enquanto fazia uma expressão de dor. Mas nem isso a fazia dar uma pausa.
— Mônica, prepare todas as bases subterrâneas de segurança, onde as pessoas estão, para saída imediata se necessário, em direção as bases militares mais distantes, já alertei os soldados nelas para a recepção se necessário, se não conseguirmos impedir esses caras com a defesa das Cúpulas e nossa força militar, pelo menos vamos ganhar uns dias para nos organizar e preparar um contra-ataque. — Dizia Lácia determinada. — Eu me recuso a deixar minha raça ser extinta. — Ela afiava os olhos.
— Certo senhora, estarão de prontidão em doze minutos, as cinquenta bases subterrâneas, das cinquenta cidades dentro da Cúpula.
— E quanto ao número de pessoas de fora, quantas conseguiram chegar a Cúpula em segurança?
— Dentre as cidades costeiras e rurais de fora da Cúpula, apenas vinte e três porcento conseguiram alcançar a Cúpula, o restante morreu nas destruições que houveram por conta do terremoto, que foi muito mais poderoso fora da Cúpula, além das mortes por conta das fugas desorganizadas, informa os bombeiros locais.
— Droga! — Lácia pressionava a seringa um pouco mais fundo que o necessário, começava a sair sangue.
— Mas não foi por culpa de suas ações, senhora Lácia. Quando as ordens de reação ao terremoto e proteção ao portal chegaram, a cidade já se encontrava em desespero.
— É... mas mesmo assim, Mônica... — Suspirava Lácia vedando a região de seu braço onde aplicou a seringa.
Ela encostava seus braços na mesa, os levava a sua cabeça e apertava seus cabelos. Lácia estava muito preocupada com tudo.
...
Triângulo das Bermudas
O mar já estava inquieto pela presença do portal em todo o mundo. Na região onde Thálita havia pedido uma análise estava mais ainda. Nesse momento, algo gigantesco com escamas vermelhas reluzentes, era possível ser visto mergulhando quase que fora da água, estava bem perto da superfície. Duas luzes amareladas brilhavam debaixo d'água.
...
— Argh... — Gape tentava levantar com muito esforço e cuspindo um pouco de água. — Isso é... merda! — Dizia ele olhando para seu braço esquerdo que tinha um estilhaço de ferro o atravessando, estava sangrando. Gape estava sentindo muita dor, seu corpo todo estava machucado, nem conseguia abrir os dois olhos.
— Areia?... — Ele pensava alto enquanto pegava um pouco de areia da região costeira em sua mão. A água do mar batia em seus pés. Ele olhava para todos os lados. — Aquele bicho realmente conseguiu nos jogar para a costa só com um vento? Que se dane, eu tenho que achar a Thálita e o pessoal. — Ele tenta levantar do chão e com muito esforço, tremendo, ele consegue.
Gape fita Thálita desacordada junto da equipe de pesquisa de Lácia, espalhados por alguns metros de distância um dos outros. Ele vê um pedaço de ferro, da mesma aparência do que estava em seu braço, cravado na areia, um pouco abaixo da ondulação do chão, tinha no mínimo um metro e meio, ele arregalava os olhos, serrava os dentes. Ele tenta correr, mas vê que não é possível pela condição das suas pernas, e permanece andando o mais rápido que pode para alcançar eles.
— Thálita, Thálita, meu bem, responde! — Dizia Gape de joelhos ao lado de Thálita, a balançando com sua mão direita. Ele olhava o corpo dela e não encontrava nenhum ferimento grave, apenas machucados leves.
Thálita piscava os olhos.
— Nossa... Aii! Que dor... — Exclamava ela reagindo ao contato de Gape.
— Acredite, tá melhor que eu. Ele a ajudava a sentar.
— Olha essa merda... eu tô vendo os grãos de areia... — Ela virava um pouco a cabeça para o lado de Gape e vê a textura microscópica do ferro e do sangue que escorria do braço dele. — Gapear! Você tá sangrando...
— Relaxa, o ferro atravessou então não tá vazando muito, vamos, temos que ver o Kirby, a Vamira e a Jackes.
— Mônica. — Chamava Thálita enquanto clicava na sua pulseira.
— S-Sim, sen-senhorita? — Respondia Mônica com interferência.
— Então a pulseira foi danificada também, claro, é claro que foi... — Dizia Thálita um pouco irritada. — Dá para materializar um óculos modelo mergulho? Qual a integridade das funções da pulseira?
— Todas as funções da pulseira estão com a integridade em sessenta e quatro porcento, sistema de materialização ainda funcionando. Materializando Óculos VEA modelo mergulho.
E a partir da pulseira materializa da tela holográfica que ela exibia, um óculos com alça que rodava a cabeça, para não cair em casos de mergulho e casos como esse, onde não se sabia se seria arremessado para longe por um alienígena.
— Bem melhor. — Dizia Thálita após colocar os óculos. — Estamos na costa? Aquilo conseguiu mandar a gente pra cá? Tipo, são mais de mil e quatrocentos quilômetros!
— Pois é, mas eu não duvido, são alienígenas, nosso conhecimento sobre eles são zero.
— E como estamos vivos? — Perguntava Thálita incrédula.
— É... temos que ter certeza da integridade de todos primeiro. — Gape se aproxima de Kirby, Thálita faz uma feição preocupada após a frase dele. — Veja os sinais vitais dele, Thálita.
— Batimentos cardíarcos fracos e regulares, água nos pulmões está atrapalhando a respiração. Reanimação urgente necessária. — Dizia Mônica após Thálita clicar na pulseira perto de Kirby.
— Pega a pulseira e vai ver a Vamira e a Jackes, eu reanimo o Kirby. — Pedia Thálita com pressa. Gape ia em direção das duas o mais rápido que podia, estavam alguns metros de Kirby.
— Vamira se encontra desacordada, não possui água nos pulmões, sua respiração não está comprometida, batimentos regulares, ferimentos leves e pulso direito quebrado. — Informava Mônica após examinar Vamira.
— Vamira, vamos, acorde! — Dizia Gape balançando Vamira.
— Gluorp! Cof! Cof! — Kirby rapidamente se levantava para vomitar a água que estava em seu pulmão, após Thálita reanimá-lo.
— Gapear... nossa, jogaram uma bigorna em cima de mim? E a Jackes? — Perguntava Vamira ainda deitada, de olhos fechados, segurando o braço de Gape, foi a primeira reação dela, antes mesmo de tentar se levantar.
Gape ficava em silêncio. Thálita fita a "reação" dele.
— Nossa, eu não... sabia que tinha engordado tanto assim... sua vagabunda... — Jackes falava baixo a uns dois metros dali. Com um grande pedaço de ferro fincado em seu torso. Ela sangrava muito, a maior parte já espalhada do sangue, já havia secado. A água do mar batia em seus pés.
— Jackes, não... não, não, não! — Levantava Vamira desesperada após ver Jackes, ela começava a correr. Kirby escutava a voz de Vamira e se levantava para ir em direção a Jackes também.
— Você já sabia, não é? Por que ficou quieto? — Perguntava Thálita a Gape chegando perto dele. Ele olhava para as duas.
— E eu ia contar como? Eu acordei e nem conseguia pensar direito e já vim atrás de você, encontramos o Kirby, a Vamira, tudo tão... rápido... que nem foi lá, Thálita. — Gape se virava para Thálita. — Só senti o impacto chegando, você bateu a cabeça e eu já te abracei por cima e enquanto eu fazia isso, a nave dilacerava, a Jackes já abraçava a Vamira também, e aí vinha um estilhaço e perfurava ela... eu só vi elas sendo jogadas primeiro, e logo após isso eu apaguei. Nem vi o Kirby.
— Ai, céus... — Thálita encostava a cabeça no ombro direito de Gape.
— É... agora você entende porque eu não consegui falar nada. E você já tá na mesma, não é? De não ter mais esperanças...
Thálita ficava em silêncio.
— Mônica, faça uma análise dos órgãos internos, e contate a senhora Lácia imediatamente, precisamos que venha um médico em um super jato também, para iniciar uma cirurgia de emergência! Já envie o relatório da nossa integridade atual, rápido! — Dizia Kirby exaltado, Vamira estava chorando de faltar ar com a boca aberta, mas não conseguia falar. Ela estava com uma mão no rosto de Jackes e a outra segurando a mão dela.
— Kirby... desencana... olha a nossa situação, vocês tem que sair daqui o mais rápido possível... — Dizia Jackes com a voz bem fraca.
— NÃO FALA! FICA... quieta... não se esforce! — Exclamava Vamira.
— Tabom... você eu obedeço... o motivo, de eu ter aguentado até agora, é só porque eu queria te ver uma última vez... Vamira... eu te amo tanto... — Jackes colocava a cabeça de Vamira com a dela, suas testas se encontravam, as lágrimas de Vamira caíam no rosto de Jackes.
— Kirby... Como está a Jackes? — Perguntava Lácia pela tela holográfica da pulseira de Kirby. Ele ficava em silêncio.
— Ela... ela.. ela... se foi... — Dizia Vamira com muito custo após os olhos de Jackes perderem o brilho e ela perder a vida. Vamira fechava os olhos dela.
— Vamira, eu lamento a perda, foi inesperada para todos nós, também não tem o que preenche esse vazio no meu peito neste momento... mas eu preciso que vocês sejam fortes, eu já mandei um super jato, um médico está a caminho, já tracei a rota, vocês vão para uma das bases da corporação onde eu estarei assim que terminar aqui. E a equipe do Brastos?
— Sem sinal aparente, nessa região somos só nós. — Dizia Thálita chegando perto de Kirby e Vamira, ajudando Gape a andar. — Vamira, vem cá. — Thálita abraçava Vamira, Gape fazia o mesmo com Kirby. A ligação com Lácia se encerrava.
— O que vai ser da gente daqui pra frente, Thálita? A gente percebeu o quão inúteis somos perante aquele monstro, não seremos capazes de fazer nada... não importa para onde formos... — Dizia Vamira numa voz baixa enquanto abraçava Thálita.
— Eu sinto o mesmo, Vamira, mas não importa, só não podemos nos render.
— Estão ali! Vamos, depressa! — Dizia um soldado de armadura, da equipe de Brastos, enquanto avisava seus companheiros, todos ativam os propulsores e avoam para perto dos quatro enlutados.
— Fico feliz que estejam bem, e me desculpe ser direto, mas e o Vice-comandante? O comandante? A missão deu certo? — Perguntava Gape ao ver a equipe pousando perto deles. Um soldado dentre todos, carregava o Mago desacordado nos braços.
— Resgatamos o Comandante com sucesso, o reanimamos assim que chegamos a costa. Porém perdemos o Vice-comandante Brastos assim que o alienígena nos chutou de lá, ele deu sua bolha de proteção a vocês, e graças a isso ele foi dilacerado, junto dos pilotos, que estavam fora do alcance da bolha, pelo poderoso vento que nos enviou para cá, só sobrevivemos graças as nossas bolhas, só nossas armaduras não teriam sido o suficiente para suportar o impacto não só do arremesso como também da queda. — Explicava um dos soldados. — Lamentamos profundamente a perda de vocês.
— Igualmente... bem, outro jato já está vindo, em alguns minutos deve estar aqui. — Dizia Thálita com a voz desanimada. Nenhum dos quatro ali estavam mais em choque, todos estavam com o semblante desolado, triste, que mais mortes não os afetavam, bem, talvez não naquele momento.
Algum tempo depois o Jato chegava freiando rapidamente causando um vento de areia. A porta traseira se abre, todos entravam o mais rápido que podiam. Kirby e Vamira levavam o corpo de Jackes num traje específico para o tal. A porta fechava, o jato partia em alta velocidade, em alguns minutos estariam na Cúpula novamente.
Todos estavam em silêncio em seus assentos, já haviam passado pelo médico. Mago estava ainda desacordado. Gape estava sendo tratado de seu ferimento. O silêncio perpetuou por vários minutos desde a partida do Jato. Até nesse momento.
— Senhorita Thálita, nossos satélites estão detectando movimentos do portal, em toda a sua imensa extensão, desde seu começo na antiga base setenta e dois, até seu fim numa região de Goglocko. — Dizia Mônica, quebrando o silêncio.
— Transmita. — Após Thálita dizer, aparecia uma tela holográfica para visão de todos.
— Por favor que a gente não seja arremessado de novo. — Pedia Kirby.
— Pronto, senhor Gapear. — Dizia o médico levantando de seu banco levando o estilhaço do braço de Gape em uma caixa.
— Obrigado, doutor. — Agradecia Gape com o braço enfaixado.
Comments (0)
See all