— Onde vocês estão? — Perguntava um homem de slim brilhoso. Barba enegrecida, feita. Estava sentado em um banco de carro em movimento, estava indo a algum lugar.
— Estamos indo para a base onde Lácia está indo. — Respondia o mesmo homem que estava a janela observando o portal, slim preto, cabelos longos. Ele também estava em um carro em movimento.
— As criaturas começaram a se mover, não sabemos o que vai acontecer daqui para frente, mas não imaginávamos que elas responderiam a invasão, nem que os abalos sísmicos do triângulo das Bermudas seriam elas se movendo. — Dizia o homem de barba enegrecida.
— Bem, ingenuidade sua pensar que elas não reagiriam, essas criaturas eram mais amigáveis aos humanos que o próprio cachorro. Elas sentiram que seus amigos estão em perigo e vão tentar salvá-los, aquele homem não conseguiu tirar esse desejo do código genético delas, você sabe disso. O problema é que era pra ser segredo de Estado. Agora os cidadãos terão conhecimento delas, e se nós usarmos elas como planejamos usar, poderá ser uma opressão violenta. Isso se conseguirmos usá-las.
— Sarchez, eu te liguei para você me dizer soluções, não o óbvio. A organização corre risco, se elas se afeiçoarem as pessoas, nosso controle poderá não fazer efeito.
— Bem, Jacob, não há o que fazer, o que nos resta é pensar em algo que possa contornar a facilidade afetiva que elas tem pela nossa raça.
...
Um evento não estava nas lembranças de Gape, ele sabia disso, ele estava vendo. Um grande flashe de luz passou entre os prédios como um tiro. Após passar, como se fosse o efeito de raio primeiro e o som do trovão depois, eclodiu um redemoinho de fogo. A base móvel tremia. O fogo se dissipa. Uma gigantesca serpente flamejante com escamas rubro reluzentes, surge. Seus oito olhos brilhavam como fogo.
— Como assim? — Gape pensava alto.
— O que foi essa oscilação, Gapear? — Perguntava Thálita se aproximando de Gape na janela.
— Thálita, os Flamêpodes não eram criaturas nativas de Neo Kosmo? E que não trouxeram nenhum dna para criá-los em laboratório porque, a Terra não seria habitável para eles? — Perguntava Gape incrédulo assistindo a serpente do tamanho dos prédios exalando fogo como se fosse parte dela, o que era.
— É... exatamente isso... por que diabos tem um Flamêpode aqui na metrópole? — Rebatia Thálita, também incrédula vendo o mesmo que Gape. — O material que cerca a Cúpula realmente não resistiu... — Acrescenta vendo que a Cúpula estava sem seu "vidro" de defesa, estava todo destrído, completamente aberta e vulnerável.
...
Os alienígenas, criaturas humanóides, grandes, no mínimo uns três metros de altura o mais baixo, de braços longos, com braceletes de ferro, era um padrão dentre esses deste tamanho. Bocas que ficavam fechadas mas quando abertas, mostrava os horrendos dentes serrilhados e finos, inúmeros deles. Usavam crânios na cabeça, possuíam dedos nas mãos assim como os humanos, mas possuíam um a mais e eram muito mais tortos que os deles. Mãos essas que levavam lanças e armas. Eram magrelos. Pele esverdeada em sua grande maioria, havia alguns de pele avermelhada. Eles devastavam Sagnara. As naves no céu não cessavam fogo, prédios caíam um do lado do outro, as tropas avançavam, eles fincavam suas lanças na primeira criatura que se mexia em sua frente, não hesitavam em gastar todo o pente das estranhas armas que carregavam. As ruas estavam um verdadeiro mar de sangue, víceras, estômagos, pulmões, corações, braços, pernas, mãos, cabeças, não importava se era criança ou adulto, eles não hesitavam em nenhum momento.
— Filho! — Gritava uma mãe entrando na frente de seu filho, uma criança parada, que estava tão assustada que não conseguia se mexer. Havia um alienígena pronto para destroçar a criança.
Desta vez não aconteceu o mesmo que aconteceu com os cadáveres dilacerados pelo chão. O alienígena pegou a mulher pela cintura, com sua imensa mão, a levantou na altura da sua cabeça. Outro alienígena passava do lado desse.
— Veja, eu sinto os hormônios, essas são as fêmeas deles, e nós matamos um monte, já... — Dizia o alienígena segurando a mulher, em uma língua estranha ao outro alienígena.
— Faça, é assim que as coisas são, mas não consigo pensar num híbrido poderoso com essa raça. — Respondia o outro alienígena na mesma língua.
— Bem, a forma de reprodução deles é curiosa...
A criança que estava parada em pé, sem reação. Agora caía no chão, suas pernas, não, na verdade, seu corpo inteiro já não tinha mais forças para reagir depois de ver aquilo. O outro alienígena se aproxima e esmaga sua cabeça, a última visão da criança foi ver a mãe sendo estuprada.
...
Ao mesmo tempo na Cúpula de Goglocko — Metrópole de Goglocko.
Uma espécie de salamandra com características de tubarão e baleia, era possível ser vista perto dos grandes prédios da metrópole dos quais ela superava em tamanho com folga. Suas escamas azuis e douradas reluziam na luz da lua. Ela estava parada e mexendo a cabeça assim como a serpente em Sagnara. Os alienígenas ignoravam ela por algum motivo, talvez não a considerasse uma ameaça. O mesmo horror que acontecia em Sagnara, também acontecia em Goglocko.
— Por que diabos tem um Aquópode aqui? — Questionava um homem alto de terno, cabelos loiros, branco, olhos verdes. Um dos três conselheiros do Conselho de Goglocko. Ele estava olhando pela janela de seu Jato, de pé, em frente ao seu assento. O Jato estava deixando a Cúpula.
— Uma hora isso ia acontecer, você sabe, Juko, mas não te julgo, eu também não esperava que fosse de fato acontecer. — Rebatia um homem negro, cabelos negros volumosos, barba feita, olhos azuis. Também de terno, tronco largo. Também conselheiro do Conselho de Goglocko. Estava sentado do lado do homem de cabelos loiros, que aparentemente se chamava Juko.
— O Jacob tem razão, esses bichos não iam ficar em segredo para sempre. — Acrescentava o último conselheiro, um homem alto de cabelos negros e lisos, as pontas eram coloridas em azul, olhos escurecidos. Trajado da mesma forma que os outros dois. Magro. Estava sentado de frente os dois, o esquema eram dois assentos de frente com dois assentos.
— É, realmente, não com alienígenas invadindo o planeta. Bem, eles fizeram o mesmo por nós em Neo Kosmo. — Dizia Juko.
...
Ao mesmo tempo na Cúpula de Epanastatio — Metrópole de Epanastatio.
Assim como em Sagnara surgiu a serpente Flamêpode, em Goglocko surgiu a salamandra Aquópode, em Epanastatio surgiu um crocodilo com características de um tubarão, igualmente grande como as outras duas criaturas, por algum motivo eles estavam ali nas Cúpulas, e os membros do Conselho de cada Cúpula, aparentemente sabiam esse motivo. A criatura estava agindo da mesma forma que as outras duas, mexendo a cabeça para os lados, como se tivessem estudando a situação, assim como Thálita disse.
— Doutor Skurt, aquilo não é um Aquópode da espécie 'Crocodailus'? — Dizia Jhonny enquanto corria ao lado de Skurt, pelas ruas junto com as pessoas.
— É, e acredite, estou na mesma, não faço a mínima idéia de porque tem um desse aqui. — Respondia Skurt.— Venham, venham por aqui, esses monstros já estão logo ali, temos que ir para as bases de segurança! — Gritava Skurt para algumas pessoas atrás dele.
— Jhonnie, ligue para a doutora Lácia! — Pedia Jhonny enquanto corria, mirando a pulseira em sua boca.
— Jhonny! Como tá a situação aí? — Uma tela holográfica surgia da pulseira, Lácia já perguntava de imediato.
— Estamos correndo dos monstros, muitas pessoas estão morrendo do nosso lado! Estamos indo para as bases de segurança do governo e as poucas que a corporação tem aqui em Epanastatio! Doutora, aqui começou tarde demais, em Goglocko, a maioria dos cidadãos já estão a salvo. Como está aí em Sagnara? E, ah! Tem um Aquópode aqui, por algum motivo! — Jhonny estava ofegante
— Sério, o que está havendo? Aqui tem um Flamêpode! — Respondia Lácia. — Cara, isso não tá fazendo sentido...
— Caraca! De fato, doutora! — Exclamava Jhonny.
— Bem, quanto as vidas salvas, não pude fazer muito, comecei o mais rápido que eu pude, porém quanto mais eu ando pela cidade, mais eu vejo um mar de sangue, vidas que eu não consegui salvar...
— Transfere. — Skurt fazia o gesto com dedo indicador da pulseira de Jhonny para a sua. A tela holográfica vem para ela. — Lácia, esquece isso, você fez um ótimo trabalho, não é culpa sua, você com todas certeza dentre as três Cúpulas foi a que desempenhou um bom serviço e com uma resposta boa, sei que ainda tá cedo para parabéns, mas, foco, não desanime. — Motivava Skurt.
Lácia do outro lado, por um momento, faz silêncio, era a primeira vez que ela estava falando com ele desde que tudo isso começou.
— Obrigada, Skurt, é bom ouvir sua voz. — As palavras dele a confortou.
— Ali, uma passagem! — Exclamava Jhonny.
— Se cuida, Lácia, cuida da Thálita, eu te amo. — Skurt desligava a chamada
— Eu também te amo... — Dizia Lácia, baixo, após Skurt desligar a chamada.
...
Um flashe de luz como um tiro saí de Epanastatio para Sagnara.
"O complicado é que nós vamos matar eles também, não?"
O flashe faz o caminho de volta.
"Aqui está diminuindo bastante, eles conseguiram se organizar bem, estou contente..."
O flashe saí de Epanastatio para Goglocko.
"Aqui também está bem controlado, em breve poderei agir sem medir esforços. O que me pesa, é que deixei muitos morrerem ainda."
O flashe se conecta ao mesmo tempo nos três lugares.
"Protejam os humanos, o máximo que der!"
...
Cúpula de Sagnara
A serpente flamejante de repente expele uma imensa quantidade de fogo. Ela desaparece. De repente, pelas naves, o flashe de luz passa como um raio. Elas explodem. A serpente surge nos céus, voando.
— Merda! Eu falei que aquela criatura era uma ameaça! Inferno! — Dizia um dos alienígenas, em sua língua estranha, olhando as naves caindo do céu. Do chão.
...
— Avise as tropas para não mudar os alvos, continuem o extermínio dos humanos, eu lido com isso. — Dizia o monarca levantando de seu trono. Em sua língua estranha.
— Mas, meu rei, não precisa se incomodar, o senhor só veio olhar nossas tropas em ação, pode ficar tranquilo. — Dizia o criado.
— É, eu sei, os soldados de elite provavelmente dariam conta tranquilamente, mas eu quero evitar problemas, e se eu sei, que se eu agir, eu vou evitar com certeza, eu irei agir. — Rebatia o monarca. O criado ficava em silêncio. — De qualquer forma, vamos colocar os extratores em breve.
...
Cúpula de Epanastatio
O crocodilo simplesmente some. Reaparece por cima das naves. Aquilo era sua monstruosa velocidade, mesmo para seu tamanho. Começa a destroçá-las com suas garras. Ele sumia e aparecia em cima de cada uma. E a cada vez que ele sumia e aparecia novamente, uma nave caía. Uma das naves tenta um tiro a laser direto. O tiro vem bem em cheio ao crocodilo. Ele olha diretamente para o tiro, não acontece nada, o tiro não surte efeito. O crocodilo poderia não ter um poder de fogo como a serpente. Mas ele tinha uma poderosa carapaça, sabe se lá o que poderia quebrar aquilo. Sua resistência era fenomenal.
— Nossos transportes continuam caindo, somente porque ele está mordendo eles? Dividam-se soldados, quero uma linha de frente direta contra aquela coisa e a outra continua fazendo o que viemos fazer aqui! — Dizia um alienígena aos demais, ele parecia ser uma espécie de líder.
Subitamente o crocodilo avista inúmeros insetos, na sua concepção, pelo tamanho que possuía, brotando de dentro das naves e indo em sua direção. Ele não hesita, numa velocidade monstruosa, ele some, levando aquela nave para o chão, reaparece por cima dos alienígenas que estavam indo atrás dele, são destroçados, a nave que estavam, é partida ao meio.
O mesmo alienígena que deu as ordens aos demais, olha o que havia acabado de acontecer.
"Cada líder de tropa se una aos seus iguais e montem esquadrões para deter as criaturas em sua respectiva esfera, não estava nos estudos que essas criaturas poderiam viver nesse planeta", o alienígena tira sua mão de seu ouvido, acabava de receber ordens.
— Que raça maldita! Nunca passamos tamanha humilhação! — Reagia ele, com raiva.
...
Cúpula de Goglocko
A salamandra da mesma maneira que o crocodilo, sumia e aparecia destroçando as naves, aparentavam ser parentes distantes, na mesma família. Em Goglocko, as tropas alienígenas já estavam em alerta. Mas não serviam de nada, a salamandra majestosamente massacrava os soldados, no meio de uma invasão onde os humanos se encontravam impotentes, aquelas criaturas se sobressaíam. Sua pele era extremamente venenosa quando queria, o que não afetava muito os alienígenas, que possuíam grande resistência. Porém ela tinha um mecanismo de defesa, como se fosse o peixe baiacu, ela transformava sua pele em uma casca espinhosa e resistente.
Os soldados alienígenas de elite estavam agrupados no chão, no meio de uma rua olhando para a salamandra destruindo as naves. No meio do caos que haviam causado na cidade, com destroços, sangue e fogo para todo lado.
— Aquilo esperou os humanos fugirem para começar a agir. — Dizia um alienígena de pele vermelha segurando uma lança maior que ele.
— Exatamente, eu avisei que devíamos ter deixado tropas para pelo menos atrasar essa coisa. — Acrescentava outro de pele esverdeada, esse segurava uma espécie de arma, mas era muito diferente das comuns humanas, possuía um design arcaico e diferente.
— Que se dane, é só nós darmos cabo e pronto. — Dizia um com tom de desinteresse, tinha pele esverdeada também, carregava duas espadas.
— Aquilo é rápido, até para nós. — Acrescentava outro sentado.
— Ah, qual é Salátanos? Não está com medo, está? — Respondia o alienígena que estava com duas espadas ao que estava sentado, seu nome aparentemente era Salátanos.
— Precaução, somos os seres mais fortes do universo, como também somos os mais inteligentes, e agir sem pensar seria burrice. — Respondia Salátanos.
As naves continuavam caindo em chamas, soldados alienígenas de baixo escalão, que tentavam impedir a salamandra, eram destroçados um atrás do outro.
...
Cúpula de Sagnara.
A base móvel que levava Gape e seus companheiros, juntamente com os cidadãos que conseguiram se abrigar na mesma, havia já encontrado uma passagem para os túneis subterrâneos, estavam indo em direção a uma base militar.
— Eu realmente não sei o que pensar, meus pressentimentos estavam certos, mas o Levi já sabia de tudo. Os alienígenas massacraram boa parte da população humana, estamos correndo risco de extinção. E tem um Flamêpode aqui em Sagnara, um Aquópode em Epanastatio e não deveria ter! A Terra não era para ser habitável para eles que são nativos de Neo Kosmo. — Dizia Lácia pensando alto encostada na parede do lado do corredor que levava as demais partes da base.
— O conselho esconde muitas coisas, essas criaturas são apenas algumas delas. — Dizia o Mago, se intrometendo no pensamento de Lácia. Ele estava todo enfaixado, andando manco pelo ferimento na coxa.
— Você não consegue simplesmente descansar como alguém normal, não é? — Respondia Lácia.
— "Viva cada momento", é o lema, não? — Dizia ele em tom de sarcasmo.
Lácia ria.
— Fico feliz que esteja bem.
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