Devidamente alimentados e mais que ansiosos para o festiva os trigêmeos seguem à entrada da casa onde num cabideiro suas capas de viagem repousavam a espera de seus donos, três capas, num tom escuro e brilhante de verde que facilitava a camuflagem entre as árvores.
As capas eram ainda presas por um broche com o brasão de uma rosa branca envolta em um símbolo com três espirais e uma runa para cada uma delas representando os três deuses de Mérion, o símbolo da capital dos reinos magos de Mérion, Mirandir.
Ambos, Rox e Lilla, eram cavaleiro reais, enquanto Aglia trabalhava no boticário da cidade que frequentemente fornecia suprimentos mágicos e poções aos curandeiros do castelo.
Estavam prestes a sair quando Delfin chama a atenção dos três.
— Deveriam deixar seus broches em casa. Sabem bem o que penso sobre os perderem.
Os irmãos se surpreendem, pois em uma ação involuntária haviam prendido às capas seus broches de Alys. Um presente de seus pais, feitos com botões de Alys. Uma flor extremamente rara nomeada em homenagem a deusa do amor, quem as criou.
Sua raridade vem do fato de que qualquer Alys criadas por magia não possuí poder algum, somado ao fato de que são poucos os lugares em que essa flor se desenvolve.
Cada um dos irmãos possuía seu botão com uma cor diferente da flor, Rox a Alys azul, conhecida como a sedutora, um ímã a magia, Lilla a laranja, inofensiva a magos e elementais, mas um veneno mortal para oráculos e deuses, e Aglia a rosa, o mais poderoso dos antídotos, a contraparte da Alys Laranja.
Eles trocam os broches e Lilla tranca o pequeno porta joias com um aceno como o girar de uma chave. O silêncio paira por alguns momentos entre os quatro magos.
— Você é especialmente habilidosa com magias de proteção Lilla. — Diz Rox quebrando o silêncio. — Sempre me surpreende com a sua facilidade.
— Obrigada. Aposto que seja o meu lado de magia da luz.
Devidamente preparados os irmãos dirigem-se aos estábulos ao lado da casa onde quatro cavalos os aguardavam.
Pars, Luxon e Luma, três irmãos assim como seus donos que os resgataram ainda filhotes de um lobo bestial com a ajuda de um unicórnio misterioso. E Abella, a égua de Delfin, branca como a pura luz do sol exceto por uma estrela cinzenta de seis pontas em sua face.
Rox monta em Luxon, um alazão negro com uma pequena meia lua branca em sua cabeça, enquanto Lilla e Aglia ainda alimentavam Luma e Pars.
— Pode descer daí Rox! — Exclama Lilla irritada, os olhos azul-gelo escuros. — Você não pode sair assim, sem cuidar do seu cavalo antes!
Aglia observa ambos divertida, Lilla e Rox eram completos opostos e por isso viviam brigando por coisas pequenas, nenhuma briga era séria, tornavam-se mais implicações por parte de Lilla, já que Rox possuía uma paciência invejável ao passo que Lilla se irritava facilmente.
— Me desculpe Lilla. Não deveria ter negligenciado os cuidados de Luxon próximo a uma Fauna.
— É bom se desculpar mesmo! — Lilla encara Rox no fundo de seus olhos e, com seu dom, tenta resgatar alguma lembrança ruim para puni-lo.
— Irmã. Pode me emprestar a escova? — Interrompe Aglia ciente das táticas da gêmea mais nova. Por vezes, Lilla tornava-se extremamente cruel quando irritada, com se todo seu amor desaparecesse.
Lilla desvia o olhar de Rox ao perceber que parara em meio a ação escovava Luma, castanha com manchas brancas e patas pretas.
“Obrigado.” Agradece Rox por telepatia, já afetado por algumas lembranças que Lilla encontrara.
Aglia sorri ternamente voltando sua atenção a Pars, uma égua marrom alaranjada com patas castanho-escuros. Delfin apenas os observava pronta para intervir.
— Divirtam-se e não se esqueçam de nosso treinamento a noite. — Anuncia a guardiã enquanto os gêmeos deixavam os estábulos, seu vestido ciano perfeitamente alinhado como de costume a fazia parecer a incorporação de seu elemento.
— Treinamento? — Lilla puxa as rédeas de Luma surpresa.
— Sim, ou já esqueceram do que combinamos? Precisam melhorar suas habilidades de combate às cegas.
— Voltaremos antes do anoitecer.
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