Lyle então abriu aquela porta com o coração acelerado e seus olhos nem piscavam de tensão, ao abrir ele viu tudo como antes, seus livros enfileirados na estante, a cama bagunçada, suas pinturas do mundo humano e a unica coisa que ele nunca poderia esquecer, o sentimento de paz que aquele lugar o trazia.
— Eles realmente não mexeram em nada. — disse lyle com um sorriso. — até mesmo a cama desarrumada.
Lyle se deitou na cama com um braço em sua testa olhando para o teto.
— A quanto tempo não venho aqui? — disse Lyle com um sussurro
Enquanto isso Azel e a Virtudes seguiam por aqueles enormes corredores brancos com lindos adornos.
— Ei moça
Uma das crianças se aproximou de Azel, seus cabelos eram negros mas seus olhos eram como um cristal.
— O que foi meu pequeno anjo? — respondeu azel se abaixando
— Você é a namorada do Lyle?
— O-o que? — eu não namoraria aquele cara frio. — respondeu Azel emburrada
As três crianças trocaram olhares com um rosto confuso.
— Mas o Lyle não é frio, ele sempre cuidou da gente.
— Qual o nome de vocês?
— Eu sou a fé
— Eu sou a esperança
— Eu sou a caridade
— Mas você pode no chamar de Rilia, Lilia e Gilia — responderam em coro
Azel se segurou para não abraça-las ao ver aquela fofura mas seu rosto a denunciava.
— A senhorita está bem? — perguntou Rilia
— Hum hum. — tossiu Azel. — que tal cuidarem um pouco dele?
— Cuidar dele? — respondeu Gilia
— Desde ontem que ele não come, que tal prepararem algo para ele?
— Certo, nós iremos! — exclamou as três
As três crianças saíram correndo pelo corredor com sorrisos no rosto.
— Certo Joana, vamos continuar a conversa de ontem.
— O que você é senhorita Azel? Uma fofoqueira? — respondeu Joana com uma voz de deboche
— Você tem a língua bem afiada pra alguém com uma postura tão certinha.
— Você quer brigar? — respondeu Joana
Ao olhar bem para o rosto de Azel, Joana percebeu um semblante sério misturado de preocupação.
— Por favor, me conte mais sobre o passado dele.
— Aah, parece que não tem jeito. — exclamou Joana com mexendo no cabelo.— Vamos ao jardim.
Ao chegarem no Jardim Azel parou finalmente para reparar no lugar, era um vasto campo verde com anjos deitados nas sombras das arvores, uma brisa leve mas o clima continuava perfeito, aquele lugar transpassava uma sensação de aconchego.
— Aqui é realmente muito bonito. — disse azel olhando ao redor
— Vamos nos sentar ali.
Elas caminharam até uma grande arvore com uma sombra enorme e se sentaram ali.
— O que deseja saber?
— por que ele saiu de um lugar assim?
— Não sei
— Por que ele não voltou antes?
— Não sei
— O que diabos você sabe? — gritou Azel
Joana respirou fundo e chamou uma empregada que estava de passagem com chá para servi-las.
— Aqui está senhorita D'ark. — disse a empregada se curvando
— Obrigado. — respondeu Joana com um tom doce. — Enfim Azel vou lhe contar o que sei.
— Certo. — respondeu Azel cruzando as pernas como borboleta
Joana se apoiou no tronco da arvore com um rosto pensativo.
— Ele era muito sorridente e era como um irmão mais velho para as virtudes.
— Então é por isso que aquelas crianças gostam tanto dele. — disse Azel colocando uma mão no queixo.
— Nós eramos bem próximos, mas de repente ele começou a se afastar de todos.
Azel não era a pessoa mais sensível mas ela percebia que a cada palavra Joana tinha um semblante cada vez mais triste.
— Alguns dias depois eu já não o reconhecia, ele já não brincava mais com as virtudes.
— Ei joana não precisa... — mas foi interrompida por Joana.
— Até que naquela noite.
— Naquela noite? — disse Azel com um rosto confuso.
Nas lembranças de Joana, Joana e Lyle estavam no salão de entrada do castelo, a unica iluminação que havia era a luz da lua que ao entrar pelas janelas refletiam nos lustres presos ao teto.
— Por que você anda tão distante? As pequenas sentem sua falta sabia? — disse Joana com um tom triste.
Apesar das palavras Lyle continuou a andar até passar por Joana.
— Elas me perguntão todo dia por que vocês as olha com frieza! — gritou Joana pegando Lyle pelo braço.
A voz de Joana ecoou por todo aquele gigante castelo.
— Não sou forte o bastante para lutar, esse é o único meio de protegê-las. — respondeu Lyle afastante a mão de Joana. — Me desculpe Joana partirei amanhã.
Azel rapidamente abraçou Joana que apesar do semblante sério lagrimas já desciam pelo seu rosto.
— Já basta Joana, você já me disse o bastante. — disse Azel a colocando em seu peito
— Sniff sniff...Todos os dias elas me perguntavam se ele iria voltar, perdi as contas de quantas vezes chorei a noite por me sentir incapaz. — respondeu Joana soluçando.
— Não se preocupe. — respondeu Azel fazendo cafuné em Joana
— E-Eu n-não fui capaz de fazê-lo ficar ou de suprir sua falta...
Joana finalmente havia desmoronado, ela continuou a chorar nos braços de Azel por horas naquela tarde. Se sentia fraca e impotente porém também se sentia aliviada a cada lagrima que descia. Havia tirado seu maior peso das costas.
Enquanto isso na cozinha...
— Finalmente terminamos. — disse Lilia coberta de farinha.
— A irmã Joana vai brigar com a gente por gastar tantos ingredientes. — respondeu Rilia.
— vinte tentativas e só conseguimos sete biscoitos. — disse Gilia
— Vamos, entregá-los. — respondeu Lilia
As três saíram correndo pelos corredores com os biscoitos em uma bandeja até se depararem com a virtude da prudência.
— Olá pequenas aonde vão? — disse prudência com um sorriso no rosto. — A tempos não as vejo tão felizes.
— O Lyle voltou! — respondeu as três em coro.
— C-como? Quem o chamou aqui?
— Não sabemos mas ele veio com uma moça muito bonita.
Prudência coçou a cabeça como se estivesse preocupado com algo.
— Uma moça bonita? Entendo garotas, até uma outra hora.
— Nos vemos depois senhor Caituz.
As três continuaram em direção ao quarto de Lyle mas Caituz parecia preocupado com aquela noticia.
— O senhor Caituz não parecia diferente? — disse Gilia
— Ele me da medo as vezes. — respondeu Rilia
— Chegamos! — exclamou Lilia
As três viam uma barreira invisível que as causava algum tipo de tensão mas nada mais era do que...
— Você bate Gilia — disse Lilia
— E-eu não, p-por que você não bate?
— B-bom é por que você é a mais nova.
— E o que isso tem haver.
No meio dessa briga as duas não perceberam mas Rilia já estava batendo na porta.
— Lyle você ta acordado? — exclamou Rilia
— E-ei o que você fez? — exclamou Gilia e Lilia
— Eu bati, agora é vocês que falam.
— Ei ei, nós não concordamos com...
Antes que pudessem terminar a frase Lyle abriu a porta com o cabelo bagunçado e cara de sono.
— Olá garotas, aconteceu algo? — disse Lyle arrumando o cabelo
— N-nós trouxemos biscoitos. — responderam em coro
— Obrigado, vocês querem entrar?
— Na verdades temos um pedido. — disse Gilia
— Um pedido? E qual seria? — respondeu Lyle confuso
No mesmo momento vinha de uma das empregadas com roupas nas mãos.
— Olá mestre Lyle, o senhor Gabriel me pediu para lhe entregar essas roupas. — disse a empregada.
— Desculpe o incômodo, obrigado por trazê-las. — respondeu Lyle pegando as roupas.
— Lyle nós queremos brincar - disse as três emburradas.
— O-o quê? Certo, só esperem eu me trocar ok?
— Tá!
Gabriel sabia bem os gostos de Lyle para roupas então lhe mandou uma camisa e um short com caveiras desenhadas. Lyle rapidamente se trocou e foi de encontro as garotas que esperavam sentadas no chão em frente a porta.
— Vamos? — disse Lyle com um sorriso no rosto.
— Sim! Vamos brincar no jardim! — disse Rilia
Lyle seguiu na frente e as garotas atrás sussurrando baixinho uma com a outra.
— Ele cresceu. — sussurrou Gilia
— Ele me parece forte. — respondeu Lilia
— E ele não parece distante como naquela época. — disse Rilia
— Ele voltou a ser o nosso irmão. — disseram as três.
Após alguns minutos andando eles finalmente chegaram no jardim.
— E aí do que vocês querem brincar?
— Pega-pega, tá com você Lyle. — disse Lilia correndo sendo seguida por Gilia e Rilia
— Por que é sempre eu? — disse Lyle mexendo no cabelo. — parece que não tem jeito... lá vou eu!
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